Principal mudança do substitutivo aprovado na Comissão de Infraestrutura é a possibilidade de o consumidor escolher de qual empresa quer comprar energia
O
texto que regulamenta o novo marco do setor elétrico (PLS 232/2016)
teve a votação concluída na última terça-feira (10) e não sofreu
alterações, após passar por turno suplementar na Comissão de
Infraestrutura (CI) do Senado. O substitutivo já tinha sido aprovado na
última semana, mas precisava passar por uma nova rodada de votação
porque houve alteração na redação original da matéria. O texto segue
agora para a Câmara, se não houver recurso de senadores para análise em
Plenário.
O PLS 232/2016 mudará o modelo de consumo de energia elétrica no
país. Uma das principais mudanças está na possibilidade de o consumidor
escolher livremente de qual empresa e de que tipo de fonte quer consumir
energia. Será possível escolher até se quer usar energia de fontes
renováveis, como solar ou eólica. É prevista também a abertura do
mercado de energia do país para a entrada de empresas privadas, o que,
segundo o texto, aumenta a competitividade entre os fornecedores e deve
reduzir as tarifas cobradas dos brasileiros.
Segundo o relator da proposta, senador Marcos Rogério (DEM-RO), o
projeto nasceu para beneficiar o consumidor final e chegou a um formato
que classificou como “inovação em todo o setor”. “O projeto garante a
migração como o direito de todos os consumidores. Começou com essa
ideia, mas avançou, evoluiu e, hoje, representa uma inovação em todo o
marco legal praticamente. É um projeto que não inclui apenas uma
portabilidade, não fala apenas da possibilidade de migração para quem
está no mercado cativo para o mercado livre”, esclareceu.
O texto inclui também a alteração da forma de comércio entre lastro e
energia. O lastro é uma espécie de garantia exigida pelo Ministério de
Minas e Energia (MME), que custeia geradores, distribuidores e
consumidores. Pela legislação atual, o lastro e a energia elétrica
efetivamente gerada e consumida são negociados como se fossem um só
produto. Com a aprovação do projeto, esses itens passarão a ser
negociados separadamente.
Outro aspecto é quanto ao compartilhamento, entre distribuidoras, dos
custos com a migração de consumidores para o mercado livre. Pelo modelo
atual, as companhias são obrigadas a contratar toda a carga de energia
elétrica para atender seus consumidores. Marcos Rogério aponta que,
assim, a empresa que ficar com excesso de energia elétrica após a
migração em larga escala para o mercado livre poderia repassar isso ao
consumidor, deixando a conta de que ficar no mercado cativo mais cara.
A solução encontrada pelo senador foi a criação do que chamou de
“pagamento universal”, uma espécie de cota para que a migração de
consumidores do mercado cativo para o mercado livre não crie um
desequilíbrio nos preços. “A distribuidora compra um volume de energia,
produto, o número de consumidores diminui. Consequentemente, o preço
para quem ficar será mais caro. Esse será um mecanismo de mitigação.
Vamos diminuir esse passivo criando mecanismo que possa diminuir o
tamanho dessa diferença”, justifica o relator.
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