quinta-feira, 14 de maio de 2020

Unidade da Embrapa em Campo Grande começa a rodar testes para diagnóstico da Covid-19

Laboratório vai ajudar a aliviar a pressão em outros centros do estado; capacidade instalada permite analisar 100 testes por dia

Governo Federal

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Corte, em Campo Grande, começou a rodar testes para diagnóstico da covid-19 nesta semana. O objetivo é que a unidade ajude a aliviar a pressão sobre o Laboratório Central de Saúde Pública do estado (Lacen-MS).
De início, o centro de pesquisa recebeu kits de diagnóstico suficientes para processar cerca de três mil testes do tipo RT-PCR. Esse é um exame de biologia molecular capaz de detectar o material genético do vírus logo nos estágios iniciais da infecção.
Segundo a Embrapa, há capacidade para analisar 100 testes por dia. O laboratório analisa as amostras coletadas do serviço de teste em drive thru de Corumbá. Por enquanto, a chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Gado de Corte, Lucimara Chiari, aponta que a estrutura é mais do que suficiente. Ela afirma que, se necessário, é possível ampliar a capacidade diária.
“O drive thru de Corumbá está coletando entre 20 e 25 amostras por dia - no caso, às segundas, quartas e sextas, mas estamos prontos para ampliar esse número. Temos outros profissionais capacitados que poderiam entrar nessa força tarefa, dando esse auxílio e ampliando o número de análises, caso seja necessário”, reforça.

Desafogo
 
Como forma de aliviar o sistema, a unidade já realizava testes de diagnósticos de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. Assim, o Lacen sul-mato-grossense concentrava a análise dos testes para o novo coronavírus. A participação da Embrapa na rodagem dos testes para detecção de covid-19 ocorre a pedido das autoridades locais.
A equipe que vai analisar os testes é composta por cinco profissionais da unidade, dois pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-MS) e um da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Eles têm especialidade em virologia, imunologia, genética e biologia molecular.
Segundo Lucimara Chiari, com o aumento da capacidade para rodar os testes, Mato Grosso do Sul não corre o risco de os exames ficarem parados aguardando análise, problema enfrentado por outros estados.
“Desde o início da pandemia, nos colocamos à disposição, visto que o número de testagem poderia ser muito grande, sobrecarregando o serviço de saúde pública. Os números aqui no estado mostram que [a capacidade de analisar 100 testes por dia] seria suficiente. Não tivemos represamento nenhum. O Lacen estava conseguindo entregar os resultados dentro das 24 horas. E nós também conseguimos fazer dentro do prazo esperado”, garante ela.
A Embrapa negocia recursos junto ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para comprar mais insumos necessários para rodar os testes.

Biossegurança
 
Após analisar os testes, a Embrapa vai encaminhar os resultados à Secretaria Estadual de Saúde, responsável por colher os dados oficiais da doença. Até a manhã desta quarta-feira (13), o órgão registrava 405 casos confirmados e 13 mortes causadas por covid-19.
O laboratório da unidade foi inaugurado em 2017 e possui áreas de biossegurança níveis um, dois e três (NB1, NB2 e NB3). A estrutura para rodar os diagnósticos tem cabines de segurança, aparelhos de RT-PCR, autoclave, ultrafreezers e microcentrífugas, por exemplo.
De acordo com classificação internacional de riscos, um laboratório pode chegar até ao  nível quatro, que é o máximo de biossegurança necessário para trabalhar com patógenos, como o Ebola. No caso do novo coronavírus, laboratórios com nível de biossegurança dois e três são suficientes. Na Embrapa Gado de Corte, todas as etapas do processamento são feitas na categoria três, segundo Lucimara Chiari.
 

Felipe Moura

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