Projeto, criado inicialmente para atender a colegas de sala de aula com deficiência, pode melhorar acessibilidade de milhões de brasileiros, preveem responsáveis
Seis
alunos do SESI de Volta Redonda desenvolveram um elevador ‘inteligente’
que usa energia limpa e facilita o acesso de pessoas com algum tipo de
deficiência. O projeto é uma das 100 soluções tecnológicas selecionadas
para participar do Torneio de Robótica FIRST LEGO League 2020 (FLL), que
ocorrerá em São Paulo, no início de março.
Integrante da equipe “Silver Wolves”, a aluna Maria Lígia Aquino, de
16 anos, conta que a máquina foi pensada, inicialmente, para atender aos
colegas com dificuldades de locomoção. “A ideia inicial era fazer o
elevador totalmente eletromagnético, mas, por questões de segurança,
resolvemos adaptar e mesclar com outro tipo de energia. Nós estudamos
com técnicos da área, vimos como funcionava um elevador, as peças, tudo
para que tivéssemos uma ideia mais clara do funcionamento”, explica a
jovem. Além dela, o projeto tem como idealizadores André Machado, Danilo
Soares, Gabriel Moreira, Maria Rita Ferreira e Maria Vitória Gonçalves.
A técnica da equipe, Priscila Bento, revela que o protótipo utilizará
a luz do sol como fonte de energia. “Dando certo, é possível aplicar em
qualquer outro lugar e com custo bem mais baixo”, afirma.
Antes de trabalhar no projeto, Maria Lígia, que se considera uma
aluna de “humanas”, via a robótica como algo distante. “Quando fui
chamada para a equipe, eu me surpreendi. Não é só aquilo que a gente
pensa, de computador, de mexer em fio, é bem mais que isso. São ideias,
interações em grupo, saber lidar com pessoas. Abre muito nosso
pensamento, como vai ser o futuro. É tudo muito novo, tudo muito bom”,
completa a jovem.
Na avaliação de Priscila, um dos principais objetivos da robótica é
dar ao aluno a oportunidade de ter novas experiências em sala de aula.
“O importante é que foi feita e é desenvolvida para atender a sociedade.
Independentemente do equipamento usado, a robótica tem que ser pensada
com esse intuito social. A robótica e a tecnologia podem tornar o aluno
protagonista de todo esse processo”, opina a educadora.
O elevador inteligente pode ser uma alternativa à falta de
acessibilidade no país, que tem cerca de 45 milhões de brasileiros com
deficiência física, mental ou intelectual. Para se ter ideia, apenas
4,7% das calçadas, por exemplo, são acessíveis para essa parcela da
população. Os dados são do último Censo Demográfico realizado pelo IBGE.
A competição
O Torneio de Robótica FIRST LEGO League reúne 100 equipes formadas por
estudantes de 9 a 16 anos e promove disciplinas, como ciências,
engenharia e matemática, em sala de aula. De 31 de janeiro a 16 de
fevereiro, haverá as disputas regionais. Os melhores times garantem vaga
na etapa nacional, que ocorre em março, em São Paulo.
O objetivo é contribuir, de forma lúdica, para o desenvolvimento de
competências e habilidades comportamentais exigidas dos jovens. Todo
ano, a FLL traz uma temática diferente. Em 2020, os competidores terão
que apresentar soluções inovadoras para melhorar, por exemplo, o
aproveitamento energético nas cidades e a acessibilidade de casas e
prédios.
Segundo o professor de Robótica do SESI-RJ Luiz Henrique Bento, os
ganhos educacionais para os alunos são “imensuráveis”. “Ao ofertar aos
nossos alunos uma educação completamente inovadora e de qualidade, com
avanço tecnológico, a gente rasga a cortina daquele método de educação
antigo e realmente protagoniza o aluno como elemento fundamental no
processo de aprendizagem”, justifica.
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