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| Jogadores do Palmeiras durante cobrança de pênaltis contra o Paulista, em 2004 GazetaPress |
O novo coronavírus ameaça a continuidade do Campeonato Paulista e pode fazer com que o torneio termine sem um Corinthians x Palmeiras pela terceira vez em mais de cem anos. A competição foi paralisada na última segunda-feira e não tem data para voltar.
O
clássico estava programado para ocorrer no domingo (22) pela penúltima
rodada da fase de classificação. Os palmeirenses buscam a melhor
campanha (tem os mesmos 19 pontos do Santo André), enquanto os
corintianos sofrem e podem ser eliminados precocemente.
Desde 1917, quando se enfrentaram pela primeira vez, Corinthians e
Palmeiras não se encontraram apenas nas edições de 1924 e 2004 do
Estadual. Os motivos passados não guardam nenhuma relação com o problema
atual.
Revolta palestrina
Em 1924, ainda vigorava o amadorismo no
futebol brasileiro e o Estadual mais antigo do país era disputado por 12
equipes no sistema de pontos corridos. O Palmeiras, então ostentando
seu nome de batismo, isto é, Palestra Itália, abandou o torneio após
dois jogos.
O motivo foi um desentendimento com a APEA, a entidade responsável pela competição, após duas rodadas.
Os
palestrinos já cumpriam uma punição imposta do torneio passado, com
Picagli suspenso. Mais dois jogadores foram punidos após a derrota para o
Paulistano por 3 a 1: Nigro e Cassarini. Eles foram expulsos por jogo
violento.
Depois, na derrota para o Braz Atlético por 3 a 2, Primo e Heitor também foram expulsos e suspensos por jogo violento.
O clube apelou e não conseguiu. Também ficou incomodado com a negação
para inscrever Amílcar Barbuy, ex-Corinthians. Após a segunda rodada,
os palmeirenses abandonam a comunicação. O restante da temporada foi
dedicado a jogos amistosos.
Em comunicado à imprensa, a diretoria
palestrina manifestou "descontentamento com várias decisões tomadas pela
APEA". Foi a segunda vez que o Palmeiras abandonou um campeonato em
curso. Já havia feito em 1918.
É importante explicar o contexto daquele ano também. Foi o ano da
Revolução Tenentista em São Paulo, um conflito que durou quase um mês
(de 5 a 28 de julho) e tinha como objetivo depor o presidente da
República Artur Bernardes e promover reformas políticas.
Alguns
pontos da cidade chegaram a ser bombardeados pelos tropas do governo
federal para conter os líderes tenentistas. Apesar de ter curta duração,
o conflito deixou um saldo impactante: 5 mil feridos e mais de 500
mortos.
O Campeonato Paulista foi interrompido por dois meses.
Por causa dos dois meses de paralisação, o torneio de 1924 terminou em 1925 e marcou o primeiro tricampeonato do Corinthians.
Fracasso corintiano
Oitenta anos depois, o clássico não foi disputado no Estadual pela segunda vez. Dessa vez os "culpados" foram os corintianos.
Com
um regulamento novo em relação aos anos anteriores, o Campeonato
Paulista de 2004 não reservou um confronto entre os rivais na fase
classificatória. Aliás, nem mesmo no mata-mata. Dependeria do acaso para
que se encontrassem no mata-mata final.
Ocorre que o Corinthians
fez um campanha péssima. Venceu dois jogos, empatou outros dois e perdeu
cinco vezes. Caiu na primeira fase e só não foi rebaixado porque, na
última rodada, o São Paulo derrotou o Juventus. Assim, quem acabou
rebaixado foi o time da Mooca.
A equipe alvinegra era comandada por Oswaldo de Oliveira e tinha no
elenco nomes como o goleiro Fábio Costa, o lateral Coelho, o zagueiro
Anderson, os volantes Fabrício e Rincón, o meia Adrianinho e os
atacantes Gil, Régis Pitbull e Marcelo Passos.
O Palmeiras avançou
de fase e chegou até a semifinal. Foi eliminado de forma surpreendente
pelo Paulista, nos pênaltis após dois jogos. O primeiro terminou
empatado por 1 a 1, no Palestra Itália. O seguinte terminou 3 a 3, no
estádio Hermínio Ometto, em Araras.
Nas penalidades, Élcio, Lúcio e
Nen perderam para o Palmeiras, enquanto Pedrinho, Muñoz e Vágner Love
marcaram. O time de Jundiaí, que tinha o técnico o ex-goleiro Zetti,
venceu por 4 a 3. Na decisão, o "Galo" perderia a taça para o São
Caetano.
A equipe alviverde era comandada por Jair Picerni e tinha
o goleiro Marcos, os laterais Baiano e Lúcio, o volante Magrão, os
meias Adaõzinho e Pedrinho e o atacante Vagner Love, este em início de
carreira.

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