Indústrias locais se reinventam e apostam na fabricação de equipamentos de proteção para garantir fonte de renda e manter empregados
Desde
que o novo coronavírus levou os governos a fecharem o comércio e as
pessoas a adotarem medidas de isolamento social, o empresário Alessandro
do Nascimento anda receoso sobre o futuro de seu negócio. Lutando para
sobreviver, teve que dispensar 40 dos mais de 100 funcionários que
trabalhavam em sua confecção de uniformes esportivos.
“O telefone toca só para cobrar. Não
estávamos conseguindo vender quase nada”, justifica. Como alternativa
para contornar a crise, ele e outros empresários do estado trocaram a
produção de uniformes, até antes da pandemia o carro-chefe do setor
têxtil local, por equipamentos de proteção individual (EPIs). Os itens,
que ajudam a evitar a transmissão de covid-19, sumiram das prateleiras
por conta da alta demanda.
Segundo Nascimento, apesar das vendas
ainda estarem baixas, a mudança na linha de produção permitiu que a
fábrica não permanecesse de portas fechadas. “A gente se adaptou para
produzir máscara, avental, macacão cirurgico. A máscara é algo muito
fácil de fazer. A gente só corta, costura e embala - muito prático e
rentável. Vai ser bom quando tiver volume, mas hoje a venda ainda é
pequena. Minha renda alcançou 50% do que eu preciso por mês para
funcionar”, revela o empresário.
Foi a partir dessa adaptação que o
governo estadual pôde encomendar 30 mil máscaras de tecido de algodão.
Os materiais foram produzidos por sete empresas, incluindo a de
Alessandro, e são destinados a servidores públicos da Polícia Militar e
do Corpo de Bombeiros.
O presidente do Sindicato das Indústrias
de Vestuário, Têxteis, de Fiação e Tecelagem do Mato Grosso, Claudio
Vilela, esclarece que as máscaras têm camada dupla de tecido, o que
redobra a proteção ao usuário em caso de contato com alguém infectado.
Além disso, Vilela reforça que a fabricação desses insumos de saúde tem
dado sobrevida às empresas.
“Isso tem dado um alento às indústrias.
Por mais que seja uma peça de baixo valor agregado, que não reponha todo
o faturamento, está contribuindo para que a gente possa atravessar esse
momento de dificuldade”, pondera.
As 30 mil máscaras fornecidas às
autoridades estaduais são diferentes das usadas por profissionais da
saúde, que usam equipamentos maiores e que protegem uma área maior do
rosto. Para os agentes de segurança, os produtos são mais confortáveis,
laváveis e baratos, mas tão eficazes quanto os demais.
Mais máscaras
Em outro esforço que envolve o setor
têxtil, uma parceria entre a Federação das Indústrias de Mato Grosso
(FIEMT) e o governo do estado mobiliza 200 profissionais de costura, em
três turnos, para a confecção de um milhão de máscaras faciais por mês.
O SENAI mobilizou ex-alunos do curso de
corte e costura, que foram contratados pelo governo. Em contrapartida, o
Executivo local disponibiliza os insumos necessários para confecção,
além de custear as despesas de mão de obra. O material utilizado na
fabricação é o TNT, que passa por um processo de esterilização.
Com a produção feita pelo SENAI, cada
máscara custa R$ 0,90, o que gera uma economia de R$ 0,35 por unidade na
comparação com o preço cobrado no mercado. Levando em conta a
quantidade mensal, o presidente da FIEMT, Gustavo de Oliveira, estima
que o governo do estado deixa de gastar R$ 350 mil.
“Essa ação está prevista para durar até
cinco meses, uma produção que pode chegar a cinco milhões de máscaras.
Isso mostra que a capacidade de produção do setor de confecção pode ser
ajustada para atender outras demandas, como essa de confecção de
máscaras e outros equipamentos de proteção individual”, garante.
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