As ISTs são infecções causadas por mais de 30 tipos diferentes de vírus e bactérias que, entre os anos de 2008 e 2018, foram responsáveis por mais de 600 mil notificações, em todos os estados.
As
IST são as infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, o
HIV/AIDS, hepatites virais, HPV e gonorreia. Segundo os boletins
epidemiológicos do Ministério da Saúde, 70 mil pessoas morreram, no
Brasil, em decorrência dessas infecções, entre 2000 e 2017. Mas essas
doenças podem ser prevenidas pelo uso da camisinha e podem ser
diagnosticadas por meio de testes rápidos ou laboratoriais, oferecidos
pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.
Quem explica mais a respeito dessas
infeções que afetam a vida de milhões de brasileiros é o diretor do
Departamento de ISTs do Ministério da Saúde, Gerson Pereira.
Por que foi feita a mudança de nomenclatura de DST para IST?
“Nem toda infecção pode chegar a virar
uma doença. É claro que ‘doenças sexualmente transmissíveis’ são mais
conhecidas e está mais no imaginário popular, mas do ponto de vista
técnico, é mais técnico você chamar de infecções sexualmente
transmissíveis. Por isso que a gente mudou os nomes de um tempo pra cá,
chamando de infecções sexualmente transmissíveis.”
“A gente tem observado que, por exemplo,
quando a gente faz a pesquisa de comportamentos, atitudes e práticas,
todo mundo sabe que a camisinha é importante para evitar as IST. Mais de
90% da população sabe disso. Entretanto, quando a gente vai verificar, o
uso tem diminuído ao longo do tempo. Essa última campanha do Ministério
da Saúde que está saindo é no sentido de que a gente não pode relaxar
no uso da camisinha. Eles são importantes para diminuir o número de IST –
e aí a gente tem o HIV, sífilis, hepatites, todas essas doenças. Então,
acho que a gente precisa trabalhar com os jovens que a camisinha é
importante e o uso dela livra das IST.”
Quais os principais desafios das autoridades em Saúde no combate às ISTs no Brasil?
“Então, meu maior desafio é buscar todos
os casos, diagnosticá-los e trata-los. Por que? Porque o diagnóstico e o
tratamento são medidas preventivas. Na hora que eu tenho a medida do
tratamento, aquela pessoa tá curada e deixa de transmitir a doença.
Casos de Aids, por exemplo: a pessoa pode não estar curada, mas pode ter
uma carga viral indetectável. Na hora que tem a carga viral
indetectável, deixa de transmitir. Então o maior desafio é a gente
diagnosticar e tratar todas as pessoas infectadas que existem e não
sabem da sua condição.”
Apesar da crescente propagação das
causas e prevenções das ISTs, esse assunto ainda é um tabu na sociedade?
Isso atrapalha, de alguma forma, a reversão dos números negativos?
“A gente precisa cada vez mais falar
sobre isso no sentido de prevenção de doença. Acho que a gente tem que
parar de tratar sexo como um tabu, mas tratar como uma coisa importante,
para gente ter uma saúde sexual e reprodutiva muito boa, para que a
gente possa ter relações saudáveis. Então, acho que é um tabu que a
gente precisa cada vez mais falar sobre isso.”
Pelo fato de boa parte das ISTs serem curáveis e terem tratamento, a população ignora a importância da prevenção?
“A prevenção tem uma importância
fundamental. A gente tem, hoje, infecções sexualmente transmissíveis
que, em sua maioria, têm cura. A gente tem a sífilis que se cura, a
gonorreia que se cura, o HPV tem uma vacina, a hepatite B tem uma
vacina... Hoje, a gente tem uma evolução importante mas são doenças que
te levam a tomar um medicamento, o que não é nada agradável (você ter
que tomar remédio sempre). A gente não pode banalizar situações de
doença e a prevenção é sempre importante nesses casos.”
Diante desse quadro, qual é a melhor forma de evitar o contágio?
“A melhor forma de evitar o contágio é,
primeiro, que a gente possa esclarecer para as pessoas as formas de
contágio, como que eu me infecto de uma infecção sexualmente
transmissível; e, principalmente, todas as medidas de prevenção. A gente
tá lançando agora, regularmente e pelo Ministério da Saúde, campanhas
sobre o uso da camisinha. A camisinha ainda é a medida mais fácil,
barata e segura com a qual a gente pode evitar as infecções sexualmente
transmissíveis.”
Para as pessoas que ainda estão com
dúvidas se estão infectadas ou que foram diagnosticadas e pensam em se
render ou ignorar a doença: qual é a importância de se fazer o
tratamento?
“O tratamento correto é importante
porque, primeiro: a gente tem que se gostar. A gente tem que fazer o
tratamento correto no sentido de que a gente possa ficar curada dessas
infecções sexualmente transmissíveis. E, principalmente, no caso dos
jovens que vão casar e vão ter filhos, para que não possam levar casos
de IST via gravidez. O número de casos de sífilis congênita é enorme.
Mas a gente precisa se tratar pra que a gente não possa passar pras
gerações futuras. Isso que é importante quanto as IST: a gente não pode
adoecer, não pode passar pro seu parceiro ou pra sua parceira e nem pras
gerações futuras que vêm por aí.”
O Brasil é referência mundial no combate
às IST, principalmente ao HIV. O país oferta assistência gratuita para
todos os casos de incidência. Quais são as principais estratégias e
desafios em relação à oferta de medicamentos e assistência do SUS?
“O que a gente tem usado no SUS e é
muito importante, principalmente para doenças como Aids, sífilis,
hepatite, tuberculose e hanseníase, é mostrar que nós temos uma Atenção
Básica poderosa para fazer diagnóstico desses casos. E que a gente tem
medicamentos bastante importantes. Hoje, só para você ter uma ideia, o
programa de Aids no Brasil tem o melhor tratamento do mundo. Nós
tratamos nossos pacientes com dolutegravir, que é o melhor tratamento
que se pode colocar no mundo. A estratégia maior, no SUS, é que a gente
possa buscar todas as pessoas, e buscar todas essas pessoas é através da
testagem. Hoje, nós distribuímos mais de 12 milhões de testes para HIV,
sífilis e hepatites nesse país, no sentido de que as pessoas possam ter
a possibilidade de fazer o seu diagnóstico e, imediatamente, iniciar o
tratamento e diminuir a carga de transmissão dessas doenças. Então a
estratégia é essa: testar, diagnosticar e tratar imediatamente as
pessoas na Atenção Básica em Saúde.”
Conversamos com diretor do Departamento
de ISTs do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, que nos trouxe um
balanço das infecções sexualmente transmissíveis no Brasil.
Proteja-se! Usar camisinha é uma responsa de todos. Se notar sinais de uma infecção Sexualmente Transmissível (IST), procure uma unidade de saúde e informe-se. Saiba mais em: saude.gov.br/ist.
Proteja-se! Usar camisinha é uma responsa de todos. Se notar sinais de uma infecção Sexualmente Transmissível (IST), procure uma unidade de saúde e informe-se. Saiba mais em: saude.gov.br/ist.
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