Os personagens de O Língua são ancestrais indígenas que
habitavam os sertões centrais da Bahia, e se refugiaram nos gerais do
Rio Preto, que tem suas nascentes no extremo Oeste do Estado. Vivem ali,
à beira dos brejos, desde que lhes fizeram guerra os portugueses pela
posse das terras para suas fazendas de gado e exploração de minérios.
Eles se encontram em reuniões rituais e narram a história de suas vidas, que no passado se entrelaçaram.
Narradas em primeira pessoa, o ponto de convergência dessas histórias
individuais é a história de Leonel, mameluco, primeiro brasileiro, como
ensina Darcy Ribeiro. Ele nasceu de uma união violenta de Antônio
Pereira, fazendeiro e padre, destruidor de povos indígenas, com a menina
Ialna, por ocasião de um assalto a uma aldeia anaió.
Após viver com o filho durante a infância dele, Ialna perde-o para os
padres jesuítas, que o mandam mais tarde para a frente de batalhas, para
lutar contra seu próprio povo, ensejando uma das maiores tragédias do
povo indígena e, afinal, do próprio povo brasileiro, já que a traição de
Leonel parece ter cavado uma divisão até hoje insuperável na sociedade
brasileira.
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