De acordo com o levantamento, grande parte da região litorânea e do norte do país têm mais de 70% dos municípios com casos da doença
Dados
do MonitoraCovid-19, levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), traçam a realidade do Brasil quanto ao avanço da pandemia do
novo coronavírus. Um dos pontos em destaque do balanço busca entender a
lógica da rede de relacionamentos entre os municípios brasileiros para
traçar a rota da interiorização do vírus no país, e assim apontar as
principais regiões e áreas que podem ser mais impactadas.
De acordo com o levantamento, grande parte da região litorânea e do
norte do país têm mais de 70% dos municípios com casos da doença. No
entanto, poucas regiões na área central do país, sobretudo no norte de
Minas Gerais, Mato Grosso e no Tocantins ainda não registraram casos da
doença no último período analisado.
Nesse sentido, a médica clínica geral Eliziane Leite considera que,
de fato, existe um processo de interiorização da doença e que, por isso,
decisões tomadas em um município podem afetar outros da mesma rede de
relacionamentos. Por esse motivo, ela avalia que as ações de combate à
Covid-19 devem ter um olhar regional com o intuito de minimizar a
propagação do vírus.
“Muitos municípios fazem fronteiras entre si e é comum que pessoas
residam em um determinado município e trabalhem em outro. É comum a
circulação entre os municípios para aquisição de bens servíveis. Com
isso, há uma facilidade da propagação do vírus”, explica.
“Há uma necessidade de que as medidas contra a doença sejam adotadas
por um conjunto de municípios que pertencem a uma mesma região. Dessa
forma, a efetividade das ações é muito maior”, opina a especialista.

Baseado no documento Região de Influência das Cidades (REGIC), do
IBGE, o documento aborda o avanço da aceleração da doença nas redes de
saúde. Segundo o levantamento, até cerca de 70% dessas unidades já
apresentavam casos e 30% já apresentavam óbitos.
O médico, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio
Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), Andrey Moreira Cardoso,
alerta para uma preocupação relacionada à interiorização da Covid-19,
referente aos povos indígenas. Para ele, esses grupos precisam de maior
cuidado, já que também são compostos por pessoas idosas.
“Uma coisa muito importante para pensar é que, quanto mais pessoas
doentes, mais idosos vão ficar doentes e assim teremos mais casos graves
precisando de atendimento hospitalar. Por isso, é muito importante
prevenis que a doença entre nas aldeias e chegue aos mais velhos”,
destaca.
“As pessoas de mais idade, acima de 60 anos, além das que têm outras
doenças como diabetes, pressão alta doenças pulmonares crônicas ou
câncer têm doença causada pelo coronavírus mais grave e morrem com mais
frequência em comparação aos mais jovens ou pessoas que não têm essas
doenças”, completa.
O estudo da Fiocruz aborda questões relacionadas à população,
quantidades de leitos de UTI, de respiradores e médicos, por exemplo. O
intuito da pesquisa é contribuir no enfrentamento ao novo coronavírus
com uma perspectiva regional de planejamento.
Para mais informações sobre a Covid-19, acesse coronavirus.saude.gov.br.

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