Até o momento, nenhum estudo científico atestou a eficiência da cloroquina em pacientes com o coronavírus
A
comunidade científica de todo o planeta tem se esforçado para encontrar
o melhor tratamento, cura e vacina para pacientes infectados com a
Covid-19. Segundo um levantamento da empresa americana de tecnologia
Cytel, em todo o mundo já foram feitos ou elaborados 1.093 ensaios
clínicos sobre a eficácia de tratamentos contra a doença, sendo 230
estudos feitos a partir do uso da cloroquina ou hidroxicloroquina.
A maioria dos estudos científicos ainda não atestaram a eficácia
dessas drogas e a prescrição dos dois medicamentos é alvo de polêmica
entre médicos e acadêmicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já
defendeu que não há comprovação científica da eficiência da cloroquina
contra a o novo coronavírus.
No final de março, o Ministério da Saúde publicou um protocolo em que
autoriza o uso da cloroquina e hidroxicloroquina, a critério médico,
para pacientes com a Covid-19 em estado grave. A pasta também entende
que falta a comprovação dos benefícios dos remédios e que eles podem
causar complicações, como distúrbios cardiovasculares.
De acordo com a infectologista Magali Meirelles, as pesquisas sobre o
tema precisam ser aprofundas. Porém, a emergência que a pandemia trouxe
ao planeta impede que estudos mais detalhados sejam feitos. “A ciência
precisa comprovar, através de estudos bem feitos, bem delineados, com
projetos avançados uma linha de estudos para mostrar realmente a
eficácia desses medicamentos”, defende a médica.
Ela ressalta que, até o momento, não há como afirmar que a cloroquina
e a hidroxicloroquina ajudam a combate o coronavírus. "Relatos com
poucos casos não são suficientes dentro da medicina para determinar se
um tratamento é eficaz", esclarece.
Controle
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que permite programa governamentais a distribuir medicamentos à base da substância sem a necessidade de receita de controle especial em duas vias.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que permite programa governamentais a distribuir medicamentos à base da substância sem a necessidade de receita de controle especial em duas vias.
Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos
do órgão diz que a Anvisa autoriza o uso de determinados remédios, em
situações de emergência, e exime a indústria farmacêutica de problemas
no uso.
De acordo com ele, “não é obrigatório o consentimento da Anvisa para
que médicos e pesquisadores prescrevam a cloroquina e
hidroxicloroquina”. A responsabilização de eventuais danos passa a ser
de quem prescreveu o medicamento e do paciente.
Investigação
Um estudo feito com cerca de 1,4 mil pacientes de Nova York, divulgado neste mês, apontou que a prescrição desses medicamentos não reduz a letalidade da Covid-19. No Brasil, diversas instituições estudam a eficácia desses remédios. Entre eles hospitais de ponta, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês, ambos em São Paulo.
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