quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Indicadores da indústria reforçam papel do setor na retomada do crescimento econômico

Indicadores Industriais divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em junho, que revelaram números positivos em faturamento, empregos e massa salarial

Foto: Agência Brasil/EBC

A pandemia de Covid-19 trouxe impactos significativos para a economia brasileira. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, após o início da crise sanitária em 2020, 70% das indústrias nacionais tiveram quedas em seus negócios. O setor industrial, todavia, vem se reconstruindo e impulsionando a retomada do crescimento econômico do Brasil. 

Exemplo disso são os últimos Indicadores Industriais divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em junho, que revelaram números positivos em faturamento, empregos e massa salarial. Esse último indicador, por exemplo, cresceu 2,4% entre junho e maio na indústria de transformação, que chegou ao seu ponto mais elevado desde o início da pandemia, em março de 2020. 

O faturamento real também teve melhora e, em junho, alcançou o maior patamar neste ano. Em relação a maio, o crescimento foi de 0,9%, mas já no quinto mês do ano houve aumento do indicador: 1,8% em relação ao resultado de abril.

Os empregos da indústria aumentaram 0,4% em relação a maio. “A indústria é fundamental na geração de renda, e nós também podemos observar o crescimento da massa salarial, que é de fundamental importância porque a indústria consegue remunerar melhor o trabalhador. Com isso, há aumento da renda do trabalho e isso é muito importante”, avalia o economista César Bergo. 

O levantamento feito pela CNI revela ainda alta em junho no rendimento médio real dos trabalhadores da indústria – 1,9% em relação a maio. Com esse crescimento, o índice atingiu o nível mais alto do ano, chegando próximo ao patamar do primeiro semestre de 2021.  Na comparação com junho do ano passado, o rendimento médio cresceu 0,5%.

O economista e professor da  Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Renan Pieri, avalia que a economia brasileira vem melhorando nos últimos meses, o que pode gerar incentivos ao desenvolvimento industrial brasileiro. “Pode, sim, gerar incentivos para a indústria nacional, gerar mais produtos, principalmente voltados ao mercado doméstico. Sendo bom momento da economia, certamente é melhor para a indústria nacional, embora esteja sofrendo muito com gargalos de infraestrutura e custos dos insumos”, destaca. 

As horas trabalhadas na produção mantiveram-se estáveis após o avanço de maio. Comparando o índice com o de 12 meses atrás, houve crescimento de 3,8%. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI), índice que mede o nível de atividade da indústria a partir da porcentagem do parque industrial em funcionamento, registrou queda de 0,3% em relação a maio, embora o nível ainda seja elevado, de 80,4%. Já na comparação entre junho de 2022 e o mesmo mês de 2021, o indicador caiu 1,5%.

Indústria melhora, mas merece atenção

Embora os números configurem um cenário positivo, o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, chama atenção para alguns obstáculos que impedem a expansão da produção. “Os Indicadores mostram um bom momento da indústria, apesar das dificuldades trazidas pela falta de insumos e matérias-primas e o alto custo da sua aquisição.”

Para César Bergo, no entanto, ainda que haja possíveis obstáculos para a retomada completa do setor industrial, há otimismo para os próximos meses. “Acredito que se somar todas essas questões, melhoria no fornecimento de insumos, de componentes eletrônicos, creio que a indústria pode apresentar um excelente desempenho, sobretudo no quarto trimestre”, conclui.

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