Laboratório vai ajudar a aliviar a pressão em outros centros do estado; capacidade instalada permite analisar 100 testes por dia
A
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Corte, em
Campo Grande, começou a rodar testes para diagnóstico da covid-19 nesta
semana. O objetivo é que a unidade ajude a aliviar a pressão sobre o
Laboratório Central de Saúde Pública do estado (Lacen-MS).
De início, o centro de pesquisa recebeu
kits de diagnóstico suficientes para processar cerca de três mil testes
do tipo RT-PCR. Esse é um exame de biologia molecular capaz de detectar o
material genético do vírus logo nos estágios iniciais da infecção.
Segundo a Embrapa, há capacidade para
analisar 100 testes por dia. O laboratório analisa as amostras coletadas
do serviço de teste em drive thru de Corumbá. Por enquanto, a chefe de
pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Gado de Corte, Lucimara Chiari,
aponta que a estrutura é mais do que suficiente. Ela afirma que, se
necessário, é possível ampliar a capacidade diária.
“O drive thru de Corumbá está coletando
entre 20 e 25 amostras por dia - no caso, às segundas, quartas e sextas,
mas estamos prontos para ampliar esse número. Temos outros
profissionais capacitados que poderiam entrar nessa força tarefa, dando
esse auxílio e ampliando o número de análises, caso seja necessário”,
reforça.
Desafogo
Como forma de aliviar o sistema, a unidade já realizava testes de
diagnósticos de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. Assim, o
Lacen sul-mato-grossense concentrava a análise dos testes para o novo
coronavírus. A participação da Embrapa na rodagem dos testes para
detecção de covid-19 ocorre a pedido das autoridades locais.
A equipe que vai analisar os testes é
composta por cinco profissionais da unidade, dois pesquisadores da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-MS) e um da Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul (UEMS). Eles têm especialidade em virologia, imunologia,
genética e biologia molecular.
Segundo Lucimara Chiari, com o aumento
da capacidade para rodar os testes, Mato Grosso do Sul não corre o risco
de os exames ficarem parados aguardando análise, problema enfrentado
por outros estados.
“Desde o início da pandemia, nos
colocamos à disposição, visto que o número de testagem poderia ser muito
grande, sobrecarregando o serviço de saúde pública. Os números aqui no
estado mostram que [a capacidade de analisar 100 testes por dia] seria
suficiente. Não tivemos represamento nenhum. O Lacen estava conseguindo
entregar os resultados dentro das 24 horas. E nós também conseguimos
fazer dentro do prazo esperado”, garante ela.
A Embrapa negocia recursos junto ao
Ministério da Saúde e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) para comprar mais insumos necessários para rodar os
testes.
Biossegurança
Após analisar os testes, a Embrapa vai encaminhar os resultados à
Secretaria Estadual de Saúde, responsável por colher os dados oficiais
da doença. Até a manhã desta quarta-feira (13), o órgão registrava 405
casos confirmados e 13 mortes causadas por covid-19.
O laboratório da unidade foi inaugurado
em 2017 e possui áreas de biossegurança níveis um, dois e três (NB1, NB2
e NB3). A estrutura para rodar os diagnósticos tem cabines de
segurança, aparelhos de RT-PCR, autoclave, ultrafreezers e
microcentrífugas, por exemplo.
De acordo com classificação
internacional de riscos, um laboratório pode chegar até ao nível
quatro, que é o máximo de biossegurança necessário para trabalhar com
patógenos, como o Ebola. No caso do novo coronavírus, laboratórios com
nível de biossegurança dois e três são suficientes. Na Embrapa Gado de
Corte, todas as etapas do processamento são feitas na categoria três,
segundo Lucimara Chiari.
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