A 198 anos o Brasil se tornou independente de Portugal. Desde então, o 7 de setembro tem sido comemorado como a data que marca a proclamação dessa independência
A
198 anos o Brasil se tornou independente de Portugal. Isso quer dizer
que passamos de uma colônia controlada por outro país, para uma nação
livre e autônoma em suas decisões. Desde então, o dia 7 de setembro tem
sido comemorado como a data que marca a proclamação dessa independência.
É também, um momento que mexe com os sentimentos das pessoas mais
patriotas.
Apesar disso, este ano não veremos os tradicionais desfiles de
comemoração, realizados pelas Forças Armadas. Isso por causa dos efeitos
da pandemia da Covid-19, que tornam esse tipo de evento não
recomendável pelas autoridades sanitárias, devido ao risco de
contaminação pois geram aglomerações de público – e consequentemente
aumentam as chances de transmissão da doença.
Para o médico infectologista Hemerson Luz, do Hospital das Forças
Armadas em Brasília, qualquer forma de aglomeração deve ser
desencorajada porque apesar de as máscaras reduzirem o risco de
contaminação, “elas não evitam 100% pois estamos falando de máscaras de
pano. Com o tempo elas podem ficar umidificadas e, com isso, favorecer a
contaminação. Estamos falando, também, de pessoas que não têm o hábito
de usar máscara por longos períodos e, com isso, as chances de manipular
a mesma de forma errada ou tirar do rosto aumentam a chances de
contaminação”, explicou.
Com a devida preocupação, o Ministério da Defesa promulgou a Portaria Nº 2.621/2020,
que determina aos Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército
Brasileiro e da Força Aérea Brasileira que orientem suas respectivas
Forças para se absterem de participar de quaisquer eventos comemorativos
referentes à semana da Pátria com evento como desfiles, paradas,
demonstrações ou outras que possam causar concentração de pessoas.
Desde criança, Cláudia Guimarães sempre participou dos desfiles de 7 de
setembro, primeiro sendo levada pelo pai e, depois, participando como
parte do contingente ativo da Polícia Civil do Distrito Federal. E não
só isso, a agente também passou a levar os filhos para assistir às
festividades. E mesmo com esse histórico de patriotismo, a policial
civil acredita que este momento precisa ser marcado na história do país
com uma homenagem dupla.
“Eu lamento não é não ter o desfile com aglomeração e sim as autoridades
não aproveitarem o dia 7 de setembro para prestar, além do símbolo da
independência, uma homenagem às pessoas que morreram. Sugeriria à
Esquadrilha da Fumaça, fazer uma homenagem e escrever luto no céu. Uma
reverência às mais de cem mil vítimas da Covid-19. Seria uma forma de
prestigiar o 7 de setembro juntamente com as pessoas que não puderam nem
se despedir”, comentou a agente.

Independência X Democracia
Um ponto importante de se destacar é a diferença entre os conceitos
destas duas palavras, uma vez que são usadas erroneamente como
sinônimos, principalmente neste contexto comemorativo. Para isso, vamos
usar como base o conceituado dicionário Houaiss, por sua tradição no
estudo da língua portuguesa.
A independência é a liberdade e autonomia política conquistada pela luta
de um país frente à submissão ou servidão imposta por outro. Em
contrapartida, a democracia é um sistema de governo comprometido com a
igualdade em que o povo exerce a soberania. Em 7 de setembro de 1822, o
Brasil deixou de ser governado por Portugal mas continuou o regime de
monarquia.
Apesar dessas comemorações de independência, para o professor Marcos
Ianoni, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal
Fluminense, o brasileiro não possui uma tradição nacionalista e uma
cultura cívica acentuada
“Eu diria que tem uma certa importância para o país, independente do
regime político, mas não é uma importância tão grande se comparado aos
Estados Unidos. Lá o dia da independência tem um sentido maior, pois
eles fizeram uma revolução. No Brasil não houve uma revolução de
independência, como também houve em outros países aqui da América
Latina. A comemoração no Brasil tem ficado mais restrita ao governo
federal e às Forças Armadas do que efetivamente a população”, explicou.
Um ponto que corrobora com a explanação do professor Ianoni é o fato de
que o dia 7 de setembro se tornou feriado nacional apenas a partir da
publicação da Lei Nº 662, de abril de 1949, quando o presidente brasileiro era um militar: o general Eurico Gaspar Dutra.
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Comemoração em outros locais do país
Em Santa Catarina, o presidente do Colegiado Superior de Segurança
Pública e Perícia Oficial de Santa Catarina e delegado-geral, Paulo
Koerich, informou que, por conta da portaria e para respeitar as medidas
de distanciamento social, não haverá eventos comemorativos, como
desfiles ou demais programações que possam causar a concentração de
pessoas no feriado.
"Todo cidadão catarinense pode comemorar o 7 de setembro hasteando uma
bandeira em frente da sua residência ou mesmo em suas janelas. Desta
forma, nós brasileiros honramos o dia da nossa independência", afirmou
Koerich.
No Rio Grande do Norte, a capital potiguar estava preparando um evento
entorno da Praça Cívica de Natal, mas toda festividade foi cancela.
Segundo o secretário-chefe do Gabinete Civil, Raimundo Alves,
considerando a situação de pandemia “não faremos os eventos da Semana da
Pátria no Rio Grande do Norte. Isso será em todo Brasil para evitar as
aglomerações do público. Precisamos manter o distanciamento social para
diminuir a disseminação do coronavírus”, disse o secretário.
No Espírito Santo, vai ser realizada uma cerimônia de hasteamento das
bandeiras no 38º Batalhão de Infantaria do Exército, na Prainha, em Vila
Velha. A cerimônia terá início às 9 da manhã do dia 7 de setembro, será
restrita, com número limitados de participantes e sem a presença do
público.
Secretário Chefe da Casa Militar, Coronel Jocarly Martins de Aguiar
Junior, explicou que a expectativa para esse ano era realizar um desfile
“tão maravilhoso ou ainda melhor do que foi no ano passado, mas a
pandemia mudou os nossos planos. Queríamos até mesmo trazer um tanque de
guerra para desfilar na Jerônimo Monteiro. No entanto, para evitar
aglomerações, decidimos suprimir o desfile mas organizar uma pequena
solenidade de caráter simbólico", afirmou.
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