Medição vai começar por Minas Gerais, mas deve ser feita em várias regiões do país para apoiar medidas de combate e prevenção
O
monitoramento do esgoto passa ser uma das armas no enfrentamento ao
novo coronavírus. Tomando como base estudos realizados no exterior, a
Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas
(IGAM) e o INCT ETEs Sustentáveis, sediado e coordenado pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançaram o projeto-piloto
Monitoramento Covid Esgotos. A intenção é quantificar, por meio de
amostras, a quantidade de pessoas infectadas em uma região e a mudança
desses números no decorrer do tempo.
O projeto iniciou em Minas Gerais, em uma parceria da ANA com a UFMG.
A universidade de Minas Gerais vai mapear a ocorrência do novo
coronavírus no esgoto em diferentes pontos das sub-bacias sanitárias de
Belo Horizonte e Contagem. Além de saber como está a ocorrência de
coronavírus por regiões, os dados vão permitir a adoção de medidas de
relaxamento consciente do isolamento social e ainda pode possibilitar
avisos precoces dos riscos de aumento de incidência da Covid-19 de forma
regionalizada. Os métodos usados são os mesmos utilizados pelo Centro
de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), como
explica Juliana Calabria, professora de microbiologia aplicada em
engenharia sanitária da Universidade Federal de Minas Gerais.
“Estamos seguindo o protocolo do CDC, dos Estados Unidos, compramos
os primes e reagentes indicados por eles. A gente consegue ver ausência
ou presença do RNA viral da amostra bem como fazer a quantificação da
concentração do vírus em cada amostra”, explica.
A detecção e quantificação do vírus vai possibilitar a elaboração de
mapas dinâmicos georreferenciados para o acompanhamento da evolução
espacial e temporal da ocorrência do novo coronavírus. Segundo Juliana, o
projeto se estende por mais dez meses, mas a UFMG espera ter resultados
já nas próximas semanas.
“Esperamos que em duas ou três semanas teremos os primeiros
resultados, que serão divulgados. Em última análise o que a gente quer é
inserir o número de pessoas que estão infectadas na comunidade. Só que
nós vamos ter uma curva, a gente vai ver isso ao longo do tempo, então
teremos condições de verificar se essa concentração está subindo, se
isso se correlaciona com o número de infectados confirmados, divulgados
pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais e depois, como é um
projeto de dez meses, as amostras vão ser coletadas até dezembro e
esperamos mais para frente ver essa concentração do vírus no esgoto
decaindo”, ressalta.
O estudo tem grande potencial para auxiliar os especialistas em Saúde
no entendimento da circulação do novo coronavírus nas regiões
investigadas. Tanto que várias instituições e universidades do país
estão recebendo ajuda da UFMG para promover estudos similares.
Os primeiros dados serão divulgados no site do INCT, da Universidade
Federal de Minas Gerais, e possivelmente na página da Agência Nacional
de Águas.
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