PL do Banco Central revisa instrumentos legais que dificultam exportações e importações de serviços de bens e serviços, investimento produtivo e livre movimentação de capitais
 
O
 desempenho industrial brasileiro pode ter um novo cenário com a 
modernização do mercado de câmbio nacional. Atualmente, os serviços 
bancários no Brasil são altamente concentrados e um incremento na 
competição que resulte na redução do custo de financiamento pode 
pavimentar um caminho importante para a otimização da atividade das 
indústrias. 
Nesse contexto, um projeto de lei (PL) encaminhado pelo Banco Central 
(BC) ao Congresso Nacional visa a instituição de um novo marco legal 
para o mercado de câmbio e de capitais estrangeiros no Brasil e 
brasileiros no exterior. O PL revisa mais de 40 instrumentos legais 
vigentes e os consolida em uma só lei. Segundo o BC, a legislação 
permitirá a melhoria do ambiente de negócios no país trazendo 
simplificação e celeridade para todos os que lidam com operações 
internacionais. 
Um dos principais pontos do projeto é a autorização para que pessoas 
físicas e mais pessoas jurídicas tenham contas em moeda estrangeira no 
Brasil. Atualmente, somente agentes autorizados a operar em câmbio, 
emissores de cartões de crédito de uso internacional, seguradoras e 
prestadores de serviços turísticos podem manter conta em moeda 
estrangeira. 
“O mercado (de câmbio) brasileiro tem pouca competição. Temos cinco, 
seis bancos dominando há muito tempo. A entrada de capital estrangeiro 
no país vai melhorar a atuação dos nossos bancos e atores financeiros 
nacionais. Isso porque quando se ingressa um capital estrangeiro no 
país, nós vamos ter novos atores, novas ferramentas, novas tecnologias, e
 o melhor, novas políticas e novas formas de fazer transações 
financeiras”, avalia Eliseu Silveira, economista e especialista em 
Direito e Administração Pública. 
O Brasil atrai os olhos de investidores de todo o mundo, por diversos 
potenciais, entre eles o agropecuário, mineral, e de consumo. Na visão 
de especialistas, o projeto do BC vai ao encontro aos anseios de 
empresas e países que queiram investir no mercado brasileiro, que não 
possuía tanta liberdade. “Vem em boa hora esse projeto que visa a 
democratização. A aprovação pode estimular investimentos na nossa cadeia
 produtiva. Nosso crédito vai ficar mais barato”, completa Eliseu. 
Para o deputado federal Paulo Ganime (Novo-RJ), a atual legislação 
brasileira é um dos principais empecilhos para atração de capital 
estrangeiro. “O Brasil é um dos países que tem menor transação 
internacional, tanto exportação quanto importação, em termos de 
proporcionais ao tamanho da economia. Um dos pontos específicos é esse 
da parte cambial. A legislação atual é muito complexa e impede a 
participação de novos entrantes. O PL é mais uma medida para o Brasil 
avançar na atração de investidores”, destaca o parlamentar. 

Simplificação
Segundo o Banco Central, empresas que operam no comércio exterior 
serão um dos setores mais beneficiados. Um dos objetivos do projeto do 
BC é incentivar a participação de empresas brasileiras no mercado 
internacional. 
A nova lei deve seguir o caminho de excluir o excesso de burocracia que 
existe atualmente no processo de contratação de câmbio para importação e
 exportação, além de eliminar restrições dos exportadores no uso de suas
 receitas mantidos em sua conta no exterior. O Banco Central espera, 
assim, maior concorrência e eficiência do mercado.
Na avaliação do economista e ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo
 de Freitas, o PL coloca o Real como uma moeda mais competitiva no 
cenário internacional. “É positivo no sentido de que oferece mais 
competição à moeda nacional, obrigando o governo a ser mais cuidadoso em
 sua política monetária e fiscal”, explica. 
Fintechs
Outro ponto de destaque do PL é a autorização da atuação de Fintechs no mercado de câmbio. Pela regra atual, uma Fintech só pode atuar no mercado de câmbio caso esteja associada a uma corretora ou banco. Sozinhas, são legalmente impossibilitadas de atuar nas operações com moedas estrangeiras. “Hoje sabemos que há um deságio muito grande quando alguém quer operar no mercado de câmbio, seja pessoa física ou jurídica. Com a entrada das Fintechs, vamos aumentar a concorrência, diminuir a diferença de preço, fazendo com que seja muito mais fácil operar e até mesmo ter menos reservas de câmbio”, avalia Paulo Ganime (Novo-RJ).
 
 
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