Colegiado deve concentrar discussões para simplificação de impostos no Brasil. Eleito relator, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) garante que texto final sobre o tema “trará impacto positivo à economia brasileira”
O
Congresso Nacional instalou, nesta quarta-feira (19), a comissão mista
que vai analisar a reforma tributária. O colegiado será composto por 25
deputados e 25 senadores e terá caráter deliberativo, ou seja, poderá
apenas analisar a proposta, mas não votá-la. A partir de agora, os
parlamentares terão 45 dias para consolidar o texto final que passará
por votações nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.
Eleito presidente do colegiado, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA)
afirma que o propósito é criar um sistema tributário que “não afaste a
instalação de novos empreendimentos”, que torne “claro” o que o
contribuinte está pagando e dê “equidade” no tratamento tributário entre
pessoas e negócios.
O parlamentar, que foi relator da PEC 110/19 na CCJ do Senado, aponta
ainda a reforma tributária vai aprimorar o uso de tecnologias para
tornar a arrecadação fiscal no país mais eficiente. “Vamos oferecer um
sistema moderno que tenha tecnologia embutida. Hoje, procuramos rastrear
o produto para tributar, seja em barreiras tributárias, auditores
fiscais. Agora, podemos rastrear não apenas os produtos, mas também o
dinheiro”, projeta o senador, ao citar como exemplo a digitalização de
notas fiscais.
O relator da comissão mista, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB),
garante que o texto final que será elaborado caminha para “solidificar” o
ambiente de negócios no país. Isso porque, segundo o parlamentar, um
sistema tributário simplificado favorece a entrada de novos
investimentos.
“Temos plena consciência da importância se se aprovar uma reforma do
nosso sistema tributário. É essa reforma que trará um impacto positivo à
economia brasileira, trazendo simplicidade, justiça tributária,
transparência e segurança jurídica”, destaca o congressista.
“Sistema complexo”
O advogado tributarista Eduardo Salusse entende que o modelo de
arrecadação brasileiro precisa ser alterado. Segundo o especialista, o
formato atual é “arcaico”, inibe o empreendedorismo e gera prejuízos aos
cofres públicos. “Esse sistema complexo, com benefícios fiscais,
multiplicidade de impostos, de alíquotas e com legislação que muda a
todo tempo, faz com que o ambiente de negócios seja completamente
negativo”, avalia.
No Congresso Nacional, tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado
analisam propostas que visam alterar a forma de arrecadação de tributos
no Brasil. Os deputados apreciam a PEC 45/2019. O texto acaba com cinco
tributos: IPI, PIS e Cofins, de arrecadação federal; ICMS, dos estados; e
ISS, de cobrança municipal.
Já a PEC 110/2019, discutida por senadores, acaba com 10 tributos:
IPI, IOF, CSLL, PIS, Pasep, Cofins e Cide Combustíveis, de arrecadação
federal; o ICMS, de competência dos estados; e o ISS, de âmbito
municipal, além do Salário-Educação. Em comum, seriam criados o Imposto
sobre Bens e Serviços (IBS) e o Imposto Seletivo (IS), com arrecadação e
partilha únicas entre os entes da federação. Dessa forma, ambos os
textos tentam acabar com a cumulatividade de cobrança, incidindo no
estado de destino do produto fabricado.
Uma das principais distorções que a reforma tributária tenta corrigir
é sobre a arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), com o fim da cumulatividade de impostos, conhecida como
“efeito cascata”. Isso porque, no modelo atual, esse imposto varia em
cada unidade da Federação, uma vez que não há uma alíquota de referência
para o tributo.
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