sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Para ajudar famílias desabrigadas, alunos de Rio Negro (PR) criam divisórias sustentáveis para até quatro pessoas

Material feito de fibra de eucalipto tem cerca de 14 metros quadrados com dois metros de altura e pode alojar uma família, com cama e guarda-roupas

Foto: arquivo pessoal

Sete alunos do SESI de Rio Negro criaram divisórias feitas de material sustentável para auxiliar e dar mais conforto a famílias que ficam desabrigadas por conta das chuvas no município. O “MAVE”, Melhoramento dos Alojamentos das Vítimas de Enchentes, será apresentado junto com outros projetos durante a etapa nacional do Torneio SESI de Robótica da FIRST Lego League (FLL), que ocorrerá no início de março, em São Paulo.
“Percebemos um problema muito grave que ocorre na nossa cidade quase todo ano, a enchente. Vimos também que as pessoas sofrem muito, tanto psicologicamente quanto na perda de seus bens materiais”, contextualiza a aluna Kassia Cardoso, de 16 anos.
Pensando em amenizar essa situação, a equipe de robótica “The Gears” desenvolveu uma divisória naval de fibra de eucalipto, de fácil instalação e manutenção, e chuveiros pré-moldados e sustentáveis que não agridem o meio ambiente. “As divisórias levariam cerca de uma hora e meia para serem montadas”, adianta ela, ao lembrar que esse material substitui, por exemplo, paredes de concreto.
Cada divisória tem, em média, 14 metros quadrados com dois metros de altura e pode abrigar uma família de quatro pessoas. Em uma simulação na quadra da escola, Kassia e os colegas Camily Fernandes (16), Carolyne Fernandes (16), Enzo Coelho (15), Marco Antonio Lima (15), Nathan da Fontoura (15) e Gabriel da Silva (15) constataram que dentro de cada espaço como esse cabe uma cama e um guarda-roupas, por exemplo. “São coisas que as pessoas resgatam a tempo quando a enchente está vindo”, lembra Kassia.
O objetivo do projeto, segundo o técnico da equipe, Júlio Martins, é dar mais segurança e conforto às famílias que sofrem com esses desastres. “Eles se comoveram bastante. Pensaram nisso para dar a essas pessoas condições de higiene, um ambiente aconchegante e que, pelo menos, que dê privacidade”, revela.
Ajuda rápida
Há alguns anos, Kassia recorda que cerca de 75 famílias foram abrigadas no ginásio do município por conta de enchentes. Caso as divisórias já estivessem à disposição, a jovem conta que a ajuda a essas pessoas poderia ser rápida, já que no espaço, segundo ela, caberiam 75 divisórias.
“Levaríamos cerca de cinco horas para montar tudo, com 20 pessoas ajudando. A gente contaria com trabalho voluntário e com pessoas que cuidariam das  crianças, de forma que elas não sofram tanto com o impacto que a enchente pode causar na vida das pessoas”, ressalta.
Segundo o professor Júlio Martins, a ideia da equipe é inédita no Brasil. A proposta foi analisada e aprovada pela Defesa Civil de Rio Negro e será apresentada à prefeitura, que também já demonstrou interesse. “A equipe não faz isso apenas para conquistar prêmio ou visibilidade. Eles se dedicam pelo simples fato de estarem fazendo a diferença”, diz orgulhoso.



A competição

O Torneio de Robótica FIRST LEGO League reúne 100 equipes formadas por estudantes de 9 a 16 anos e promove disciplinas, como ciências, engenharia e matemática, em sala de aula. O objetivo é contribuir, de forma lúdica, para o desenvolvimento de competências e habilidades comportamentais exigidas dos jovens.
O diretor de Operações do Departamento Nacional do SESI, Paulo Mol, ressalta que a elaboração dos projetos estimula a autonomia e o trabalho em equipe e contribui para a formação profissional dos alunos. “A questão do empreendedorismo é a base de todo o processo. Nesse torneio, uma das avaliações que é extremamente importante é a capacidade de empreender, de buscar coisas novas, de fazer com que o produto seja desenvolvido”, atesta.

Jalila Arabi

 

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