terça-feira, 7 de abril de 2020

PR: Indústrias têxteis e de bebidas ajustam produção para enfrentar crise e fabricar máscaras e álcool

Ação coordenada pela FIEP visa manter empresas em funcionamento, manter empregos e suprir a demanda de itens essenciais no combate à covid-19

Foto: Gelson Bampi/FIEP

A pedido da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, da Federação das Santas Casas, do Exército Brasileiro e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) articula, por meio das fábricas locais, a produção de itens para combater o coronavírus. Isso inclui álcool gel, máscaras, luvas e aventais, materiais em falta no mercado e que são indispensáveis para trabalhadores da saúde e da segurança pública, por exemplo.
Segundo o gerente de Assuntos Estratégicos da FIEP, João Arthur Mohr, a principal preocupação é que os setores considerados essenciais, como de alimentos, de equipamentos de saúde, de medicamentos e de produtos de higiene e limpeza, mantenham a atividade industrial, com as devidas precauções, para evitar desabastecimento. 
“Indústrias que produzem camiseta e bonés hoje estão preparadas para produzir máscaras. Da mesma forma estamos trabalhando em outras linhas: ventiladores mecânicos junto ao setor automotivo, álcool em gel junto ao setor de bebidas, para tentar minimizar os impactos da crise”, aponta Mohr.
Além de um gesto de solidariedade a quem está na linha de frente no combate à pandemia de covid-19, adaptar os métodos de fabricação foi a alternativa encontrada para manter empregos e negócios abertos no estado. 
“Devido a essa crise que todos estamos passando, pensamos no que poderia ser feito para que não houvesse tanta demissão, já que a maioria dos contratos foi cancelada. Magazines estão cancelando contratos. Os lojistas, com tudo fechado, não estão comprando nada”, lamenta a presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale), Elizabete Ardigo.
A prefeitura da “capital nacional do boné” adquiriu 100 mil máscaras cirúrgicas descartáveis, confeccionadas com fibras de polipropileno e resina plástica (SMS) – os itens também têm filtração bacteriana e viral. A primeira remessa, de 3,5 mil unidades, já foi entregue e vai atender os servidores públicos das Unidades Básicas de Saúde, do Pronto Atendimento do Coronavírus e outros profissionais da área, assim como pacientes com suspeita da doença.
A encomenda, segundo a presidente da Sivale, é um alívio para os empresários de seis indústrias da região de Apucarana, que agora, em vez de roupas, trabalham na elaboração de máscaras e aventais. “Temos uma venda garantida, para conseguir sobreviver, ao menos um pouco, nessa crise”, pondera Elizabete. Segundo informações da prefeitura de Apucarana, os 100 mil insumos devem ser entregues até a próxima semana. Ao custo de 80 centavos por unidade, o investimento da administração municipal foi de R$ 80 mil.
Como a adaptação de maquinários e de trabalhadores requer assistência e acompanhamento especializados, a Federação das Indústrias tem orientado as empresas sobre padrões de fabricação exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de tirar dúvidas dos empresários. Os informativos sobre essa e outras ações, como procedimentos de prevenção e alternativas de gestão no ambiente de trabalho, estão disponíveis no site fiepr.org.br.

Em vez de bebidas, álcool em gel

Outro setor que mudou a rotina de produção por conta da pandemia é o de bebidas. Nas fábricas do estado, sai a manufatura de cervejas e aguardentes e entra em cena a fabricação de álcool líquido, usado na limpeza de superfícies e aparelhos hospitalares, e álcool em gel, recomendado para a higienização das mãos.
Dono de uma cachaçaria em Morretes, o presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas do Paraná (Sindibebidas), Fulgêncio Torres Viruel, relata que mesmo sem casos confirmados de coronavírus, a cidade sofre com o impacto da pandemia. “A primeira consequência da crise foi sentida no hospital da cidade onde, apesar de não ter nenhum caso de covid-19 diagnosticado, eles começaram a enfrentar problemas na hora de adquirir álcool”, indica. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, até às 15h50 desta segunda-feira (6), 13 casos de coronavírus foram descartados no município e não há nenhuma notificação confirmada ou sob investigação. 
Diante do desabastecimento parcial de álcool, Viruel tomou a decisão de redirecionar a força de trabalho para suprir essa necessidade. “O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) entrou em contato com a Anvisa e, depois de alguns dias de negociação, houve determinação da Anvisa para que destilarias de cachaça pudessem produzir álcool a 70% para fins exclusivos de doação”, explica o produtor, que estima que, nas próximas duas semanas, seu engenho vá produzir e doar à Secretaria Municipal de Saúde 800 litros de álcool.


Além da FIEP e dos sindicatos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e as Federações das Indústrias dos demais estados e do DF têm levado informação e tomado medidas para reduzir os impactos econômicos e preservar vidas por meio da campanha nacional “A indústria contra o coronavírus”. O principal objetivo é amenizar os efeitos da covid-19 e proteger quem produz e quem consome. Mais detalhes sobre as ações de cada instituição podem ser acessados pelas redes sociais.


Daniel Marques

 

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