Estado do Amazonas é o que tem mais localidades indígenas no país; estimativas de quilombolas farão parte de Censo do IBGE pela primeira vez
O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antecipou a
divulgação da Base de Informações Geográficas e Estatísticas sobre os
Indígenas e Quilombolas. O objetivo é que os dados facilitem medidas
para que órgãos públicos e sociedade civil possam enfrentar a Covid-19
junto aos povos tradicionais. O Amazonas, por exemplo, que concentra
quase 40% das localidades indígenas no país, é o estado com a maior taxa
de mortalidade pela doença.
De acordo com o levantamento de 2019,
existem 7.103 localidades indígenas e 5.972 localidades quilombolas, no
Brasil. Para o IBGE, uma localidade é composta por um aglomerado
permanente de habitantes. As informações foram coletadas a partir da
base territorial do Censo de 2010 — o último do órgão — e dos dados
preliminares do próximo Censo, previsto para 2021.
A base não traz dados atualizados sobre o
número de indígenas e quilombolas que vivem no Brasil, cuja divulgação
também ocorrerá no próximo Censo. Segundo o levantamento de 2010, havia
896.917 indígenas no Brasil. Esta vai ser a primeira vez que a população
de quilombolas será estimada.
De acordo com Fernando Damasco, gerente
de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, o órgão resolveu
antecipar os dados a pedido de diversos setores da sociedade,
preocupados com o avanço do novo coronavírus sobre os povos
tradicionais. Ele afirma que a antecipação vai permitir o
desenvolvimento de políticas, planos e logísticas para o combate à
doença junto a essas comunidades.
“Essa antecipação se deu em virtude do
enfrentamento a Covid-19. O IBGE recebeu uma série de solicitações por
parte de instituições, órgãos públicos e organizações da sociedade
civil, que queriam dados atualizados sobre a distribuição da população
indígena e quilombola no território brasileiro. Como nós tínhamos
produzido um mapeamento bastante detalhado do próximo Censo, foi
possível antecipar os dados e fornecer um panorama dessas localidades
nos municípios brasileiros”, disse Fernando.
Indígenas
Dos 5.570 municípios brasileiros, 827 têm localidades indígenas, aponta o IBGE. Dessas, 632 são terras indígenas oficialmente delimitadas. Existem ainda 5.494 agrupamentos — conjunto de 15 ou mais indivíduos em moradias de até 50 metros de distância e que estabelecem vínculos familiares ou comunitários. Por fim, há 977 que são denominadas ‘outras localidades indígenas’. Recebem esse nome, porque os domicílios estão separados por mais de 50 metros.
Dos 5.570 municípios brasileiros, 827 têm localidades indígenas, aponta o IBGE. Dessas, 632 são terras indígenas oficialmente delimitadas. Existem ainda 5.494 agrupamentos — conjunto de 15 ou mais indivíduos em moradias de até 50 metros de distância e que estabelecem vínculos familiares ou comunitários. Por fim, há 977 que são denominadas ‘outras localidades indígenas’. Recebem esse nome, porque os domicílios estão separados por mais de 50 metros.
Na distribuição por região, o Norte
concentra 63,4% das localidades indígenas do Brasil. São 4.504, ao todo.
O Nordeste vem logo atrás com 1.211 (17%). Em seguida vêm Centro Oeste,
que tem 713 (10%), Sudeste com 374 (5,3%) e o Sul, que têm 301
localidades indígenas (4,3%).
O Amazonas é o estado que mais possui
localidades indígenas: 2.602. Isso quer dizer que uma em cada três
localidades indígenas brasileiras fica no estado. Roraima, com 587
registros e o Pará, que tem 546, completam a lista dos três primeiros. O
Sergipe é a unidade da federação com menos ocorrências. Tem quatro.
Sete dos dez municípios que tem mais
localidades indígenas estão no Amazonas. Dois estão em Roraima e um no
Pará. De acordo com o IBGE, o município de São Gabriel da Cachoeira
(AM), é o que mais contém localidades indígenas no país, com 429. Em
seguida vêm Alto Alegre, município roraimense e Lábrea, também no
Amazonas.
O último recorte antecipado pelo IBGE se
refere ao número de terras indígenas oficialmente delimitadas. Todas as
regiões do país tem terras delimitadas. A primeira é a região Norte,
com 305. Em seguida vem o Centro-Oeste (126), Nordeste (79), Sul (77) e
Sudeste (45).

Quilombolas
No Censo de 2021, o IBGE vai identificar a população quilombola pela
primeira vez. Segundo dados preliminares do órgão, as 5.972 localidades
quilombolas estão presentes em 1.672 municípios brasileiros. Isso é mais
do que o dobro da distribuição territorial indígena no país.
A região Nordeste concentra mais da
metade das localidades quilombolas no Brasil. São 3.171. Sudeste
(1.359), Norte (873), Sul (319) e Centro-Oeste (250) vêm em seguida. No
recorte por estado, a Bahia é onde existem mais quilombos. Existem pouco
mais de mil em território baiano. Minas Gerais e Maranhão estão entre
os três primeiros. Já o Acre e Roraima — estados com significativa
presença indígena — não têm quilombos.
Quatro dos dez municípios com mais
localidades quilombolas estão no Maranhão. Mas é a cidade de
Barreirinha, interior do Amazonas, que têm mais quilombos no Brasil
(167).
A Base de Informações Geográficas e
Estatísticas sobre os Indígenas e Quilombola mostra que, desde o Censo
de 2010, o número de localidades indígenas saltou de 1.856 para 7.103.
Embora não seja mensurável, também houve aumento na quantidade de
quilombos. Segundo Fernando Damasco, isso se deve a dois fatores: o
aperfeiçoamento das técnicas usadas pelo órgão para estimar esses dados e
ao movimento territorial dos povos tradicionais.
“Esse número aumentou
significativamente, em primeiro lugar, porque há um aperfeiçoamento nos
últimos dez anos das metodologias de mapeamento disponíveis de um modo
geral e, também no IBGE, um envolvimento completo de toda a rede do IBGE
neste mapeamento. E, por outro lado, pela dinâmica das próprias
populações indígenas e quilombolas”, afirmou Damasco.
Os dados antecipados neste ano não
informaram outras características dos povos indígenas e quilombolas,
como as línguas e as etnias. O levantamento completo por quesitos
específicos estará presente no Censo 2021, garante Damasco. Para mais
informações, acesse: covid19.ibge.gov.br/

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