O
ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que os dados de
mortes por covid-19 divulgados anteriormente pelo Ministério da Saúde
eram “distorcidos” e “não representavam a realidade do país”. A
declaração foi dada em audiência pública na Câmara dos Deputados, após
sofrer críticas por alterar a forma e o horário de publicidade de casos
confirmados e mortes da doença.
A justificativa para essa divergência,
segundo Pazuello, é que o painel anterior computava as mortes de acordo
com a data em que eram notificadas, registrando números que passavam dos
mil mortos em um único dia. O ministro defendeu que a maneira correta
seria registrar os dados com base no dia em que os óbitos de fato
ocorreram.
“O modelo anterior nunca me agradou,
porque os dados somados, puros, não eram dados que eu achava suficiente
para os gestores. Se nós não olharmos a data do óbito, o gestor não
consegue entender o que está acontecendo na sua cidade e não consegue
ter medidas para poder corrigir”, afirmou.
Pazuello também respondeu as críticas de
que o Ministério da Saúde estaria escondendo dados sobre a covid-19,
visto que até esta terça-feira (9) o painel on-line ainda não
apresentava, por exemplo, a soma total de casos e mortes desde o começo
da pandemia.
“Se por acaso isso ficou dessa forma,
como omissão dos dados, entendam que isso é porque, em paralelo, a gente
estava fabricando uma nova ferramenta para dar todos os dados
necessários. Eu não estava muito atento se naquele momento aquele dado
era o ideal. Mas a intenção é 100% transparência, 100% dados para todo
mundo”, garantiu.
Na audiência pública, Eduardo Pazuello
adotou uma postura serena ao se referir a estados e municípios e
comentou a fala de Carlos Wizard, que era cotado para assumir a
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério
da Saúde. Segundo o empresário, gestores locais teriam interesse em
inflar dados da covid-19 como forma de receber mais recursos federais.
De forma enfática, Pazuello descartou essa possibilidade.
“Não, eu não acho que estados e
municípios mandem dados errados, em hipótese alguma. São os dados que
eles têm. Eles só estavam sendo somados com outros dados de estados e
municípios, então não eram dados fidedignos, na minha visão de análise”,
ponderou.
Sobre a nova plataforma que reúne as
informações da covid-19 no país, o ministro interino da Saúde indicou
que o espaço on-line terá os dados completos de casos confirmados e
mortes, com a soma total desde o início da pandemia. Reforçou ainda que a
plataforma vai apresentar o número de óbitos de acordo com a data de
ocorrência, sendo possível detalhar, inclusive, os casos por estado e
municípios. A previsão, de acordo com Pazuello, é que tudo esteja em
funcionamento até quinta-feira (11).
Investimentos
Em uma espécie de prestação de contas, o
ministro interino da Saúde também apresentou na audiência dados sobre
os investimentos feitos pelo país no combate ao coronavírus. Segundo
Pazuello, o governo federal já repassou R$ 48,8 bilhões a estados e
municípios desde o início da pandemia, sendo que R$ 9,5 bilhões são
exclusivamente para o combate à covid-19. O governo também já liberou R$
1,07 bilhão para habilitar e manter ativos leitos de UTI.
Eduardo Pazuello listou ainda como
medidas adotadas pelo governo federal contra o coronavírus a aplicação
de 10 milhões de testes diagnósticos, a distribuição de 115,2 milhões de
equipamentos de proteção para profissionais de saúde, a entrega de
3.854 ventiladores pulmonares, além do repasse de 2,9 milhões de
comprimidos à base de cloroquina para tratamento dos pacientes
infectados.
Jornalista
brasiliense formado pela Universidade de Brasília (UnB), com passagens
em redações da capital. Trabalhou como repórter no Correio Braziliense e
Rádio CBN, além de agências de comunicação. Atualmente, integra a
redação do Brasil 61 com pautas de saúde e política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário