Comissão mista que analisa o tema deve criar novas regras para acabar com guerra fiscal entre estados e mudar fórmula de arrecadação do ICMS
A
comissão mista especial que analisa a reforma tributária no Congresso
Nacional discute o texto que atualizará o modelo de cobrança de impostos
no Brasil. Os senadores e deputados do colegiado vão se basear nos
textos apresentados na PEC 110/2019 e PEC 45/2019, que tramitam no
Senado e na Câmara, para elaborar as novas normas.
Segundo o deputado federal Enio Verri (PT-PR), uma das necessidades
que o novo modelo deve observar é a simplificação tributária, já que
isso vai ajudar o Brasil a se tornar mais “produtivo” e com “maior
capacidade econômica” para receber novos investimentos. A expectativa do
parlamentar é que seja elaborado um texto que atinja os anseios dos
contribuintes, inclusive com geração de emprego e renda.
“Qualquer intenção de construir uma síntese das duas reformas é
positiva. Particularmente, a bancada está animada com essa reforma,
embora a gente entenda que ela é apenas um bom início para o debate. A
proposta do ex-deputado Luiz Carlos Hauly e proposta do deputado Baleia
Rossi têm muitas coisas em comum, dá para construir um texto único”,
entende o parlamentar.
Os textos unificam a cobrança de impostos sobre bens e serviços nos
estados, municípios e governo federal, e, em contrapartida, criam o
Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS) e o Imposto Seletivo (IS). As
propostas modernizam ainda o sistema de arrecadação tributária com a
adoção de procedimentos digitais e reformulam a dinâmica dos impostos
cumulativos que, atualmente, são cobrados durante as etapas de produção
das mercadorias. Esse formato é o principal alvo de críticas do setor
produtivo.
O senador Oriovisto Guimarães (PODE-PR) avalia que o país ainda não
tem condições de reduzir a carga tributária porque União, estados e
municípios precisam manter a arrecadação. Aumentar as cobranças, segundo
Guimarães, também não convém porque a população já paga muitos
impostos. Por isso, a solução para o país seria, ao menos, “tornar o
sistema tributário mais claro e objetivo”.
“Nesse momento, aumentar a carga tributária é inviável. Se não tem
como baixar o quanto se cobra, que pelo menos simplifique a forma de
arrecadação. Hoje, é um absurdo. Uma empresa tem que manter um
departamento com 10 ou 15 funcionários, dependendo do tamanho da
companhia, só para preencher papel referente ao pagamento de imposto”,
critica.
ICMS
A fórmula de arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) também deve ser revista pelos parlamentares da comissão
mista da reforma tributária. A princípio, a ideia de deputados e
senadores é agregar essa tributação ao IBS, com alíquota padronizada em
todos os entes da federação, com parte do valor flexível e sob
competência dos estados, como prevê o texto da PEC 45/2019.
Além disso, a cobrança do imposto estadual deve ter a dinâmica
invertida. No modelo atual, o ICMS é cobrado no estado onde o produto é
fabricado. Com a criação do IBS, o tributo passa a ser retido no destino
da mercadoria. A tática pode contribuir para diminuir a “guerra fiscal”
e tornar a concorrência mais justa entre as unidades da Federação.
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