Uma ameaça de ocupação vem preocupando muito os atletas de ontem e de hoje que usam o campinho às margens do Rio Preto próximo ao local das obras do cais, conhecido como campinho de areia Beira Córrego.
Próxima a uma das traves do campinho apareceram moradias |
O campinho é histórico e há várias décadas vem sendo o local preferido para a prática do lazer de jovens e adultos que se reúnem geralmente no final da tarde para o entretenimento e a atividade física que o futebol praticado nesse campo proporciona. Mas, atualmente tem aparecido várias moradias próximas à área do campo com características de invasão, ameaçando ocupar até mesmo o local do campo. Essa é a ameaça que está deixando preocupados todos os que tem simpatia pelo futebol e que usam ou usaram o campinho para diversão e lazer.
Falta alambrados ao redor do campo para garantir os limites de sua área |
Veículos têm usado a área do campinho como estrada |
Cerca instalada rente aos limites laterais do campo de areia |
Confraternização anual celebra o esporte e a amizade surgida no campinho
Como a prática do futebol no campinho vem ocorrendo há décadas, surgiu a ideia de realizar ali uma confraternização da comunidade formosense celebrando a amizade, o esporte, a saúde, o bom convívio e as gerações que sempre usaram esse campinho. Essa ideia tomou forma através do encontro dos veteranos que, saudosos dos tempos de juventude em que eram eles que se reuniam diariamente no campo e disputavam as partidas que guardam com nostalgia na memória. Criaram uma data anual para se reunirem no campinho, disputarem uma partida e celebrarem o reencontro dos amigos. E todos os anos, nos últimos 8 anos ,esse encontro e confraternização vêm acontecendo.
Com essa matéria chamamos a atenção das autoridades de nosso município para essa preocupação. Aqui a gente reuniu a fala de muitos amigos em defesa do campo Beira Córrego e da memória histórica que ele representa.
Acima, imagens dos encontros que nos últimos anos reúnem as gerações que utilizaram o campinho Beira Córrego. O encontro proporciona rever amigos que vêm de vários locais do país, como Salvador, Rio de Janeiro. Minas Gerais, Distrito Federal, entre outros.
Campanha pelo campinho Beira Córrego
A partir de uma postagem de Marlos Barreto divulgada em grupos de whatsapp tivemos a iniciativa de preparar a matéria, reunindo as informações, imagens e manifestações de quem considera o campinho Beira Córrego um bem que precisa ser preservado.
Marlos Barreto:
“Venho
através dessa carta ,expressar minha revolta com o poder publico
.estamos numa campanha para municipalizar o campinho beira córrego
,que está para ser regularizado desde 2018 ,e até agora nada. Está em um jogo de empurra-empurra . O vereador Netinho e o nosso amigo Zico
, já protocolaram a medição da área do campinho , e ainda não tivemos
nenhuma resposta. Estão fazendo pouco caso com todos filhos de
formosa que vêm todos os anos prestigiar o baba do campinho Beira Córrego. São mais de setenta jogadores que se deslocam de vários
estados para confraternizar conosco que moramos aqui em formosa . Eu
gostaria que tivessem um pouco mais de respeito porque esse campo provavelmente tem mais de 80 anos. Hoje vemos que está sendo invadido
por pessoas que nem sabem há quanto tempo ele existe.
Minha luta pelo esporte é porque o esporte é tudo para mim. Fiz os melhores amigos através do esporte. O futebol, praticamente o respiro. Eu dediquei um bom espaço de minha vida para o futebol, sou um amante desse esporte. É por isso que estamos nessa luta, preocupados com as gerações futuras, essa luta para poder municipalizar o campo de areia Beira Córrego. Justamente, preocupados com gerações que viram depois.
A preocupação que temos, eu, Delcivaldo, João de Fátima e outras pessoas que estão lutando para municipalizar o campinho Beira Córrego é justamente isso: preocupados com as futuras gerações que precisarão de um espaço para jogar sua bola, praticar exercícios. Esse campo já existe a quase 80 anos, e a gente que viveu isso aí, que aproveitou bastante, se preocupa com os jovens que daqui a um tempo não terão esses espaços, porque estão sendo invadidos. E como é que os jovens vão saber o que é campo de várzea, essa juventude que ainda está para vir. A Preocupação é essa, porque inclusive falta incentivo de prefeitos, dos que passaram e que estão aí, para criar campos de várzea. Li e compartilhei a notícia recente de um deputado baiano que quer regularizar os campinhos de beira córrego, campinhos de várzea como o nosso.
Sou filho de Rosalvo Alves Barreto e Antônia Barbosa Barreto. Nasci e me criei aqui em Formosa. Sou Marlos Barbosa Barreto. Vivi a maior parte de minha vida aqui em Formosa. Sou comerciante e corretor de imóveis, residente na rua Francisco Alencar."
Entrevista com João de Fátima:
Conexão: João de Fátima, qual é a preocupação em relação ao campinho de areia próximo à Beira do rio, conhecido como Campinho Beira Córrego? Local no qual tem ocorrido a quase 10 anos a partida de confraternização de final de ano dos amigos do Campinho Beira Córrego?
Joâo de Fátima: “A nossa preocupação é que estamos vendo pessoas se aproximando ali da área do campinho. E a gente preocupado com a invasão, preocupado em perder aquela área de esporte, porque segundo os historiadores do nosso município, aquele campinho existe a praticamente 80 anos. Então, nós atletas, ex-atletas, estamos preocupados com a perca daquela praça de esporte. E nós nos reunimos e elaboramos um documento, entregamos na prefeitura esse documento que contém várias assinaturas de atletas e amantes do esporte para que possa ser entregue ao nosso prefeito, o Dr. Termosires, para ver se a gente tem uma posição dele, se ele vai mesmo regularizar, documentar aquela praça de esporte que é muito importante para todos nós.”
Conexão: “Essa é a preocupação, a de o campinho de areia deixar de existir por conta de invasões de moradias, mas o objetivo é para regularizar a área do campinho. Isso quer dizer que aquela área não é reconhecida como área pública?”
João de Fátima: Foi feito um levantamento bem rápido e não se encontrou nenhuma informação daquela área ali pertencendo a alguém em particular. A gente está tentando, juntamente ao gestor público, que se encontre uma forma de documentar aquela área para passar a ser efetiva do município. Somos nós que estamos batalhando e vamos depender da boa vontade do gestor público, o atual prefeito, Dr, Termosires.
Conexão: Quem são as pessoas que estão com essa preocupação maior e que estão tentando, de fato, conseguir a regularização dessa área, além de você João de Fátima?
João de Fátima: “Na linhda de frente somos eu, Delcivaldo, Zico, professor Ailto Ferraz, Joilso de Seu Teté e outros. O nosso objetivo maior é evitar que a gente perca aquela praça de esportes, como falei antes. Porque ali é um bem público que tem uma grande história do esporte, da cultura e do lazer de nosso município."
Conexão: "Faz quanto tempo que vocês vêm tentando esse objetivo?"
João de Fátima: “A gente vem tentando a praticamente 3 anos. E o prefeito nos garantiu que antes de terminar seu mandato ele vai regularizar aquele praça de esporte. A gente espera, passando esse período dessa pandemia, que possamos nessa próxima edição da partida que a gente realiza todo final do ano, com aquela praça de esporte regularizada e também com um nome oficial, de um ex-atleta que muito tenha contribuído para o esporte de nosso município.”
Conexão: "Já que já houve uma atenção do prefeito em querer atender esse pedido foi solicitado para o grupo de vocês tomar alguma providência para que a prefeitura pudesse agir?"
João de Fátima: “Em nossa fala com o prefeito, ele mesmo se incumbiu de tomar as providências, que destinaria servidores para fazer a medição do espaço físico lá do campinho, o que foi feito e foi entregue. Com essa demora nós resolvemos criar mais uma outra maneira que foi elaborar um documento com assinaturas de atletas e ex-atletas como segunda opção para a gente ter a resposta definitiva do gestor.”
Conexão: Esse termo com as assinaturas é para poder falar com o prefeito ou para pedir a ele providências com relação ao campo?
João de Fátima: “A gente pretende falar diretamente com ele para ter uma posição definitiva por parte dele. Pois é isso que a gente espera, que regularize aquela praça de esporte, porque essa é a nossa, repito, essa é a nossa preocupação. Porque a gente já vê que já tem pessoas aproximando-se ali, nas laterais daquela praça, também atrás dos gols já tem algumas casinhas. E se a gente não encontrar uma solução o quanto antes, daqui a pouco vamos perder mesmo.
Conexão: “Esse termo com as assinaturas já foi entregue na prefeitura?”
João de Fátima: “Foi entregue. Fomos lá na prefeitura e entregamos à chefe de gabinete do prefeito e ela nos prometeu que iria passar esse documento às mãos do prefeito o quanto antes.”
Conexão: “João de Fátima fale para nós quais são as suas ligações com Formosa do Rio Preto e com esse campinho.”
João de Fátima: Eu sou natural da comunidade de Malhadinha, filho dos saudosos Lino Carvalho (o Dedé da Malhadinha) e Amazília Alves, inclusive o prefeito é meu conterrâneo, e meu parceiro de vários eventos. Por exemplo: os jogos estudantis tanto aqui da cidade como do interior que realizo, ele, antes mesmo de ser gestor, já era meu parceiro. Nos festejos lá da nossa comunidade, a malhadinha, em que a gente realiza uma partida de futebol, nós filhos de lá contra os nossos amigos selecionados de meus convidados, a gente faz essa partida todos os anos nos festejos. Falo que o esporte me ajuda a viver.
Em defesa do campinho Beira Córrego
Muitos foram os atletas e ex-atletas que se manifestaram em apoio ao movimento que quer municipalizar a área do campinho Beira Córrego e assim garantir a sua perpetuação na história da nossa comunidade.
Delcivaldo:
“Eu
juntamente com o João de Fátima, Zico e Dotinha, tivemos a ideia de
fazer uma confraternização pra relembrar os nossos tempos de quando
jogávamos futebol no campinho beira córrego. Nós organizamos para
o final do ano de 2013, consegui com um amigo meu funcionário da
prefeitura de Barreiras, os uniformes para o primeiro evento.
Procurei a secretária de esportes de Formosa, pra conseguir as
traves de ferro, porque as que tinha estavam bem desgastadas pelo
tempo, ela não nos ajudou e tivemos que fazer uma vaquinha, falei
com a secretária também sobre a regularização do campinho por que
em 2013 tinha duas casas entorno do campo, veio a preocupação de
invasão. A secretaria ainda me disse que o campo tinha dono, mas não
me disse quem.
Em 2018 tivemos a promessa que no ano seguinte
séria regularizado.
Sou
Formosensse da gema nasci na Rua da Ladeira no ano de 1960 filho do
saudoso Aniceto Dias dos Santos e da minha querida mãe Delsumar da
Silva Santos.
O meu primeiro time foi o São Paulo de Toti de
João Martins, nós fazíamos as preliminares dos jogos da seleção
de Formosa, quando jogava contra os times de Corrente, Santa Rita,
Riachão da Neves e Barreiras, isso até 1976, logo depois eu, Zé
Martins e o Joaquim filho de Cícero, fundamos o Corinthians até o
ano de 1979, tenho até hoje a camisa de número 8 do Corinthians.”
Zé Arnaldo:
“Eu quando criança já o conhecia. Meu pai jogou bola lá, meus tios, e muitos outros desportistas de Formosa de outras épocas. E nós vivenciamos isso. Alguns amigos, no caso Delcivaldo, Zico, João de Fátima, Nozinho, e tantos outros se dispuseram a fazer uma mobilização de fazer um encontro dos jogadores da época e daqules que amam o esporte. E começou a se fazer esse encontro que acontece todo final de ano, muito bom, e em todos eu tenho participado.
Vejo esse campinho hoje sendo agredido, invadido a sua área. Aquela área eu conheci desde criança como sendo área pública, e hoje a gente vê exatamente a invasão, e o poder público fica deixando a revelia. Não averia necessidade de mobilização dos êx-atletas, os atuais atletas e amantes do esporte em tomar essa iniciativa em defesa do campo porque ali é uma área pública, só que a gente vê as pessoas adentrando e ocupando espaço e diminuindo a área. Inclusive no ano passado fui solicitado pelo prefeito para medir a área, eu medi e passei a ele por volta do mês de Abril. No dia 19 de Abril do ano passado protocolei na prefeitura a área medida, passei ao conhecimento de alguns amigos o trabalho que nós fizemos, que foi medir a área para exatamente o poder público tomar as provicências em fazer a regulamentaçãopara e impedir as invasões. Nem só invasões, como o acesso diminuir, porque ali está se transformando numa via de acesso para todos os lugares, pois a gente vê que já tem ocupações. Inclusive, recentemente eu vi algumas árvores plantadas na área de dominio público.
Eu vejo que as providências têm que ser tomadas, o poder público tem que se posicionar a benefício do povo, a Câmara de Vereadores já deveria ter se posicionado também, até mesmo alguns vereadores que são desportistas deveriam ter se posicionado. Acho que o bem público é o bem de todos. Se vai contrário a alguém, é um caso pontual, mas o bem público tem que ser em beneficio de todos. Se existe invasão tem que se buscar o entendimento, por que que deixaram invadir? Tem que conversar com esse pessoal. Quem invade, tenha conciência que ali não é propriedade dele, mas ele vai ocupando, se não o incomandam com a ocupação, ele se sente dono. Mas a coisa pública é do povo. Eu vejo com preocupação e o poder público tem que se posicionar. Eu sou solidário a todos que estão liderando o movimento da regulamentação do campo, da legalização não só do campo, também da área, porque ela vai até a margem do Rio Preto. Estou do lado do pessoal e não queremos deixar que transformem o campinho de areia em área privada. Ali é uma área pública e nós temos que lutar por isso.”
José Arnaldo dos Santos souza (Zé Arnaldo), é natural de Formosa do Rio Preto, Neto de Major Leopoldo, filho de Alonso e Dona Mira, casado com Gilda, pai de 3 filhos, formado em agropecuária e biologia. Já ocupou vários cargos públicos como secretário de agricultura e meio ambiente. Já trabalhou em fazendas do agronegócio. Já ministrou cursos para a agricultura familiar. Foi um desportista que aprendeu o futebol no campinho de areia. Formosense nato que gosta de Formosa, não pretende se mudar daqui. É pré-candidato a vereador e quer assim colaborar com o desenvolvimento do município.
Joaquim Alves:
“Eu
tenho uma preocupação muito grande e fico muito triste em saber uma
notícia como essa. Pois eu nasci e me criei em Formosa. Desde quando
me entendi por gente já existia esse campinho aí.E olha que eu já estou com 62 anos.
Acho uma falta de
vontade grande dos políticos de Formosa, que foi emancipada há
muitos anos, e desde então muitos prefeitos e vereadores que
passaram pela prefeitura nunca tiveram interesse em legalizar esse
terreno que, me parece,sempre foi da prefeitura. Quase todos eles
jogaram bola nesse campo. E passou todos esses anos e não tiveram
interesse em regularizar. Mas, vem aí mais uma eleição e tenho
certeza que já começaram as campanhas, mas nenhum não deve nem
falar em regularizar.”
Nascido em Formosa, filho de Cicero Prachedes de Farias. De família humilde, da roça. Estudou até o ensino médio. Trabalhou na loja do Sr.Benedicto Araújo de 76 a 81. Morou no DF. Se mudou para Uberlândia onde construiu família, mas sempre vem a Formosa passear, Principalmente na confraternização do fim de ano dos amigos do campo Beira Córrego. Quando morava em Formosa fundou o Corinthians Futebol Clube junto com amigos dos anos 70.
Zé Augusto:
“Muito boa essa mobilização de vcs em defesa daquele equipamento público de alta relevância para preservar a memória da cultura esportiva do nosso povo. Ali, naquele campinho crianças, jovens e povo em geral, viveram momentos memoráveis em manhãs e tardes agradaveis acompanhando belas partidas de futebol. Lute, lute, mas lute com todas as forças na preservação desse pedaço alegre da cultura esportiva da nossa infância e da nossa juventude! Esse campo é o retrato de uma época que precisa ser preservado e que o poder público municipal, tem a obrigação de preservar e fazer o seu tombamento, para que este pedaço de chão, não seje apossado pela ganância do homem moderno! Conte comigo!!
Zé Augusto é filho de Agamenon Augusto. Foi vereador em Formosa do Rio Preto de 1989 a 1992. Estudou em Formosa do Rio Preto, Goiânia e Salvador.
Antônio Luiz:
É lamentável o descaso deste patrimônio de nossa infância, de acordo com nossas autoridades competentes deixar levar ao descaso desse referido campo.
Deveriam olhar pra o esporte e fazer com que a nova geração se orgulhe dos veteranos que está lutando pra não acontecer este desmando.
Antônio Luiz é de Formosa do Rio Preto, terra da qual tem muito orgulho. Mora em Salvador
Ozéias (entrevistado):
Conexão: O Senhor tem sido informado sobre as invasões que tem surgido ao redor do campinho Beira Córrego?
Ozéias: “Quando estive em Formosa, em Dezembro último, percebi que haviam moradias próximas ao campinho. Fiquei preocupado com o que vi. Me lembrei que dali, aos dezesseis anos, saí e fui jogar bola. Mas comecei nesse campo. E, quantas e quantas pessoas em Formosa que jogaram nesse campo e foram para a Seleção de Formosa! E muitos outros que vinham de outros locais, como Santa Rita, cidade da Barra, e mesmo do Piauí. E sempre vinham jogar nesse campo, para hoje nós vermos uma situação crítica dessa. A população de Formosa, principalmente quem gosta de futebol, tem que buscar um meio de proibir a invasão. Como ainda são poucos, tem que conversar com esse pessoal sobre o campo ser importante. Pois muitos jogadores filhos de Formosa começaram ali e isso o torna um patrimônio que vai servir para nossos netos e bisnetos. Por isso, é preciso tomar uma providência. É possível que os invasores até tenham filhos que joguem no campinho.
Quanto aos que saíram da cidade, o fizeram para melhorar a situação de vida. Mas nossa cidade ninguém esquece. Nossa cidade é um ponto de referência e sempre retornamos, seja nas férias ou depois que aposentamos voltamos para morar. Eu sou aposentado, mas continuo trabalhando, estou querendo comprar uma casa na cidade e sei que não vou mais jogar bola, mas meus netos jogam, tenho sobrinhos muito bons de bola e que podem participar do campinho e se lembrarem de que os pais e os avós já jogaram no campinho também.”
Conexão: “Sendo assim podemos dizer que o campinho é um vínculo entre gerações nas famílias?”
Ozéias: “Exatamente! Eu mesmo se estivesse aí hoje com meus filhos, com meus netos, tenho certeza que estava todo mundo jogando bola junto. Inclusive dos nossos jogadores que já nos deixaram e que estão com Deus podem ter deixado filhos que hoje são os que jogam no campinho. Mas o importante é que o campinho é um patrimônio da cidade, como se fosse um berço de ouro. Muita gente nossa saiu dali para outros times para jogar, como o Debila. Quando era Debila e Expedito na zaga, todo mundo tremia ao ver os dois crioulos jogando bola. Era minha paixão ver os dois negões jogando futebol. Foi ele (Debila) que me lançou. Ele falou: “Vou lançar você como goleiro”, e foi assim. Fui o reserva do André Debila, que é o irmão dele. Eu era garotão e jogava essa bolinha no campinho sempre.
É lamentável ver um patrimônio nosso acabando. E por pessoas que provavelmente não são da cidade. O que tenho a dizer para o pessoal aí, pelo amor de Jesus Cristo, nossos governantes tomem uma providência, sem entrar em atrito. É ir lá conversar com as pessoas e ver o que se pode fazer por eles também. Porque tem gente que faz assim porque não tem condições mínimas de pagar nem um aluguel. Mas que essas pessoas também precisam pensar e ver que ali é um campo de futebol e que nós precisamos desse campo, nós todos, nossos filhos, nossos netos, e bisnetos que virão ainda.
Em minha época, na margem do campo a gente só via as pessoas que iam para nos assistir jogar, como seu Antônio Araújo, pai de Pedro Araújo, que ia assistir e ficava sorrindo comentando para os outros que também tinha jogado ali com os seus amigos e que estava alegre por ver os filhos dele jogando ali também.”
Conexão: “Fazendo essa análise toda, conseguimos caracterizar assim a importância que esse campo tem para Formosa?”
Ozéias: “Se a gente for analisar bem, é isso. Isso é um patrimônio riquíssimo para a família de formosenses que jogaram bola, inclusive o Zico e seu irmão que era bom de bola, corria pra caramba e que a gente lembra agora. E agora, é pedir para os nossos governantes verem o que podem fazer por nós, e pela galera que está fora de Formosa que jogaram bola aí. Lembro até de um grande jogador que foi embora também, Manequinha. Jogou demais da conta. Ele está lá em Salvador. Temos que ver tudo isso. Só peço que vocês que estão à frente se empenhem mesmo, pois conhecem melhor essa situação do que ns que estamos fora.”
Conexão: “Então essa iniciativa de tentar regularizar de vez o campinho é válida?
Ozéias: Realmente é uma preocupação muito grande e até pra nós que estamos fora, pois é um ponto de lazer nosso. Infelizmente nós que não estamos aí só acompanhamos, mas sempre que possível vamos, meio de ano, final de ano, e todo mundo ainda tem suas perninhas para dar uma carreirinha no campo. E dizer assim: “graças a Deus eu estou no meu estado, estou na minha Bahia, estamos curtindo um campo que eu joguei quando eu tinha meus 12 anos, 13 anos”.
Eu comecei quando eu tinha oito anos. Com oito anos eu comecei a jogar bola. Saí daí com 16 anos e vim para Brasília. Cheguei aqui e joguei no Planaltina.”Ozéias é filho de Formosa do Rio Preto. Sua mãe é da região da Malhadinha, seu pai do Piauí. Hoje é funcionário público no DF, funcionário da CODEPLAN e é requisitado a 26 anos pela Polícia Militar.
Edson(Pirrucha)
Eu acho que a prefeitura tem que continuar com a cultura que a gente tem sobre esse campinho de bola, que isso aí vem de infância do povo formosense. Agora não acho certo esse povo chegar aí e construir casa ali. A Prefeitura não vai poder fazer nada. Acho errado. Cadê o doutor,que participa do jogo também?
Meu nome é Edson, conhecido como Pirrucha em Formosa. Joguei muita bola na minha infância nesse campinho de areia. Eu não espero que ele acabe assim dessa maneira. Não vejo necessidade de ter construções de casa na beira do rio. Formosa tem muito espaço para construir casa.A minha infância foi toda na beira do rio e nesse campinho de areia. Essas são minhas palavras.
Paquinha:
“O campinho Beira Córrego faz parte da minha infância e da minha história no cenário esportivo. Foi ali que dei o pontapé inicial como atleta. Foi através do Beira Córrego que tive uma boa referência e a educação de conscientizar que esporte educa e transforma as vidas das pessoas para um futuro melhor, não só na minha geração como em outras. Por isso posso dizer que o campinho Beira Córrego faz parte da minha e da nossa história no cenário esportiva de Formosa do Rio Preto.”
Paquinha (Djalma Batista, formosense, músico, professor de música. Com a música “Mão” participou da etapa do Canta Bahia na região oeste da Bahia)
Valdecir:
Fico triste, nosso campinho beira - córrego tá sofrendo invasões e as autoridades municipais ignoram.Realizamos todos os anos ,uma partida de futebol, afim de reunir atletas do passado que moram aqui em Formosa e fora.
Sou Valdeci Ferreira de Almeida, filho de D. Nina,conhecida por fazer bolinhos de. arroz, por muitos anos e do Sr. Filadelfo. Nasci aqui em Formosa e sempre joguei bola no campo Beira Córrego juntamente com meus irmãos e amigos. Era uma diversão sagrada de todos os fins de tarde.
Gerivaldo:
“Agradeço
pela oportunidade de fazer um breve relato histórico do campinho Beira Córrego de Formosa do Rio Preto/BA.
Quando o
assunto é esporte a história de GERIVALDO PEREIRA DE OLIVEIRA,
formosense, se confunde com a história de muitos outros porque na
época não havia a estrutura esportiva de hoje e tudo acontecia no
mesmo lugar.
De acordo com Junges, Maria Dania (2012, p. 51),
“o esporte sempre esteve presente na Formosa de ontem e de hoje”,
as animadas partidas de futebol no campinho da beira do rio ou Beira Córrego como queira eram seguidas das passeatas da torcida pelas
ruas, com o time vitorioso, relembra a professora e escritora Ester
de Araújo Dias, no seu livro "História de uma Cidade Formosa à
Margem de um Belo Rio Preto".
Ao indagar como tudo
começou, alguns tem dificuldade em lembrar. Referem-se aos mais
velhos como sendo os responsáveis pela organização do esporte que
detém parte da história e outra parte já perdeu-se entre mudanças
e falecimentos.
Cabe destacar que, durante muito e muitos anos
este campinho era o ambiente de lazer e diversão que os formosense
tinham, pela suas múltiplas funções para comunidade. Lá acontecia
o futebol, voleibol, atletismo, educação física, ensaios de 7 de
setembro, entre outras atividades.
Em 1987, migrei para
Brasília em busca de estudo e trabalho e, sempre que posso, retorno a
cidade para rever a família e jogar uma pelada com os amigos do
passado.
Porém, de algum tempo para cá alguma coisa mudou,
mas ainda há muito a mudar. E, graças pela iniciativa dos amigos do
baba campinho beira córrego vem impulsionando, cada vez mais, este
resgate histórico.
Dentre essas iniciativas, em dezembro, é
realizada no campinho uma partida de futebol entre peladeiros dos
anos 70 e 80 da cidade versus visitantes, onde todos jogam descalços
como no passado, seguido de um bom churrasco de confraternização,
que já se faz presente ao calendário esportivo de Formosa.
Nosso
desafio agora é dar continuidade a este evento esportivo de modo que
o poder público municipal,
por meio da supremacia do interesse público, venha atestar e
proporcionar este espaço que é de todos.”
Ditinho:
“Aqui às margens do Rio Preto, no Porto Raso e vendo alguns meninos brincando no campinho de areia que tem ao lado, e ao mesmo tempo me lembrando com preocupação do que está se passando com o nosso campinho de areia (o campo Beira Córrego) onde todos os anos, por incentivo de nosso amigo Delcivaldo, fazemos aquele baba gostoso ao final do ano. Com aquele churrasquinho maravilhoso com todos os amigos, conterrâneos que moram aqui e os que moram fora, aquela coisa gostosa entre amigos. Então, não podemos deixar que esse campinho venha ser transformado como que em um condomínio. Não! Aquele campinho é nosso. Aquele campinho já tem mais de 50 anos. Eu vou fazer 58 anos e esse campo já existia antes de mim. Não é agora que vão chegar os invasores e destruir o nosso campinho, não. O que queremos é que o nosso gestor municipal, que também é um atleta, que já jogou muita bola no passado e que hoje também faz até parte do time nosso - o qual no final do ano que passou estava junto com a gente no campinho- , que ele precisa se mover, se sensibilizar, e documentar o campinho como patrimônio público, nosso. Para que ninguém chegue ao ponto de querer nem tocar na ideia de ali plantar nem mesmo um pé de tomate. Ali temos que fazer algo bem feito para que continue sendo o lugar para batermos aquela bolinha entre amigos. E documentado como patrimônio público, para que ninguém queira invadir o campo. Que as autoridades, prefeito e vereadores, do município nos ouçam e possam tomar as providências.”
Benedito José Nogueira Mendes (Ditinho) filho de Corrente, mora há muitos anos em Formosa do Rio Preto. É comerciante e funcionário público.
Adalberto Gomes
“Sou nascido e criado em Formosa do Rio Preto e todos os anos vou a Formosa. Em relação ao campinho Beira Córrego, não podemos deixar invadir, fazer lote, construir, pois o campinho é parimônio de nossa cidade. Desde quando Formosa foi fundada já havia esse campinho. É onde a gente jogava futebol. Eu já estou com 55 anos e desde ciança, de menininho mesmo, que conheço esse campo. Quantas vezes não fui aaté mesmo marcar o campo quando os times de outras cidades íam jogar nesse campinho. Não podemos descartá-lo. O prefeito tem que tomar as medidas para proteger o nosso campinho, pois esse campinho é patrimônio de Formosa do Rio Preto. Comparo com a igreja e a praça em frente da igreja, são patrimônios da cidade, o rio é mais um patrimônio da cidade. Então, jamais pode ser descatado esse campinho. O quer for preciso temos que ir atrás, correr e defender o nosso patrimônio. Estão de parabéns todos que estão preocupados e querendo defender o noso campinho. Vamos nos organizar e fazer isso, proteger o campinho Beira Córrego.”
O Adalberto mora atualmente no DF, mas todos os anos participa do evento de confraternização dos amigos do campinho Beira Córrego. É da família Gomes, filho de seu Bartolome Gomes, irmão do profesor Gilberto e de Heitor, Carlos, Eva, Tereza, Olindina, do finado João do milho (que foi jogador na cidade também), uma família estença em Formosa.
Cisenando Bezerra
“Sobre esta questão do campinho de areia, se a gente fechar os olhos vai acabar. Vai acabar porque Formosa do Rio Preo não é diferente das outras cidades, e, existe a indústria da invasão. O pessoal não tem moradia, não tem um teto, o local ficando abandonado pelos proprietários, o que acontece? Eles simplesmente vão chegando e ficando e fincando e ficando e ficando. E então, quando o poder público, ou os proprietários de fato das terras querer de volta, os moradores vão querer idenização de uma forma que a terra não valha a idenização que vão pedir, o que acaba forçando o proprietário largar de mão. O ideal seria coibir essas invasões. Eu me lembro que ali era um lugar de divertimento aqui em Formosa do Rio Preto.
Ali tem uma importância muito boa para nós formosenses, significa a época em que nós eramos crianças, que jogavamos bola por ali. Muito importante aquel área ali para nós. Muitos estão reclamando sobre ponte velha e ponte nova, e por que não reclama daquele campinho de areia ali, que é um campinho que pertence a memória de Formosa do Rio Preto?
O ideal seria o poder público anexar aquela área à áreas públicas, idenizando os verdadeiros proprietários e doar para a população, estabelendo um campo, de grama ou de areia, que seja, para que quem não queira ir ao estádio, ou não seja filiado a clube nenhum de futebol em Formosa do Rio Ptero possa participar de um joguinho ali num final de tarde. É muto importante isso.
Essa iciativa em defesa da preservação do campinho Beira Córrego por parte dos conterrâneos que estão assim empenhados é muito válida para manter até mesmo a confraternização que fazem todo final de ano, o que é nada mais nada menos do que um resgate da memória do formosense dos anos 70, 80 e até 90. Eu joguei muita bola ali também. Estava sempre na expectativa do fim de semana ou do fim de tarde para dar aquela carinha nas partidas ali. Eu acredito que é muito válida a iniciativa dos conterrâneos de buscar essa posse daquele campinho e resgatá-lo de vez em favor do povo de Formosa.”
Cisenado Bezerra é conhecido em Formosa como Nando, filho de seu Pedro Bezerra. Nascido e criado no município de Formosa do Rio Preto. Gente da nossa gente. Foi funcionário do Banco do Brasil em Formosa, em Brasília e de outras cidades por aí nesse brasilsão a fora. Está retornando a Formosa do Rio Preto para ficar e continuar a sua história em definitivo.
Pedro Marques (Pedro de Bila)
“Eu sou Pedro de Bila, para falar sobre as coias boas que existiram naquela época e até hoje ainda existem, pra falar sobre o campinho de futebol de areia. Nós, quando naquela época, ainda em 1970/71 – ali eu tinha uns 13 anos – ainda tive o prazer de ver Jordelino José Dias (seu Teté) jogando. Jocinha, João de Ana, Fernando, Antônio de Chiquinha, tanta gente boa naquela época. Foi dali, então, que vieram todos os movimentos para a gente fundar os melhors times de Formosa, e que ainda existem.
E é por isso que eu estou sempre apoiando e sempre tenho a alegria de voltar no final de ano para encontrar aqueles amigos jogando ali – é tanta gente boa se encontrando ali – é um movimento sincero. É um movimento que a gente guarda para muitos anos, de tudo aquilo que passou e ainda passa até hoje. Hoje, necessita e precisamos de ter a oportunidade daquele campo para fazer um movimento para nós. Quantos craques não saíram dali de Formosa do Rio Preto! Eu digo: Zico, Deginha, Dotinha, Antônio Pedro, Pedro de Bila, Pedro Araújo, Lageota... Dali nós saímos e fizemos o primeiro time, como o Operário. Depois veio Vila Nova e outros.
Na verdade o que importa é o que a gente está lutando para conseguir. Mas, através dessa publicação e de todos os meios que há para levar ao conhecimento público... juntando tudo isso se seleciona as melhores coisas para que nós possamos adquirir aquele campo, para que seja tombado ou algo que o dê como seguro. Talvez através de um documento que garanta o seu uso definitivo para o esporte e para a confraternização do final do ano.
Encontrar os amigos, encontrar um Nozinho, encontrar um Pedro Araújo, Encontrar um Glício, um Vivi que jogou bola ali. Tanta gente que tem a sua história ligada ao campinho que agora precisa de todos nós para permancer escrevendo a história dos ouros que virão.”
Horácio de Almeida Batista
"Ora, gente por que querem fazer tanta malvadeza com o nosso campinho de areia?
Pedimos às autoridades competentes para que não deixem acabar o nosso campinho de areia, palco de tantas alegrias do futebol de Formosa do Rio Preto.
Ora, saudades do campinho de areia. Os sábados e domingos (na década de 1960) se aproximando, com certeza a festança estava chegando. Veneza e Ipiranga estariam se enfrentando.
Como eram lindos os galhos das cajaranas e o povo gritando “uipe, urraa”. Tarde de domingo e as bandeiras se movimentando e o povo gritando: “É canja, é canja de galinha! Arruma outro time para jogar com essa linha”.
Ah, como era bom no Deco e Go. Lembro como hoje, em um belo domingo bem cedinho. Nós, jogadores, íamos tampar os buracos que os gambás faziam no campo. Já levavamos as cinzas para marcar o campo.
Que saudades do cheba de Orlando César, que nos transportava para Santa Rita, Corrente e Riachão das Neves.
Como era bonito, Zé de Maneca goleiro em um time e Zé Grande, goleiro no outro. Partidas emocionantes. Ali o chão parecia tremer.
O nosso campinho de areia foi o que me fez perder muitos dias de aula para jogar (Veneza X Ipiranga, rua de cima contra rua de baixo). Tanto jogo bonito e emocionante que me faz lembrar de Heloinha, Jocinha, Tapuio, Raimundo de Mozilo, Valdemar irmão de Horácio, Petrônio de Sá Nega, Vadú, Ribinha, Rogério, Horácio, Zé de Maneca, Zé Grande, Cobiniano, e Teté Técnico do Veneza.
Não podia esquecer os encontros, com os times visitantes. Íamos encontrar o time de Santa Rita, no jatobá; com o de Corrente, na Reta do Largo; e com o de Riachão das Neves, No Yeiú.
Como é bom falar do campinho de areia, e Osvaldo Guarda, cantando o bem-te-vi; o Velho Alcino, Bambambâ com a Rebeca. E jordelino, Hortêncio e Venâncio na sanfona ao lado do campo. Orlando César nos chamava pelo apelido de “bicho”.
Ribinha, Vadu, Antônio, Chiquinho Bomfim, Petrônio de Sá Nega, e eu Horácio fomos convidados para jogar na seleção de Formosa, participei de 3 jogos, Santa Rita 2 X 1 Formosa; Formosa 3 X 1 Santa Rita; Corrente 1 X 1 Formosa; Formosa 4 X 2 Corrente; Riachão das Neves 2 X 1 Formosa; Formosa 3 X 1 Riachão das Neves.
Logo tive que me despedir, no jogo Veneza X Ipiranga. Foi muito bom, mas desde que a viagem se aproximava eu pensava se iria ou se ficava. O destino falou mais alto, e aqui então fiquei.
Saudades dos amigos e dos velhos tempos do campinho de areia."
Horácio de Almeida Batista.
Reportagem:
João Nogueira.
Radialista em Formosa do Rio Preto, desde o ano de 1996. Tendo participado de todas as rádios que surgiram em Formosa desde então. Autor do Livro "Conexão da Manhã, história do rádio em Formosa do Rio Ptero", publicado em 2018 pela JC Gráfica. Livro que descreve a tragetória do programa realizado na rádio comunitária de Formosa. Responsável pelo blog Conexão Vitrine e
Nenhum comentário:
Postar um comentário