sábado, 16 de maio de 2020

Protocolo adotado em hospital do Piauí traz melhora clínica a pacientes com Covid-19

Tratamento oferecido no Hospital Regional Tibério Nunes é resultado copia modelo adotado em uma unidade de saúde da Espanha

Foto: Secretaria de Saúde do Piauí

Um hospital localizado no município piauiense de Floriano, cidade a cerca de 250 quilômetros da capital Teresina, tem chamado a atenção de autoridades de saúde. Isso porque um protocolo de tratamento utilizado em pacientes com a Covid-19 tem se mostrado eficaz no combate à doença.
Dois dias após o aparecimento dos sintomas do novo coronavírus, pacientes do Hospital Regional Tibério Nunes estão recebendo a combinação de hidroxicloroquina e azitromicina durante cinco dias. Caso essas medicações não deem resultados, o paciente recebe remédios à base de corticoide, substância que costuma aparecer em anti-inflamatórios, durante três dias.
Segundo Justino Moreira, diretor clínico da unidade, até mesmo pacientes com um alto grau de dano ao pulmão tiveram melhoras com esse tratamento. 
“Quando começamos a usar o corticoide, no dia 2 de maio, os pacientes evoluíram rapidamente. Tiramos o oxigênio deles, demos alta. Teve paciente com 50% e paciente com 75% do pulmão comprometido. Paciente na boca da UTI, e conseguimos frear esse processo. Hoje o paciente está tendo alta.”
O tratamento oferecido no hospital de Floriano chamou a atenção do governo federal. Nesta semana, Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi ao município para conhecer o trabalho da equipe. 
No entanto, o uso da hidroxicloroquina, associado ou não com a azitromicina, em pacientes infectados com o novo coronavírus é polêmico. Um estudo feito com cerca de 1,4 mil pacientes de Nova York, divulgado neste mês, apontou que a prescrição desses medicamentos não reduz a letalidade da Covid-19.
O diretor da unidade de ressalta que quando o paciente infectado chega à terceira fase da doença, em que ele deve ser submetido a um respirador, não há muito o que se fazer para reverter o seu quadro clínico.
“Antes a gente não tinha ferramenta para tratar. As pessoas estavam morrendo, só esperando ir para UTI. E não tinha mais jeito. Os que foram para UTI aqui, morreram. Temos que conter a doença antes de chegar lá, na primeira e segunda fase. Na fase três, a gente tem pouca esperança, a mortalidade é muito alta.”
O tratamento oferecido no Hospital Regional Tibério Nunes é fruto de um protocolo clínico da médica piauiense Marina Bucar Barjud, que trabalha no combate à Covid-19 no Hospital HM Puerta del Sur, em Madrid, na Espanha. 
O uso conjunto da hidroxicloroquina e azitromicina e de corticoides, na unidade de saúde em Floriano, foi feito apenas em 20 pessoas. Segundo o diretor do hospital, 15 desses pacientes que receberam o tratamento tiveram alta. 
Questionada, a Secretaria de Saúde do Piauí não respondeu se iria ampliar o protocolo para outros hospitais do estado.


Paulo Oliveira

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