Número de passageiros diminuiu de sete milhões para cerca de 400 mil devido à crise causada pelo novo coronavírus
A
demanda por voos domésticos recuou 93,1% em abril deste ano em
comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac). O setor aéreo é um dos mais afetados
pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a Anac, as companhias
aéreas transportaram cerca de 400 mil passageiros em abril. Em fevereiro
deste ano — último mês com funcionamento normal dos voos dentro do
Brasil — mais de 7,5 milhões de brasileiros passaram pelos aeroportos.
A Anac afirma que esses dados eram
esperados desde a implementação da Malha Aérea Essencial, que reduziu a
oferta de voos em 91,6%. A medida foi acordada entre as principais
companhias aéreas do país e o governo federal para garantir ligação
entre todos os estados do país durante a pandemia.
Segundo Eduardo Sanovicz, presidente da
Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), a pandemia deflagrou
uma crise que vai deixar as companhias menores, mesmo após o fim das
medidas mais rígidas de distanciamento social e reabertura das
fronteiras. “Nós fomos impactados pela crise. As medidas que vêm depois
são consequência disso. Hoje, nós estamos, praticamente, sem nenhuma
receita e sem nenhuma demanda. É um setor fortemente afetado, portanto,
nesse sentido”, lamenta.
Nem a trabalho, tampouco a lazer
Entre viagens a trabalho e para comemorar aniversários de amigos, a
influenciadora digital Nana Rocha, 29, teve seis viagens afetadas por
conta da pandemia do novo coronavírus. Os voos nacionais foram
cancelados ou remarcados para o segundo semestre sem nenhuma dor de
cabeça, segundo ela. O que está trazendo problema de verdade é o roteiro
internacional, cujo um dos destinos era Cancún, no México.
Ela conta que comprou a passagem no site
da companhia Aeromexico. No entanto, a Gol — responsável por operar a
linha aérea entre o Brasil e a cidade mexicana — cancelou o bilhete.
Como nenhuma das empresas consegue remarcar a viagem sem custos e
transfere a responsabilidade uma para a outra, Nana vai recorrer à
justiça para resolver a situação. “Já fiz reclamação no consumidor, na
Anac e não foi resolvido. Vou ter que entrar no juizado de pequenas
causas para resolver”, afirma.
Nana afirma que a crise impactou a vida
profissional e o cronograma de divulgação de marcas e conteúdo nas suas
redes sociais, mas que viajar em outro momento é a melhor alternativa.
“Vou conseguir fazer [as viagens] em um segundo momento, pensando na
minha saúde e na saúde da minha família. Seria irresponsabilidade da
minha parte compartilhar um conteúdo de lazer, de felicidade e viagens
maravilhosas, sendo que o clima do mundo não é esse”, aponta.
Diversão adiada
Há, também, pessoas que planejaram viagens a lazer e tiveram que mudar os planos com a crise na saúde. É o caso de Monalisa Rodrigues Pessoa, 29. A contadora iria viajar no último fim de semana para um show em São Luís (MA) de vários artistas de forró. No entanto, devido à situação no estado, o show foi cancelado.
Há, também, pessoas que planejaram viagens a lazer e tiveram que mudar os planos com a crise na saúde. É o caso de Monalisa Rodrigues Pessoa, 29. A contadora iria viajar no último fim de semana para um show em São Luís (MA) de vários artistas de forró. No entanto, devido à situação no estado, o show foi cancelado.
Monalisa não foi pega de surpresa. Ela
conta que se antecipou e cancelou as passagens e a hospedagem, pois
acompanhou a evolução dos casos na capital maranhense — a primeira do
Brasil a decretar bloqueio total ou “lockdown”. “Cancelei tudo e quando
der eu vou para essa viagem. Eu não teria coragem de ir sabendo que lá
tem muitos casos”, pondera. Apesar da pequena frustração, ela acredita
que o cancelamento foi correto. “Bom a gente não acha. A gente faz
planos, cria expectativas. Se não deu certo, se aconteceu isso tudo, é
porque não era pra ser. Achei bom ser adiado”, completa.
Crise na aviação
Desde abril, as três principais companhias aéreas do Brasil (Azul, Gol e
Latam) só operam na Malha Aérea Essencial, que atende a 44 cidades
brasileiras: Brasília, as capitais dos 26 estados e outros 17
municípios. O acordo com o Ministério da Infraestrutura garante voos
para todas as unidades da federação em meio à pandemia. Durante o mês de
maio serão 1.254 voos semanais. O volume normal é superior a 14 mil.
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