A interiorização da epidemia da Covid-19 já é uma preocupação real entre os gestores municipais, estaduais e federais
A
interiorização da epidemia da Covid-19 já é uma preocupação real entre
os gestores municipais, estaduais e federais. De acordo com a última
análise do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/
Fiocruz), o crescimento de casos da doença no interior do país está
chegando de forma acelerada aos municípios de médio porte. O
levantamento foi feito a partir da analise dos dados de pesquisa do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Inicialmente a epidemia da Covid-19 no
Brasil, começou a se disseminar nas grandes metrópoles do país. No
entanto, nas últimas semanas de acordo com a analise de pesquisadores da
Fiocruz, 44% das cidades brasileiras com 20 mil e 50 mil habitantes
passaram a notificar casos de pessoas infectadas pelo coronavírus. O
levantamento apontou ainda que a tendência é que os pequenos municípios
também sejam atingidos nos próximos dias em decorrência dos ciclos de
transmissão. Acesse o link para verificar lista de municípios.
Sistema MonitoraCovid-19
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), criou
uma plataforma para monitorar a evolução dos casos e óbitos em
decorrência, o chamado Sistema MonitoraCovid-19. O objetivo do painel é
apresentar uma estimativa da situação da doença nos estados brasileiros e
configurar o cenário nacional.
Recentemente a instituição por
intermédio da avaliação do Sistema MonitoraCovid-19, divulgou nota
técnica registrando a preocupação com a tendência de crescimento de
casos da doença em cidades de médio e pequeno porte. A nota construída
pelos pesquisadores da Fiocruz destaca ainda, que metade das regiões
para onde a doença está se disseminando apresenta poucos recursos para
atender as necessidades de saúde pública na atual situação da pandemia.
O médico infectologista da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Júlio Croda destaca que a interiorização do
coronavírus para essas regiões mais carentes é preocupante. “É um grande
problema a interiorização porque a maioria dos estados concentram os
seus leitos de terapias intensivas nas grandes cidades. A maioria desses
interiores não tem leitos de UTI. Principalmente no Norte e no Nordeste
onde a doença está mais avançada e onde já faltam leitos de terapia
intensiva nas capitais. Tanto que algumas já decretaram o lockdown”,
ressaltou.
Alguns municípios brasileiros já começam
a enfrentar o problema da falta de leitos, como é o caso do município
de Itamaraju, localizado no sul do estado da Bahia. “A região de
Itamaraju está com 70 casos e não tem nenhum leito de terapia intensiva
disponível. Se a gente tem 70 casos, estima-se que 20% precisa de um
leito de UTI, ou seja, 14 pessoas poderão se internar em ambiente
hospitalar e desses 5% precisam de um leito de terapia intensiva”, disse
o médico infectologista Júlio Croda.
Outra preocupação relevante relacionada
ao fenômeno da interiorização é o funcionamento do próprio sistema de
vigilância nesses municípios, como ressalta Júlio Croda. “Além disso, o
serviço de vigilância epidemiológica para investigação de possíveis
contatos e testagem é precário. O acesso a coleta de exames, a testagem e
o monitoramento do isolamento geralmente são feitos por uma única
pessoa, que exerce diversas outras atividades nesses pequenos
municípios. Então, é com bastante preocupação que a gente observa esse
fenômeno de interiorização”, disse.
Já o supervisor do Núcleo de
Desenvolvimento Social da Confederação Nacional dos Municípios (CNM),
Denilson Magalhães, alerta que a interiorização dos casos da Covid-19
também está ocorrendo no momento em que a equipe médica está
transferindo um paciente de um município pequeno para o atendimento de
média e alta complexidade nos grandes centros.
“No momento de transferência de um
paciente de um município menor para um município de referência, onde ele
vai precisar de uma internação hospitalar ou até mesmo de uma UTI, a
equipe que transfere esse paciente até o município maior, quando retorna
ao seu município de origem, essa equipe já está infectada. Isso está
provocando uma disseminação do coronavírus em território nacional”,
destacou Magalhães.
O supervisor do CNM, Denilson Magalhães,
ressalta ainda sobre o movimento da população em busca das cidades que
ainda não registram casos da Covid-19, como busca de proteção. “As
pessoas que residem nesses grandes centros urbanos, estão em busca das
pequenas cidades. As vezes pela sua origem familiar. Esse movimento de
pessoas entre os grandes centros urbanos e municípios menores tem
provocado uma disseminação em território nacional”, disse.
De acordo com Denilson Magalhães para
evitar a disseminação do coronavírus nessas cidades de médio e pequeno
porte, a Confederação Nacional de Municípios tem orientado os gestores
com o intuito de monitorar o movimento da população. “Nós temos pedido e
orientado aos nossos gestores, inclusive dos municípios menores que
acompanhem todas as medidas que o governo do estado está adotando. Se
ele está fazendo restrição, isolamento social, isolamento domiciliar.
Que o município acompanhe, por mais que não tenha nenhum caso. Monitore e
oriente a sua população sobre o problema”, afirmou Magalhães.
Pesquisa IBGE
A análise dos pesquisadores do Instituto
de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/ Fiocruz), levou em
consideração o estudo do IBGE que se baseia no conceito de Regiões de
Influência das Cidades (Regic). A ideia coloca os municípios em uma nova
distribuição regional, de acordo com o relacionamento e o deslocamento
entre cidades, provocado pela necessidade do atendimento à saúde.
Para mais informações acesse: www.portal.fiocruz.br
Tabela - Taxa de Mortalidade de Covid-19
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