Relator da proposta apresentou parecer contrário por entender que o ambiente de negócios não pode contar com punições excessivas para quem investe e gera empregos
Os
parlamentares da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania
(CCJC) da Câmara discutem uma proposta (PL1412/2015) que pretende
alterar o Código de Defesa do Consumidor (CDC). A mudança sugerida é a
instituição de multa civil para fornecedores e prestadores de serviços
que não cumprirem as obrigações contratadas pelos clientes.
O Relator da matéria no colegiado, o
deputado Gilson Marques (NOVO-SC) apresentou parecer contrário à
constitucionalidade da medida por entender que o ambiente de negócios no
país não pode contar com punições excessivas para quem pretende
investir e gerar empregos, como os pequenos empreendedores. “Vai criar
burocracia, imposição e gasto a mais, que só vai prejudicar o acesso a
novos empreendimentos”, argumentou.
Marques lembra ainda que o CDC já prevê
punição aos maus fornecedores, e que a multa civil, prevista no projeto,
pode gerar insegurança jurídica. “Eventualmente, quando acontece algum
problema, é claro que o fornecedor tem de reparar o dano. O problema é
criar mais uma multa além daquelas já destacadas no Código de Defesa do
Consumidor, no Código Civil, isso já é demais”, completou.
A multa civil prevista no PL 1412/2015
não tem objetivo de ressarcimento ao consumidor prejudicado. Trata-se
apenas de uma medida punitiva ao fornecedor. Já o Código de Defesa do
Consumidor, por outro lado, prevê que o fornecedor faça o ressarcimento
ao consumidor pelos serviços não realizados ou entregues.
A advogada Ana Carolina Osório lembra
que o consumidor também é amparado pelo Código Civil, que entre outros
pontos, “prevê o pagamento de indenizações em desfavor de fornecedores
que cometem algum tipo de ato ilícito na entrega do produto ou serviço”.
“Me parece desnecessária a aplicação desta multa civil”, avaliou a
especialista.
O projeto foi apresentado em 2015 pela
ex-deputada Maria Helena (PSB-RR). Após várias discussões e relatorias
na CCJ, o texto foi arquivado pela Mesa Diretora da Câmara em 2017. Em
fevereiro deste ano, o deputado Geninho Zuliani (DEM-SP) pediu o
desarquivamento.
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