Ações emergenciais ocorrem em meio à crise causada pelo coronavírus
O
Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma série de medidas para
diminuir a burocracia e facilitar a concessão de financiamento aos
produtores rurais. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União
da última terça-feira (5). As ações ocorrem em meio à pandemia da
Covid-19 e à necessidade de manutenção do distanciamento social,
conforme as autoridades em saúde recomendam.
De acordo com a resolução, não é mais
necessária a apresentação do registro em cartório de dois documentos: o
primeiro, é aquele que comprova a relação contratual entre proprietário
da terra e o beneficiário do crédito rural — normalmente uma pessoa ou
cooperativa que aluga a terra; o segundo, é a carta de anuência. Agora,
basta ao proprietário informar à instituição financeira que a relação
existe, por meio eletrônico. No entanto, isso só vale para as operações
de crédito contratadas entre 1º de março e 30 de junho.
A resolução também permite a renovação
simplificada dos financiamentos de custeio agrícola e pecuário até o dia
30 de junho. Para isso, o produtor rural deverá concordar previamente —
por qualquer meio que permita comprovação posterior — com a instituição
financeira. O governo espera que isso evite deslocamentos frequentes
daqueles que desejam novos empréstimos. Um dos objetivos é diminuir
aglomerações e a chance de transmissão do novo coronavírus.
Segundo Mauricio Ejchel, advogado
internacional e de comércio exterior, a resolução é positiva, pois o
acesso aos cartórios está mais difícil por causa da pandemia do novo
coronavírus, o que impacta no registro da documentação exigida pelos
bancos para formalizar o financiamento.
“A resolução é extremamente oportuna,
traz benefício àquele que produz, garante o abastecimento, beneficia o
produtor rural e, de certo modo, não impacta para o banco que concede o
empréstimo. A medida é extremamente atual, excepcionalmente bem-vinda e
que deve ser observada por todo o período que, eventualmente, essa
pandemia seja mantida.”
A resolução também amplia o prazo para
que os produtores rurais comprovem a compra de insumos, veículos,
máquinas, equipamentos e pagamento de mão-de-obra. Agora, eles terão até
o dia 31 de julho. Em relação à bovinocultura, quem adquirir o
financiamento poderá apresentar a Guia de Trânsito Animal (GTA) e a
ficha sanitária até a mesma data.
Além das ações que visam facilitar a
concessão de crédito, o governo flexibilizou a fiscalização de alguns
quesitos. Mauricio Ejchel explica que algumas operações poderão ser
fiscalizadas posteriormente e que as de menor risco serão dispensadas
deste controle por parte das instituições financeiras.
“A análise documental segue igual, o
preenchimento de formulários, documentos e carta idênticos. O único
elemento que muda é o registro em cartório. Além disso, para certas
operações, também vai ocorrer uma fiscalização posterior, que vai poder
analisar tudo o que ocorreu antes. E, para outras operações consideradas
de menor risco, já existe uma possibilidade jurídica de dispensa dessa
fiscalização."
Apesar da pandemia do novo coronavírus, o
setor agropecuário bateu recordes históricos de exportação de alguns
produtos em abril. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, a
soja, o algodão e as carnes suína e bovina superaram as melhores marcas
mensais até então. Entre janeiro e abril, a agricultura responde por
22,9% das exportações brasileiras. Na mesma época em 2019, o setor foi
responsável por 18,7%.

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