Em
meio à pandemia, o município de Araguanã, em Tocantins, passa por uma
situação delicada em sua prefeitura. Isso porque o prefeito, Hernandes
da Areia, que já substituía o afastado Fernando Osmar, morreu por conta
do novo coronavírus, e o suplente, presidente da Câmara dos Vereadores,
Cícero Cruz de Araújo, faleceu por conta de um infarto. A cidade está
temporariamente sendo conduzida pela vice-presidente da Câmara, Irene
Rodrigues e mesmo com a situação inusitada, Araguanã está conseguindo
contornar os problemas da pandemia com o corpo técnico da prefeitura.
Segundo a Associação Tocantinense de Municípios (ATM) o prefeito é o
agente político, portanto, não é ele quem comanda questões técnicas.
Assim, secretários, diretores e técnicos de saúde e de assistência
social conseguem tocar a gestão sem maiores prejuízos, como é o caso da
secretária de Saúde de Araguanã, Iracema Lopes da Cruz.
Araguanã é uma cidade turística graças à Praia do Escapole, às
margens do Rio Araguaia. As restrições impostas pela prefeitura não
conseguiram coibir por completo a movimentação na região, que continua
recebendo visitantes de municípios vizinhos e até mesmo de outros
estados.
Com a ajuda do Corpo de Bombeiros, do Ibama e da Polícia Militar,
Araguanã está realizando barreiras nas entradas da cidade, mas, segundo a
secretária de Saúde, Iracema Lopes da Cruz, são barreiras educativas,
principalmente em relação às pessoas que chegam à região carregando
barcos. A prefeitura também divulgou decreto proibindo as festas nas
praias e colocou equipes em barcos para verificar aglomerações, informar
aqueles que estão desobedecendo às orientações e, em caso de
reincidência, até mesmo multar.
“À tarde terá vistorias nas pousadas e na beira do rio para saber se
as pessoas estão obedecendo ao decreto. Quem não estiver seguindo a
regra será informado e, se persistir, multado”, ressalta Iracema.
A secretária de Saúde de Araguanã explica que proprietários de chalés
na beira do rio que moram em outros municípios chegam à cidade e
ignoram por completo o decreto, levando perigo aos moradores da região.
“O turista vem para as pousadas, mas automaticamente vai para a praia
junto com os moradores da cidade. Esses moradores se infectam no final
de semana e, durante a semana, já começam a procurar o posto de saúde,
sintomáticos”, alerta.
Morgana Bispo, servidora pública e moradora de Araguanã, explica que a
praia principal, que fica na orla da cidade, está fechada, porém,
muitas pessoas continuando frequentando a região, já que a extensão é
longa, construindo os barracos temporários e levando barcos e jetsky
para diversão. Apesar do decreto municipal proibindo atividades, há
ranchos e acampamentos particulares com flutuantes que atraem muitas
pessoas.
“Elas não se importam com o coronavírus. O prefeito morreu por conta
da Covid-19 e mesmo assim as pessoas continuam frequentando praias e
afins”, relata a moradora.
Morgana precisa ir a Araguaína algumas vezes na semana e conta que
flagra, constantemente, turistas circulando pela região. “Hoje mesmo vi
várias caminhonetes puxando barcos, ou seja, pessoas que continuam
circulando pela região com essa finalidade. A cidade tem decreto? Tem.
Mas ninguém respeita”, alerta.
Além do prefeito Hernandes, seu sogro, de 83 anos, também foi vítima
do novo coronavírus. Segundo o último boletim epidemiológico da
Secretaria de Saúde, Araguanã tinha 30 casos confirmados, 40 pessoas
sendo monitoradas e três óbitos.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral, a cidade passará por uma
eleição indireta seguindo os procedimentos da Câmara de Vereadores. O
novo prefeito terá um mandato-tampão até 31 de dezembro e deve ser
indicado pelos vereadores no prazo de 30 dias.
Regiões vizinhas
Marcos Vinícius Alencar, secretário de Saúde de Xambioá, explica que o
município possui um hospital regional de referência que recebe
pacientes graves infectados com Covid-19, inclusive da vizinha Araguanã,
mas, depois de todas as ações, tem conseguido controlar a situação da
pandemia no município de quase 12 mil habitantes. Segundo ele, a cidade
já passou pelo pico, uma vez que há três semanas vem percebendo uma
queda significativa na procura pelo centro de referência da cidade.
Mesmo assim, ele quer esperar até agosto para saber se realmente o
município está vencendo a batalha, já que toda a região ainda está na
temporada de praia e muitas pessoas ainda teimam em se aglomerar.
“É um ambiente em que as pessoas estão bem próximas. Estão vindo
pessoas de outros municípios, como Araguaína, que é o epicentro aqui do
Tocantins. Nós orientamos e fizemos ações de conscientização, decreto e
pedido para que as pessoas não venham para o município nessa temporada”,
conta o secretário. “Infelizmente estamos em um ano atípico e as
pessoas precisam entender que terão a oportunidade de curtir essa fase
do ano em outras oportunidades.”
Segundo o boletim epidemiológico do dia 16 de julho, Xambioá
registrava 487 pessoas confirmadas com Covid-19 e oito óbitos. A
situação ainda é de alerta por conta da proximidade com Araguaína, a
pior situação do estado, com 5.349 casos confirmados e 77 mortes.
Caso de sucesso
Também próximo a Araguanã está o município maranhense de Carolina,
conhecido como o portal do Parque Nacional Chapada das Mesas e,
portanto, um lugar frequentado por turistas que procuram as dezenas de
cachoeiras e balneários da região. Os protocolos adotados por Carolina,
no entanto, evitaram maiores problemas na pandemia. A cidade com mais de
23 mil habitantes ainda não registrou nenhum óbito até o último dia 16,
registrando 182 casos confirmados segundo o boletim epidemiológico do
estado.
Além de ações eficazes de distanciamento social, o Hospital Municipal
de Carolina adotou o chamando “Protocolo de Madri” para tratar as
pessoas com Covid-19. A terapia consiste, principalmente, na associação
dos medicamentos hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina ou
albendazol já na primeira fase da doença.
Fonte: Brasil 61
Reportagem:
Jornalista
há 20 anos, com experiência em diversas mídias, passando por rádio e a
TV, mas, mais especificamente, nos principais jornais impressos da
capital, Correio Braziliense e Jornal de Brasília. Além disso, exerceu a
profissão em importantes órgãos, como Ministério da Educação,
Procuradoria Geral da República, Ministério da Saúde, Banco Central e
Ministério do Meio Ambiente. Em todos eles, desempenhou as funções de
redação, edição, revisão de textos, fotojornalismo, assessoria, entre
outros.
Produção:
Formada
pela Universidade Católica de Brasília, Ana tem experiência em
assessoria de imprensa, jornal impresso e TV. Atuou como repórter da TV
Pajuçara (Record/AL) em Brasília e fazia a cobertura principalmente de
pautas relacionadas a política. Produziu telejornais da TV Band/Brasília
e escreveu matérias para a editoria de Cidades no Alô Brasilia.
Edição:
Jornalista
formada há 15 anos e pós-graduada em ciências políticas, com
experiência em redação, rádio, televisão e assessoria de imprensa. Antes
de ingressar na redação do Brasil 61, passou por importantes órgãos,
como Ministério da Saúde e Ministério da Justiça além de grandes
emissoras como, TV Bandeirantes, Record e TV Globo. Possui experiência
em gerenciamento de crise, jornalismo web, redação, edição e revisão de
textos, produção de conteúdo de rádio, televisão e assessoria de
comunicação.
Edição de áudio:
Fabrício
é audiodesigner e atua no mercado jornalístico e publicitário há alguns
anos na elaboração de conteúdos. Sua marca de trabalho é a produção com
agilidade e qualidade, uma vez que possui audição apurada que o mantém
crítico às seus conteúdos. Prestes a completar o curso de
fonoaudiologia, tem trabalhado cada vez mais no sentido de dirigir
profissionais da voz a alcançar maior qualidade vocal e aplicação de
técnicas para locuções que necessitem de emoção.
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