Mesmo com pandemia, governo garante que obra segue a pleno vapor; serviço vai facilitar o escoamento da produção e o tráfego na rodovia
O
mês de abril foi marcado pelo anúncio de obras em rodovias brasileiras.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)
iniciou, no início do mês, a construção da Ponte sobre o Rio Araguaia,
na BR-153, na divisa entre Pará e Tocantins. A obra vai ligar as cidades
de Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA) e deve custar em torno
de R$ 157 milhões.
Com a obra, o escoamento da produção e o
transporte de cargas na região serão impulsionados, facilitando o
tráfego de veículos e caminhões e diminuindo os custos no transporte de
cargas. Atualmente, a passagem de uma margem à outra do Rio Araguaia só
pode ser feita por meio de balsa.
A previsão de entrega da obra é em
setembro de 2022. As obras estavam paradas devido a uma disputa
judicial, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
obteve decisão favorável para prosseguir com o trabalho, que abrange
1.720 metros de extensão.
Segundo o presidente do Sindicato dos
Caminhoneiros do Pará (Sindicam-PA), Eurico Tadeu, a ponte é
extremamente importante, tanto para a categoria quanto para quem trafega
por ela. “Ela evita um percurso de quase 200 km se for por rodovia. O
percurso de Guaraí até Tocantins é muito longe, é uma volta muito
grande”, adianta.
Eurico Tadeu comenta também que a ponte
poderia sanar o problema com as balsas. Recentemente, um caminhão caiu
do transporte marítimo, segundo relato. “Além disso, é uma demora muito
grande para entrar na balsa. Formam-se filas muito longas para fazer
essa travessia”, lamenta.
O engenheiro civil Marcos Penna avalia a
importância de obras como essa para a população como um todo. “Elas são
de extrema importância para abastecer as cidades, levar produtos do
campo para as cidades. Sem essa operação das rodovias, o país poderia
estar vivendo um caos muito grande, então é de suma importância que se
mantenha o tráfego nas estradas.”
Histórico
A BR-153 é a quinta maior rodovia brasileira. Também conhecida como
Rodovia Transbrasiliana e Rodovia Belém-Brasília, a BR corta os estados
do Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, terminando na Fronteira Brasil–Uruguai.
Com a construção iniciada ainda na
década de 1950, no governo de Juscelino Kubitschek, as obras foram
finalizadas mais de 20 anos depois, em 1974. A rodovia é o principal
eixo de ligação rodoviária da região Norte com o restante do País.
No Pará, a BR-153 alcança,
principalmente, as cidades de Castanhal, Santa Maria, São Miguel do
Guamá, Paragominas e Capanema. Mais de 1,5 milhão de pessoas vivem em
locais ao longo da rodovia.
A assinatura do contrato para a obra na
BR-153 se deu ainda em 2017, com a presença do então presidente Michel
Temer. Devido a burocracia, prazos e processo na justiça, a obra ficou
suspensa. Só em 2019, após estudos geotécnicos, a ordem de serviço foi
assinada.
Eurico Tadeu lembra que, por ser uma
obra antiga, a rodovia precisa passar por melhorias. “Toda essa região,
tanto estadual quanto federal, estão em péssimas condições. Nós não
temos fiscalização de peso, então passa caminhão carregando minério com o
dobrou ou triplo da capacidade dele, e não se faz nada”, avisa o
presidente do Sindicam-PA. “Se houvesse fiscalização, ajudaria muito.”
Coronavírus
Em meio à crise mundial na saúde causada pelo novo coronavírus, o presidente do Sindicam-PA relata a realidade de quem roda pelas estradas. “Nós não temos apoio nenhum do governo do estado”, diz. O Sindicato representa mais de 80 mil caminhoneiros autônomos, mas muitos de outros estados passam diariamente pelo estado “Eles preferem trabalhar por aqui pela fiscalização, que é falha.”
Em meio à crise mundial na saúde causada pelo novo coronavírus, o presidente do Sindicam-PA relata a realidade de quem roda pelas estradas. “Nós não temos apoio nenhum do governo do estado”, diz. O Sindicato representa mais de 80 mil caminhoneiros autônomos, mas muitos de outros estados passam diariamente pelo estado “Eles preferem trabalhar por aqui pela fiscalização, que é falha.”
Segundo Eurico Tadeu, cada município tem
criado um decreto específico, o que prejudica a atividade. “Os
caminhoneiros não têm onde se alimentar, não tem banheiro, não tem
estrutura. Muitos chegam de outras cidades e não sabem em algumas
cidades há proibição de entrada de caminhão de carga.
Outra preocupação é sobre vacina, que
não tem chegado aos caminhoneiros. “Aqui já está um caos. E estava
acertado com o governo estadual que haveria campanha de vacinação para
nós, mas essa semana suspenderam tudo. Estamos à deriva.”
O governo garante que está tomando todas
as precauções em meio à pandemia do novo coronavírus e que a doença não
vai afetar o cronograma de obras pelo Brasil. Em nota, o DNIT afirma
que “está orientando as equipes e recomendando medidas de prevenção ao
coronavírus no ambiente de obras.”
O DNIT afirma que vem adotando as
medidas de segurança, como “realizar os serviços de conserva com
distância adequada para evitar possíveis contágios; disponibilizar
álcool em gel em diversos locais do canteiro de obras; utilização de
máscaras; higienizar diariamente os ônibus de transporte dos
trabalhadores; medir a temperatura dos trabalhadores antes da jornada
diária; conversar e alertar sobre os riscos da doença; adotar distância
mínima entre mesas nos refeitórios dos canteiros de obras.”
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