Estudantes das unidades do SESI de Vila Canaã e do Jardim Planalto desenvolveram projetos de acessibilidade e de desenvolvimento urbano para a competição nacional, que ocorrerá em São Paulo, em março
Goiânia
já é reconhecida por ser celeiro de grandes projetos de robótica. Em
2019, a equipe do SESI Canaã foi a grande vencedora do Torneio de
Robótica FIRST LEGO League (FLL), a maior competição do mundo de
robótica. Para 2020, os alunos da capital goiana tiveram que dedicar o
tempo para achar soluções inovadoras que transformem as cidades em
espaços mais inteligentes, a pedido do tema desta edição: batizada de
City Shaper. Isso dá aos estudantes o poder de ajudar a construir
espaços cada vez melhores.
O Torneio de Robótica FLL reunirá 100 equipes formadas por estudantes
de 9 a 16 anos, de escolas públicas e particulares. A ideia é promover
disciplinas como ciências, engenharia e matemática, em sala de aula, de
forma lúdica. A etapa nacional que os alunos de Goiânia irão participar
será em São Paulo, entre os dias 3 e 6 de março.
Conheça alguns dos projetos selecionados em Goiânia:
Piso especial para cegos
É do SESI Canaã que sairá um projeto que pretende ressignificar o
piso tátil. Alunos da equipe “LIFE” criaram quatro novos modelos de
piso, inclusive, para áreas internas, feitos de material adesivo e com
velcro. Os pisos são para orientação de faixa de pedestre, de semáforos,
de descidas e subidas de calçadas. A intenção é ampliar os locais de
acesso dos deficientes visuais com segurança.
Segundo o mentor do grupo, o aluno João Vítor dos Santos Soudré, 15
anos, o projeto saiu da necessidade dos deficientes visuais, que estão
em maior grupo no país. “Um aluno falou que gostava muito de ir ao
cinema, ouvir os filmes, mas não ia porque, no shopping, é difícil ter
piso tátil. Dentro do cinema não tem e para ir sozinho é difícil, sempre
precisa de companhia e, quando não tem, não vai. Aí a gente foi e
falou: temos que resolver isso”, conta o estudante.
João Vítor e os colegas de equipe terão um exemplo bom para mirar,
que é o resultado da equipe Gametech, em 2019. A equipe venceu o maior
prêmio do Torneio de Robótica FLL, com o projeto de um chiclete de pimenta para ajudar astronautas a sentirem o gosto dos alimentos, quando estão em viagem espacial.
Para o técnico da equipe LIFE, José Nazaré Barros Junior, o modelo de
educação baseado no desenvolvimento de projetos e soluções para a
sociedade deve ser seguido no restante do país, em todas as unidades de
ensino. “É o modelo que dá certo. A educação tinha que ser repensada e
parecida com o que fazemos aqui, na robótica, onde se desenvolve
projetos o tempo inteiro que prepara os alunos para a vida e o futuro,
não só em termos de qualidade profissional, mas também de caráter, que é
algo que a gente sente muita falta, hoje, no mercado”, pondera o
orientador.
Proteção para motociclistas
Proteção para motociclistas
Alunos do SESI Planalto decidiram criar algo para dar mais segurança
aos motociclistas da capital. Ao perceberem que muitos paravam de forma
irregular embaixo de viadutos e ao longo das pistas na hora da chuva, os
alunos pensaram em desenvolver um abrigo.
Com a ajuda da tecnologia, inovaram e criaram um feito de bambu e de tijolo e telha sustentáveis, o Recurso de Segurança para Motociclista (RSM). O material deixa a estrutura seis vezes mais resistente e não prejudica o meio ambiente por não precisar da combustão da madeira.
Com a ajuda da tecnologia, inovaram e criaram um feito de bambu e de tijolo e telha sustentáveis, o Recurso de Segurança para Motociclista (RSM). O material deixa a estrutura seis vezes mais resistente e não prejudica o meio ambiente por não precisar da combustão da madeira.
Uma das integrantes da equipe “LJ Origens”, Mariane Mamede Vaz dos
Reis, 12 anos, conta que a estrutura terá 22,5 metros de comprimento;
2,5 metros de altura e 5,3 metros de largura, um tamanho que permitirá
que 15 motos parem ao mesmo tempo.
“Mesmo que esse projeto não nos dê algum prêmio no torneio, a gente sente que está ajudando a sociedade, a melhorar nossa cidade e a preservar a vida dos motociclistas, que é o mais importante”, observa Mariane.
“Mesmo que esse projeto não nos dê algum prêmio no torneio, a gente sente que está ajudando a sociedade, a melhorar nossa cidade e a preservar a vida dos motociclistas, que é o mais importante”, observa Mariane.
Limpeza com laranja
Subir nas árvores de jamelão para comer os frutos ou colher os que já
estão caídos no chão é algo que faz parte – ou já fez – da vida de
muitas pessoas que gostam da frutinha. Em Goiânia, são cerca de 3,5 mil
árvores do tipo. Mas elas têm oferecido mais do que sombra e sabor:
perigo na época de chuva. O fruto que cai no chão solta uma gordura
quando entra em contato com a água e deixa as vias escorregadias.
Os alunos da equipe “Titans”, também do SESI Planalto, criaram o
Líquido Solvente Sustentável (LSS), um produto de limpeza à base de
laranja para anular o efeito dessa gordura. Os alunos apostaram no LSS
como uma alternativa para a solução apresentada pela prefeitura para o
problema, que foi a de podar ou substituir as árvores. De acordo com as
pesquisas da equipe, demoraria uma década para repor a vegetação.
A representante do grupo, Lorrany Gonçalves Cirqueira, 15 anos, conta
que há 54 vias com a esse tipo de árvore em Goiânia, e que em apenas
uma via, a Rua Atílio Corrêa Lima, foram 16 acidentes em um dia,
ocasionados pela junção de jamelão e água. A jovem explica que o suco da
laranja contém limoneno, o responsável por anular a gordura do jamelão.
“Basicamente, o suco da casca da laranja é um desengordurante natural, o
limoneno. E existem caminhões pipas próprios para o transporte desse
tipo de substância”, explica.
Lorrany dividirá a função de apresentar a inovação na competição de
robótica com outros sete colegas de turma. Segundo ela, os desafios são
“grandes”, mas o orgulho de estar nesse contexto é muito maior. “Fico
muito orgulhosa de poder estar fazendo parte disso, de na minha idade já
estar fazendo algo que possa resolver um problema da minha cidade. E
fico muito feliz de estar fazendo isso dentro da minha equipe, podendo
salvar a vida de muitas pessoas”, afirma a estudante.
Para o professor de Robótica do SESI Planalto e técnico das equipes
Titans e LJ Origens, Fernando da Silva Barbosa, é possível ver a
transformação dos alunos durante o processo de preparação. “Vemos uma
transformação muito grande. A gente até brinca com os meninos, dizendo
‘nossa, como vocês cresceram tanto de dois meses pra cá’. E estamos
falando de crescimento de capacidade, de ter uma visão diferente, um
olhar que não tinha. Demos a oportunidade de ver a cidade de uma maneira
diferente: pensar que são parte integrante e são agentes
transformadores de qualquer coisa que tenham acesso e saibam que podem
transformar”, relata o professor.
Além das três equipes, a equipe de Robótica NanoMasters também foi
selecionada para a etapa nacional, com o projeto NOTIFYC, um sistema
autônomo de identificação de notificação de alagamentos , por meio
de sensores medidores de níveis de água nas vias com risco de
alagamentos. A ideia da equipe é, a princípio, instalar o NOTIFYC nos 91
pontos críticos de alagamento de Goiânia. Os pontos já
foram identificados, cadastrados e mapeados pela prefeitura da cidade.
A competição
O Torneio de Robótica FIRST LEGO League reunirá 100 equipes formadas
por estudantes de 9 a 16 anos e promove disciplinas, como ciências,
engenharia e matemática, em sala de aula. Até 16 de fevereiro, haverá as
disputas regionais. Os melhores times garantem vaga na etapa nacional,
que ocorrerá em março, em São Paulo.
O objetivo é contribuir, de forma lúdica, para o desenvolvimento de
competências e habilidades comportamentais exigidas dos jovens. Todo
ano, a FLL traz uma temática diferente. Em 2020, os competidores terão
que apresentar soluções inovadoras para melhorar, por exemplo, o
aproveitamento energético nas cidades e a acessibilidade de casas e
prédios.
O diretor de Operações do Departamento Nacional do SESI, Paulo Mol,
ressalta que a elaboração dos projetos estimula a autonomia e o trabalho
em equipe e contribui para a formação profissional dos alunos. “A
questão do empreendedorismo é a base de todo o processo. Nesse torneio,
uma das avaliações que é extremamente importante é a capacidade de
empreender, de buscar coisas novas, de fazer com que o produto seja
desenvolvido”, atesta.
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