Ação coordenada pela FIEP visa manter empresas em funcionamento, manter empregos e suprir a demanda de itens essenciais no combate à covid-19
A
pedido da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, da Federação das
Santas Casas, do Exército Brasileiro e do Departamento Penitenciário
Nacional (Depen), a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) articula,
por meio das fábricas locais, a produção de itens para combater o
coronavírus. Isso inclui álcool gel, máscaras, luvas e aventais,
materiais em falta no mercado e que são indispensáveis para
trabalhadores da saúde e da segurança pública, por exemplo.
Segundo o gerente de Assuntos
Estratégicos da FIEP, João Arthur Mohr, a principal preocupação é que os
setores considerados essenciais, como de alimentos, de equipamentos de
saúde, de medicamentos e de produtos de higiene e limpeza, mantenham a
atividade industrial, com as devidas precauções, para evitar
desabastecimento.
“Indústrias que produzem camiseta e
bonés hoje estão preparadas para produzir máscaras. Da mesma forma
estamos trabalhando em outras linhas: ventiladores mecânicos junto ao
setor automotivo, álcool em gel junto ao setor de bebidas, para tentar
minimizar os impactos da crise”, aponta Mohr.
Além de um gesto de solidariedade a quem
está na linha de frente no combate à pandemia de covid-19, adaptar os
métodos de fabricação foi a alternativa encontrada para manter empregos e
negócios abertos no estado.
“Devido a essa crise que todos estamos
passando, pensamos no que poderia ser feito para que não houvesse tanta
demissão, já que a maioria dos contratos foi cancelada. Magazines estão
cancelando contratos. Os lojistas, com tudo fechado, não estão comprando
nada”, lamenta a presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de
Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale), Elizabete Ardigo.
A prefeitura da “capital nacional do
boné” adquiriu 100 mil máscaras cirúrgicas descartáveis, confeccionadas
com fibras de polipropileno e resina plástica (SMS) – os itens também
têm filtração bacteriana e viral. A primeira remessa, de 3,5 mil
unidades, já foi entregue e vai atender os servidores públicos das
Unidades Básicas de Saúde, do Pronto Atendimento do Coronavírus e outros
profissionais da área, assim como pacientes com suspeita da doença.
A encomenda, segundo a presidente da
Sivale, é um alívio para os empresários de seis indústrias da região de
Apucarana, que agora, em vez de roupas, trabalham na elaboração de
máscaras e aventais. “Temos uma venda garantida, para conseguir
sobreviver, ao menos um pouco, nessa crise”, pondera Elizabete. Segundo
informações da prefeitura de Apucarana, os 100 mil insumos devem ser
entregues até a próxima semana. Ao custo de 80 centavos por unidade, o
investimento da administração municipal foi de R$ 80 mil.
Como a adaptação de maquinários e de
trabalhadores requer assistência e acompanhamento especializados, a
Federação das Indústrias tem orientado as empresas sobre padrões de
fabricação exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de
tirar dúvidas dos empresários. Os informativos sobre essa e outras
ações, como procedimentos de prevenção e alternativas de gestão no
ambiente de trabalho, estão disponíveis no site fiepr.org.br.
Em vez de bebidas, álcool em gel
Outro setor que mudou a rotina de
produção por conta da pandemia é o de bebidas. Nas fábricas do estado,
sai a manufatura de cervejas e aguardentes e entra em cena a fabricação
de álcool líquido, usado na limpeza de superfícies e aparelhos
hospitalares, e álcool em gel, recomendado para a higienização das mãos.
Dono de uma cachaçaria em Morretes, o
presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas do Paraná
(Sindibebidas), Fulgêncio Torres Viruel, relata que mesmo sem casos
confirmados de coronavírus, a cidade sofre com o impacto da pandemia. “A
primeira consequência da crise foi sentida no hospital da cidade onde,
apesar de não ter nenhum caso de covid-19 diagnosticado, eles começaram a
enfrentar problemas na hora de adquirir álcool”, indica. Segundo dados
da Secretaria Estadual de Saúde, até às 15h50 desta segunda-feira (6),
13 casos de coronavírus foram descartados no município e não há nenhuma
notificação confirmada ou sob investigação.
Diante do desabastecimento parcial de
álcool, Viruel tomou a decisão de redirecionar a força de trabalho para
suprir essa necessidade. “O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC)
entrou em contato com a Anvisa e, depois de alguns dias de negociação,
houve determinação da Anvisa para que destilarias de cachaça pudessem
produzir álcool a 70% para fins exclusivos de doação”, explica o
produtor, que estima que, nas próximas duas semanas, seu engenho vá
produzir e doar à Secretaria Municipal de Saúde 800 litros de álcool.
Além da FIEP e dos sindicatos, a
Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o
Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e as Federações das Indústrias dos demais
estados e do DF têm levado informação e tomado medidas para reduzir os
impactos econômicos e preservar vidas por meio da campanha nacional “A
indústria contra o coronavírus”. O principal objetivo é amenizar os
efeitos da covid-19 e proteger quem produz e quem consome. Mais detalhes
sobre as ações de cada instituição podem ser acessados pelas redes
sociais.
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