Um dos projetos proíbe a inscrição de consumidores inadimplentes em cadastros negativos como o Serasa e o SPC durante o estado de calamidade
O
Congresso Nacional analisa propostas para ajudar no enfrentamento à
pandemia da Covid-19 que assola o Brasil. Algumas das medidas em
destaque são direcionadas para facilitar o pagamento de débitos ou até a
suspenção deles. É o caso, por exemplo, do projeto de lei 1166/2020,
que limita a 20% os juros cobrados no cartão de crédito e no cheque
especial para dívidas contraídas entre março de 2020 e julho de 2021.
Autor do PL, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) afirma que a ideia já
é adotada em outros países e, como o Brasil passa por um momento
difícil devido à crise causada pelo novo coronavírus, a medida se faz
necessária.
“O Banco Central deveria limitar as taxas de juros sobre cartões de
crédito rotativos, como outros países fazem. Em Portugal, o Banco
Central limita, para este ano, em 16%. No Brasil, a liberalidade é total
e os bancos cobram taxas de juros extraordinárias”, argumenta o
parlamentar.
Na avaliação de Alvaro Dias, com a taxa básica de juros (Selic) tão
baixa, não é razoável manter juros superiores a 600% ao ano. Segundo o
senador, uma taxa de 20% ao ano é satisfatória e suficiente para
remunerar as instituições de crédito nesse período de crise. Atualmente,
o projeto aguarda análise pela Secretaria Legislativa da Casa.
Outro projeto de lei em tramitação no Senado que visa atender pessoas endividadas é o PL 675/2020, que proíbe a inscrição de consumidores inadimplentes em cadastros negativos como o Serasa e o SPC durante o estado de calamidade. A matéria aguarda votação no plenário do Senado.
O deputado federal Denis Bezerra (PSB-CE), um dos autores da matéria, afirma que o principal objetivo da proposta é dar uma alternativa para as pessoas endividadas que passam por dificuldades financeiras ainda maiores devido à pandemia.
“Havendo uma negativação, esse acesso às linhas de créditos seria dificultado. Então, por isso que é muito importante, nesse momento de crise, a aprovação do PL na Câmara e no Senado. Todos os brasileiros que estão enfrentando esse momento difícil estarão abrangidos pelo benefício da suspensão de inscrição nos cadastros de inadimplência”, garante Bezerra.
Ainda de acordo com o parlamentar, todos os cadastros feitos
anteriormente permanecem, mas não podem ser um fator impeditivo de
acesso a essas linhas de crédito. Além disso, desde primeiro de janeiro
de 2020 estão temporariamente suspensas as execuções de dívidas,
enquanto durarem o efeito do decreto de calamidade.
Denis Bezerra também é autor de outro projeto de lei aprovado nesta
terça-feira (13), pelo Senado. Trata-se do PL 1079/2020, que suspende os
pagamentos devidos pelos estudantes ao Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) durante a vigência do estado de calamidade pública.
“Os estudantes beneficiados são os que realmente fazem uso para os
seus estudos do Fies. Tanto os que estão nos bancos universitários
quanto os que são egressos das faculdades. Não vai importar se são
adimplentes ou se estão em inadimplência até 180 dias antes do decreto
de calamidade. Então, até mesmo os estudantes ou egressos inadimplentes
também terão direito a essa suspensão desde que cumpram esse requisito”,
explica o deputado.
Um dos trechos do PL estabelece que suspensão para os estudantes
beneficiários do Fies as obrigações de pagamentos para fins de
capitalização de juros, amortização de saldo devedor e juros incidentes
sobre o financiamento, enquanto durar o estado de calamidade sanitária.
O plenário da Câmara dos Deputados analisa, ainda, o projeto de lei
1562/20 obriga a população a usar máscaras de proteção facial por causa
da pandemia do novo coronavírus. O PL determina uso do equipamento de
proteção individual em ruas, instalações, prédios ou áreas de acesso
público, enquanto durar o estado de calamidade pública provocado pelo
avanço da Covid-19.
Autor do projeto, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA)
garante que a medida vai ajudar na redução dos números de casos de
Covid-19 entre a população brasileira.
“A Organização Mundial da Saúde já recomenda que todos usem máscaras.
Há uma grande diminuição no percentual de contágio entre as pessoas que
têm Covid-19 e das que não tem, quando os dois usam máscaras. Então,
como há muita gente doente e até morrendo, eu não tenho dúvida de que a
obrigatoriedade do uso de máscaras vai fazer com que esse contágio
diminua entre a população brasileira”, afirma.
Requerimentos de urgência
Alguns projetos em tramitação no Congresso Nacional, que também visam
minimizar os efeitos da pandemia da Covid-19 tiveram pedidos de
requerimento para tramitarem em caráter de urgência.
Um deles é o PL 1397/20, que altera diversas regras da legislação
falimentar para acomodar o impacto econômico da pandemia causada pelo
coronavírus sobre empresas em dificuldades econômicas.
Outro é o PL 2159/20, que inclui escolas comunitárias, confessionais
ou filantrópicas de educação básica entre as que podem fazer a
distribuição os gêneros alimentícios adquiridos com recursos recebidos à
conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Um terceiro é o PL 2306/20, que concede incentivo fiscal para as
empresas que desenvolverem estudos e projetos sobre o novo coronavírus
mediante parceria com entidades que façam parte do ProUni.
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