Ministério da Saúde entende que chegada de voos internacionais “demonstra impossibilidade de fazer contenção” de pacientes suspeitos no país e lança aplicativo para informar viajantes
O
coronavírus já infectou pessoas em 86 países ou territórios e a lista
de locais onde a doença é transmitida inclui o Brasil. Após confirmar as
primeiras infecções no país, o Ministério da Saúde investiga mais de
630 casos suspeitos, número que deve subir bastante nos próximos dias.
Isso se deve ao alto número de voos internacionais que chegam todos os
dias ao Brasil e ao fato de novos países, como os Estados Unidos, serem
incluídos recentemente na lista de locais com transmissão do vírus.
Segundo o secretário-executivo do
Ministério da Saúde, João Gabbardo, 193 voos internacionais aterrissam,
em média, diariamente no Brasil. Um movimento de aproximadamente 43 mil
pessoas que chegam todos os dias em aeroportos de 14 estados
brasileiros. São consideradas suspeitas de estarem infectadas com o
coronavírus as pessoas que manifestam sintomas - como febre, tosse ou
dificuldade de respirar – associados ao fato de terem vindo de algum dos
33 países monitorados pelo Ministério da Saúde (confira a lista
abaixo*). Também são considerados suspeitos aqueles que manifestam os
sintomas e tiveram contato com outras pessoas que sejam suspeitas.
Devido ao alto fluxo de pessoas que vêm
dos países monitorados, o secretário de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, aponta que é complexo isolar
todos os pacientes suspeitos de estarem infectados. “No começo, quando a
China descobriu o vírus, eles tinham total certeza da necessidade de
tomar medidas duras, bem rigorosas. Naquele momento, fazia sentido fazer
quarentena lá na China, fazia sentido fazer quarentena na Itália. Mas
não faz sentido ficarmos fazendo a mesma coisa. Essa é a grande questão.
Os números que o doutor Gabbardo passou aqui demonstram claramente a
impossibilidade de fazer a contenção desse vírus em um país continental
como o Brasil. Pode ser para um país pequeno da Europa, mas para o
Brasil não é possível”, explicou Oliveira.
O secretário-executivo, João Gabbardo,
esclarece que o número de casos suspeitos pode aumentar rapidamente nos
próximos dias devido à inclusão de novos países na lista de monitoração.
A confirmação de um único caso da doença pode acender o alerta para
todas as pessoas que estiveram em contato com ela. “Vamos imaginar que
em um voo tenha 200 pessoas: se cada voo desse tiver uma pessoa que
tenha sintoma – apenas uma – nós vamos ter quase 200 casos suspeitos
todos os dias”, exemplificou.
Aplicativo “Coronavírus – SUS”
Para orientar os brasileiros sobre o
coronavírus, o Ministério da Saúde lançou o aplicativo “Coronavírus –
SUS”. A plataforma traz informações sobre a doença que o vírus pode
causar, as formas de prevenção e os sintomas, além de oferecer um mapa
que indica, por localização, todas as Unidades Básicas de Saúde
próximas. Como há muita informação falsa, as chamadas “fake news”,
circulando sobre a doença, o aplicativo também tem uma área de notícias
oficiais do Ministério da Saúde para desmentir boatos e oferecer
conteúdo confiável.
Embora seja útil para toda a população
brasileira, o aplicativo foi pensado especialmente para os cidadãos que
viajaram ao exterior. Dos 43 mil passageiros que desembarcam diariamente
no Brasil, segundo Gabbardo, 30 mil são brasileiros e 13 mil são
estrangeiros.
O diretor de comunicação do Ministério
da Saúde, Ugo Braga, explica a estratégia pensada com o desenvolvimento
do app. “O público-alvo que a gente quer atingir são os viajantes. Não
os viajantes estrangeiros, mas os brasileiros que viajaram e estão
voltando para casa. Esse é o nosso público primordial, porque eles
precisam saber, em primeiro lugar, qual é o conhecimento que o nosso
sistema de saúde tem a respeito do vírus e da doença. Está tudo lá no
aplicativo”, ressalta.
Braga lembra ainda que o “Coronavírus –
SUS” dá informações ao usuário sobre como proceder em casos suspeitos ou
quando houver manifestação de sintomas. “Apresentando algum sinal da
doença, o que que eu faço? O aplicativo vai te ajudar, porque ele é
georreferenciado. Ele diz o que próximo a sua casa está à disposição
para que você seja atendido e, assim, a gente consegue dar uma
consistência melhor a esse primeiro atendimento. Até porque o Ministério
[da Saúde] vem reiterando que não há motivo para pânico, não há
necessidade para as pessoas correrem para as emergências dos hospitais. O
aplicativo também ajuda nesse ponto”, acrescenta o diretor de
comunicação do Ministério da Saúde.
O aplicativo é gratuito e está
disponível para celulares com os sistemas operacionais Android e iOS.
Mais informações estão disponíveis no portal saude.gov.br/coronavirus.
Reportagem, Rafael Montenegro.
*Lista de países monitorados (registrados com transmissão local
segundo a OMS/ Filipinas e Camboja não registraram transmissão local,
mas estão em região afetada)1. Alemanha
2. Argélia
3. Austrália
4. Canadá
5. China
6. Coreia do Norte
7. Coreia do Sula
8. Croácia
9. Dinamarca
10. Emirados Árabes Unidos
11. Equador
12. Espanha
13. Estados Unidos
14. Finlândia
15. França
16. Grécia
17. Holanda
18. Indonésia
19. Irã
20. Israel
21. Itália
22. Japão
23. Líbano
24. Malása
25. Noruega
26. Reino Unido
27. Romênia
28. San Marino
29. Singapura
30. Suécia
31. Suíça
32. Tailândia
33. Vietnã
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