O
Nordeste do país vê cada vez mais longe o pico da curva de contaminação
da Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, a região registrou
queda no número de mortes pelo novo coronavírus na comparação entre as
duas últimas semanas epidemiológicas.
Entre os especialistas, há um consenso:
os meses mais difíceis parecem ter ficado para trás. É o que explica a
infectologista Melissa Medeiro. “A gente tem visto que essa nossa curva
passou e estamos na descendente, diferente de alguns estados que ainda
estão em curva ascendente, principalmente no Centro-Oeste e no Sul do
Brasil e de outros que estão entrando em estabilização. Enquanto a gente
estava vivendo o nosso pico, o pessoal do Rio Grande do Sul tinham
casos esporádicos. Isso hoje se inverteu”.
Na última reportagem do levantamento
feito pelo Brasil 61 sobre o panorama da Covid-19 nas cinco regiões do
país, você vai ver como está a situação epidemiológica em cada um dos
nove estados nordestinos e as perspectivas de retomada da atividade
econômica.
Ceará
No Ceará, o número de óbitos caiu 31% na
comparação entre as duas primeiras semanas do mês. De 1º a 7 de julho, o
estado registrava uma média diária de 42 vítimas pela Covid-19. No
entanto, entre os dias 8 e 14, a média caiu para 29. Já o número de
casos novos por semana teve queda de 64%. Foram 664 ocorrências nos
primeiros sete dias de julho contra 235 na semana seguinte. Os dados são
do Integra SUS, da Secretaria da Saúde do estado.
Até o momento, o Ceará registra 146.064
casos confirmados da Covid-19. Ao todo, 7.166 pessoas perderam a vida
pela doença desde o início da pandemia. A taxa de ocupação das UTIs é de
cerca de 71%, índice bem melhor do que há dois meses, quando os
hospitais do estado tinham fila de espera para leitos e o sistema de
saúde chegou ao colapso.
Desde junho, está em vigor um plano de
reabertura econômica, que tem quatro fases. A capital, Fortaleza, já
passou para o nível 3, após estabilização nos indicadores e se os
números continuarem caindo, o avanço para a próxima fase está próximo,
de acordo com o governador Camilo Santana. “Se os indicadores
continuarem como estão, os números caindo, a procura assistencial
diminuindo, Fortaleza entrará na quarta fase, mas sem aulas presenciais,
cinemas, bares, academias nem shows”, destacou em entrevista recente a
um jornal do estado.
Com o arrefecimento da pandemia na
capital, a preocupação se volta para o interior. Por causa disso, o
governador Camilo Santana publicou um decreto na última sexta-feira que
mantém medidas de distanciamento social mais rígidas para cinco
municípios, que ficam no sul do estado: Juazeiro do Norte, Iguatu,
Crato, Barbalha e Brejo Santo.
Segundo a infectologista Melissa
Medeiros, o mês de maio foi o pior para o sistema de saúde cearense. Ela
confirma que Fortaleza já passou pelo pico da Covid-19, e que a atenção
está voltada para os municípios do interior. “Principalmente no
Centro-Sul e no Cariri, a gente tem visto um aumento de casos. Eles
estão passando pelo pico agora, a onda que Fortaleza já viveu”, avalia.
O executivo local já investiu mais de
meio bilhão de reais no combate ao coronavírus. O maior gasto é com
material hospitalar: cerca de R$ 140 milhões.
Maranhão
Desde o começo de junho, o estado
retomou as atividades de vários setores do comércio. Medidas como uso
obrigatório de máscaras valem para todos os cidadãos. Eventos que causem
aglomeração continuam proibidos, tais como shows, cinema, casos
noturnas e jogo de futebol, por exemplo. O último decreto do governador,
Flávio Dino, ampliou a suspensão das aulas até 2 de agosto. Apesar
disso, a Secretaria de Educação de São Luís pretende retomar as
atividades presenciais apenas em setembro.
O estado superou os 105 mil casos de coronavírus. Desses, 2.640 morreram, segundo a Secretaria de Saúde. O Maranhão foi o primeiro estado do país a decretar o bloqueio total. A capital, São Luís, chegou a ter mais de 95% dos leitos de UTI ocupados no fim de maio. Hoje, é o índice é de 65 %. Em Imperatriz, segunda cidade mais populosa, o índice está em 63%. Nas demais regiões, cerca de 45% dos leitos estão ocupados.
O estado superou os 105 mil casos de coronavírus. Desses, 2.640 morreram, segundo a Secretaria de Saúde. O Maranhão foi o primeiro estado do país a decretar o bloqueio total. A capital, São Luís, chegou a ter mais de 95% dos leitos de UTI ocupados no fim de maio. Hoje, é o índice é de 65 %. Em Imperatriz, segunda cidade mais populosa, o índice está em 63%. Nas demais regiões, cerca de 45% dos leitos estão ocupados.
Recentemente, Dino afirmou que o
Maranhão tem “um quadro de estabilidade”, o que se observa nas
estatísticas. De acordo com o Ministério da Saúde, o estado não teve
aumento, tampouco redução nas mortes na comparação entre as duas últimas
semanas epidemiológicas.
Bahia
A prefeitura de Salvador e o governo do
estado pretendem atuar juntos para estabelecer um protocolo de segurança
e um cronograma da retomada da economia, afirmou ACM Neto. A
expectativa é de que a primeira fase de flexibilização para o retorno do
comércio ocorra próxima semana, segundo o próprio prefeito
soteropolitano.
Com o avanço da Covid-19 pelo interior
do estado, diversos prefeitos de municípios baianos decretaram toque de
recolher nos últimos dias para tentar conter a disseminação do vírus.
Moradores de Ilhéus, Barreiras e Cansanção, por exemplo, estão proibidos
de circular pelas ruas entre às 20h e às 5h. Nessas cidades, só os
serviços e atividades considerados essenciais podem funcionar.
Ao todo, o governo da Bahia já confirmou
118.657 casos e 2.738 óbitos por causa da Covid-19. A taxa de ocupação
de leitos de UTI é de 79%, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Pernambuco
O estado tem 77.423 casos confirmados da
Covid-19 e 5.869 óbitos. De acordo com a Secretaria de Saúde local, o
estado registrou queda nos principais indicadores sobre a evolução da
pandemia na comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas (nº
27 e 28º). De 28 de junho a 4 de julho, 221 pessoas morreram no estado
por causa da Covid-19. Já entre 5 e 11 de julho, foram 130 óbitos, queda
de 41%.
Graças à redução no número de casos, a prefeitura de Recife desativou, nesta semana, quatro dos sete hospitais de campanha que foram construídos para o atendimento aos pacientes com o novo coronavírus.
Graças à redução no número de casos, a prefeitura de Recife desativou, nesta semana, quatro dos sete hospitais de campanha que foram construídos para o atendimento aos pacientes com o novo coronavírus.
Em Pernambuco, o Plano de Monitoramento e
Convivência com a Covid-19, que estabelece a retomada da atividade
econômica, está em vigor. Algumas macrorregiões de saúde, como são os
casos de Recife e da Zona da Mata já estão na 5ª etapa de retomada.
O Agreste do estado, que passou por
restrições mais severas nas últimas semanas graças à expansão do
coronavírus, conseguiu avançar no plano de retomada na última
segunda-feira (13). Os municípios da região puderam reabrir o comércio
de rua, salões de beleza, shoppings e as igrejas e templos religiosos.
Ao todo, o governo já gastou mais de R$ 300 milhões em ações de combate ao novo coronavírus.
Paraíba
Batizado de “Novo Normal Paraíba”, o
plano de retomada gradual das atividades é balizado por indicadores como
a quantidade percentual de novos casos, a letalidade (óbitos), a
ocupação da rede hospitalar e o percentual de isolamento social. Os 223
municípios podem ser classificados em quatro bandeiras: vermelha,
laranja, amarela e verde. Cada classificação permite o funcionamento de
atividades específicas.
De acordo com a última atualização, a
capital João Pessoa e a maioria dos municípios do estado, por exemplo,
está na bandeira amarela, o que lhes permite abrir o comércio e o
funcionamento do transporte coletivo municipal. Já as cidades de Santa
Rita, Bayeux, Princesa Isabel, Matureia e Bonito de Santa Fé estão na
bandeira laranja, em que somente os serviços essenciais podem funcionar.
A boa notícia é que nenhum município do estado está mais classificado
na bandeira vermelha.
A flexibilização tem sido possível
devido à taxa de ocupação dos leitos de UTI estaduais. De acordo com a
Secretaria de Estado da Saúde, o índice é de 50%. Além disso, a Paraíba
teve 8% menos mortes por Covid-19 na comparação entre as duas últimas
semanas epidemiológicas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo os dados mais recentes, são
66.347 casos confirmados e 1.446 óbitos por causa da Covid-19. Ao todo, o
executivo local gastou mais de R$ 80 milhões para combater a pandemia.
Alagoas
Assim como os estados vizinhos, Alagoas
tem apresentado tendência de desaceleração da curva de contaminação.
Dados do Ministério da Saúde apontam que o número de óbitos diminuiu 8% e
a quantidade de casos caiu 6% na comparação entre a Semana
Epidemiológica 28 e a Semana Epidemiológica 27.
Até esta sexta-feira, são mais de 49 mil
casos confirmados e 1.230 óbitos pelo novo coronavírus. O percentual de
leitos de UTI ocupados é de 62%, de acordo com as autoridades em saúde.
Em Alagoas, o distanciamento social
controlado ocorre em cinco fases. A capital Maceió avançou para a fase
amarela e pode reabrir, a partir de segunda-feira (20), shoppings,
comércio ambulante e nas praias, além dos salões de beleza e barbearias,
templos, igrejas e demais instituições religiosas e lojas ou
estabelecimentos de rua, permitidos desde a fase anterior, a laranja. Os
municípios do interior continuam nas fases mais restritas (vermelha e
laranja), de acordo com o último decreto do governador Renan Filho.
Recentemente, o governador afirmou que
houve melhora nos indicadores do coronavírus no interior e que as
atividades nos municípios poderão ser flexibilizadas. "Para ser sereno e
prudente eu digo que está muito mais perto de abrir o interior do que
antes”, disse.
Rio Grande do Norte
Há pouco mais de um mês, o governo do
estado admitia que o sistema de saúde havia colapsado. Os hospitais da
Região Metropolitana de Natal chegaram a ficar com todos os leitos de
UTI ocupados. Nas últimas semanas, a rede de saúde conseguiu respirar um
pouco mais. A taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 88%, atualmente.
Há uma semana, era de 94%.
Entre todos os estados da região, o Rio
Grande do Norte foi o que mais conseguiu reduzir o número de mortes na
comparação entre as últimas semanas epidemiológicas. De acordo com o
Ministério da Saúde, a queda foi de 38%. O número de casos também caiu:
56%. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública, até esta
sexta-feira (17) eram 41.424 casos confirmados e 1.532 óbitos em
decorrência da Covid-19.
Kleber Luz, infectologista e professor
na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), afirma que os
estados nordestinos já passaram pelo pico da Covid-19. “Nós estamos
vendo agora uma redução no número de casos graves em relação ao número
de leitos. Alguns hospitais, principalmente os privados, já começam
fechar setores que antes estavam reservados para pacientes com a
Covid-19. A doença parece estar entrando em uma fase de contenção, de
arrefecimento no número de casos e, consequentemente, no número de
mortes, avalia”
Há duas semanas, o governo lançou o
plano de retorno às atividades, em três fases. A última delas está
prevista para começar em agosto. A governadora Fátima Bezerra decidiu
reabrir, primeiramente, salões de beleza e barbearias. Para isso, o
comércio deve respeitar o protocolo de segurança, com uso de máscara e
disponibilização de álcool em gel para funcionários e os clientes.
Algumas cidades, como a capital Natal decidiram não seguir o decreto do
estado e vão flexibilizar o comércio de acordo com protocolos próprios.
Sergipe
Em Sergipe, o governo estadual deu
início à retomada da atividade econômica no dia 29 de junho. O plano
prevê a reabertura gradual em três fases. A primeira delas é a laranja,
conhecida como “controle”. Desde o fim de junho, os salões de beleza,
barbearias, escritórios, livraria e clínicas da área da saúde estavam em
funcionamento.
No entanto, uma decisão da Justiça
Federal na última semana determinou que a flexibilização do comércio
fosse suspensa. A juíza responsável pela decisão argumentou que não há
margem de segurança na quantidade de leitos de UTI que permita a
reabertura. O avanço, segundo ela, só vai poder acontecer quando a
ocupação for inferior a 70%.
A rede privada chegou a ficar sem leitos
na última semana, conforme apontava o painel da Secretaria de Saúde
local. Hoje, a taxa de ocupação das UTIs nos hospitais particulares está
em 94%. Já os hospitais da rede pública registram ocupação de 81%.
De acordo com a última atualização, o estado tem 41.226 casos do novo coronavírus confirmados e 901 óbitos.
Piauí
Batizado de Pro-Piauí, o plano de
retomada das atividades econômicas está em vigor no estado. No último
dia 6, os setores de saúde humana e animal, automotivo e da construção
civil puderam voltar a funcionar. No entanto, cada estabelecimento tem
que tomar medidas preventivas para minimizar os riscos de contaminação. É
necessário, também, que o dono do comércio apresente uma estratégia de
segurança sanitária ao governo.
O plano de retomada tem quatro fases:
0,1, 2 e 3. Na última delas, todas as atividades vão ser liberadas.
Atualmente, o estado está entre a fase 0 e a 1, com a liberação apenas
do que é essencial e dos setores permitidos com a reabertura gradual.
Estado da região Nordeste com menor
número de casos, o Piauí conseguiu diminuir a média de óbitos na
comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas, de acordo com o
Ministério da Saúde. A redução foi de 11%, a segunda melhor, atrás
apenas do Rio Grande do Norte.
De acordo com o último boletim
epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde do Piauí (SES-PI), são
38.568 casos confirmados. Mais de 1,6 mil pessoas morreram no estado em
decorrência da doença. A ocupação dos leitos de UTI está em 69%.
Fonte: Brasil 61
Reportagem:
Formado
em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), desde 2020 é
repórter do Brasil 61. Durante a graduação, cobriu Política e Economia
pelo jornal O Globo, além de Educação e Carreira pelo Correio
Braziliense.
Edição de áudio:
Fabrício
é audiodesigner e atua no mercado jornalístico e publicitário há alguns
anos na elaboração de conteúdos. Sua marca de trabalho é a produção com
agilidade e qualidade, uma vez que possui audição apurada que o mantém
crítico às seus conteúdos. Prestes a completar o curso de
fonoaudiologia, tem trabalhado cada vez mais no sentido de dirigir
profissionais da voz a alcançar maior qualidade vocal e aplicação de
técnicas para locuções que necessitem de emoção.
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