Equipamentos são essenciais para manter respiração de pacientes com quadro grave; iniciativa une multinacionais de diferentes setores em 25 pontos espalhados por 13 estados
Desde
o anúncio da chegada do novo coronavírus ao Brasil, hospitais e centros
de saúde sofrem com a falta de respiradores mecânicos, equipamentos que
ajudam a amenizar os sintomas da doença em pacientes infectados. Os
relatos dos profissionais da saúde também mostram que os locais que
possuem os aparelhos enfrentam dificuldade com a manutenção. Para
amenizar esse problema, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) e dez multinacionais se uniram para manter em funcionamento os
respiradores em uso.
Espalhados em 13 estados, haverá 25 pontos para recolher os aparelhos
em todo país. Dez dessas unidades de manutenção são da rede SENAI,
enquanto as outras 15 ficam a cargo das indústrias participantes da ação
– ArcelorMittal, Fiat Chrysler Automóveis (FCA), Ford, General Motors,
Honda, Jaguar Land Rover, Renault, Scania, Toyota e Vale. Os estados com
os pontos da Iniciativa +Manutenção de Respiradores são Bahia, Ceará,
Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e São Paulo.
A estimativa é de que o Brasil tenha, atualmente, pouco mais de 65
mil ventiladores espalhados na rede privada e no Sistema Único de Saúde
(SUS). Até o momento, segundo dados da LifesHub Analytics e da
Associação Catarinense de Medicina (ACM), mais de 3,6 mil ventiladores
pulmonares estão fora de operação no Brasil, seja porque foram
descartados ou porque têm necessidade de manutenção.
“Em um nível de utilização intensa, esses respiradores podem
apresentar mais defeitos do que o usual. A doença exige muito dos
respiradores”, explica o médico e presidente da ACM, Ademar José de
Oliveira Paes Junior. “Sem os respiradores, o sistema vai entrar em
colapso. A gente precisa aumentar a linha de produção nacionalmente”,
alerta. A estimativa é de que cada ventilador recuperado atenda até 10
pessoas.
“O SENAI treinou e capacitou todas as empresas parceiras para isso.
Essa rede está capacitada para, muito rapidamente, colocar em prontidão –
ou seja, em pleno funcionamento – esses 3,6 mil aparelhos. Acreditamos
que esse número pode chegar a cinco mil ventiladores e respiradores”,
afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.
Importação
Outra medida adotada pelo SENAI, além da manutenção dos respiradores, é a de ampliar a produção de ventiladores pulmonares. Alguns fabricantes estão sendo acionados e identificados para ajudar na fabricação dos equipamentos.
A segunda alternativa é importar esses aparelhos, como já vem sendo feito em Santa Catarina. A Federação das Indústrias do estado (FIESC), em parceria com o governo local, indústrias e instituições catarinenses, fechou contrato para a importação de 200 respiradores destinados ao sistema público de saúde.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, explica que foi criado um grupo de trabalho para identificar países com possíveis fornecedores do produto. “Encontramos vários preços e os mais atrativos foram de fornecedores chineses. A dificuldade maior foi pela procura muito grande, então tinha que ser um fechamento muito rápido”, relata Aguiar.
O pagamento dos respiradores foi feito de forma adiantada por uma empresa catarinense com forte estrutura no país asiático. “O estado catarinense vai honrar o pagamento assim que os respiradores chegarem a Santa Catarina”, garante o presidente da FIESC. A previsão de chegada é para o mês de abril. A demanda para o estado, segundo ele, é de cerca de 500 aparelhos.
“Estamos muito próximos de fechar a produção de vários respiradores
para atender toda a demanda de Santa Catarina. O excedente, certamente,
será colocado à disposição do governo federal”, completa.
Inovação na indústria
Para reduzir o desabastecimento de insumos na área da saúde, o SENAI também lançou um edital de inovação para atender a demanda de respiradores, álcool em gel, máscaras e manutenção de equipamentos necessários no combate à Covid-19. O investimento disponível para empresas e startups chega a R$ 30 milhões, se somadas as duas chamadas da licitação, e cada projeto poderá captar até R$ 2 milhões. Os resultados devem ser apresentados em até 40 dias. As inscrições podem ser feitas no site do Edital de Inovação. As proposições podem ser realizadas por meio do Whatsapp, no número (61) 99628-7337 ou pelo e-mail combatecovid19@senaicni.com.br.
Para reduzir o desabastecimento de insumos na área da saúde, o SENAI também lançou um edital de inovação para atender a demanda de respiradores, álcool em gel, máscaras e manutenção de equipamentos necessários no combate à Covid-19. O investimento disponível para empresas e startups chega a R$ 30 milhões, se somadas as duas chamadas da licitação, e cada projeto poderá captar até R$ 2 milhões. Os resultados devem ser apresentados em até 40 dias. As inscrições podem ser feitas no site do Edital de Inovação. As proposições podem ser realizadas por meio do Whatsapp, no número (61) 99628-7337 ou pelo e-mail combatecovid19@senaicni.com.br.
“A nossa atuação será no suprimento desses problemas, como os testes
rápidos para a detecção da doença. No isolamento, ter uma gama ampla
desses testes vai ser de grande importância, bem como a fabricação de
ventiladores (respiradores)”, detalha Rafael Lucchesi.
A Aredes Equipamentos Hospitalares foi uma das empresas que se
inscreveu no edital e vai adaptar ventiladores pulmonares da área
veterinária para uso humano. O equipamento em versão simplificada poderá
ser utilizado por pacientes na fase inicial, o que pode evitar o
agravamento dos sintomas respiratórios da Covid-19. O ventilador será
projetado, fabricado e testado no SENAI. Após a homologação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a empresa projeta fabricar
mil unidades por mês.
Além do SENAI, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço
Social da Indústria (SESI), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e as
Federações das Indústrias dos 26 estados e do DF têm levado informação e
tomado medidas para reduzir os impactos econômicos e preservar vidas
por meio da campanha nacional “A indústria contra o coronavírus”. O
principal objetivo é amenizar os efeitos da Covid-19 e proteger quem
produz e quem consome. Mais detalhes sobre as ações de cada instituição
podem ser acessados pelas redes sociais.
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