Medida visa diminuir tempo de contato em unidades de saúde; orientação foi repassada aos distritos sanitários que atendem 800 mil indígenas no país
Com
a interiorização do novo coronavírus, os povos indígenas correm o risco
de contrair a Covid-19. Para conter a pandemia nas tribos de todo o
país, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde
Indígena (SESAI), elaborou um documento com orientações de como deve ser
o atendimento aos indígenas com sintomas relacionados à covid-19.
Uma das iniciativas estabelece que os casos suspeitos da doença
tenham prioridade no atendimento para diminuir o tempo de contato de
indígenas em unidades de saúde. Além disso, o registro do atendimento
deve ser feito no prontuário do paciente e inserido, com rapidez, no
Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI).
Em outro esforço para ampliar a assistência a quem mais precisa, o
governo federal vai doar cestas básicas para famílias indígenas e
quilombolas, por meio do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos. Segundo a secretária nacional de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, Sandra Terena, o objetivo é que esses alimentos
cheguem a essas comunidades sem risco de contaminação.
“A nossa secretaria está gerenciando um recurso de 41 milhões para
execução de dois TEDs (Termo de Execução Descentralizada). A partir de
um TED que o ministério [da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos]
desenvolveu com a Conab, a gente vai adquirir e destinar alimentos por
meio de cestas básicas, para indígenas e quilombolas. Serão 161 mil
famílias atendida, 154 mil são famílias indígenas e 7.309 são famílias
quilombolas do Brasil”, aponta.
“Foi um trabalho que conseguimos elaborar esses dois termos de
execução descentralizada em tempo recorde. Fizemos isso de forma
interministerial, com apoio também da Fundação Palmares, da FUNAI
(Fundação Nacional do Índio) e da SESAI”, complementa Sandra Terena.
A partir do “Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo
novo Coronavírus (COVID-19) em Povos Indígenas”, o Ministério da Saúde
reforça a necessidade de cuidados básicos nas aldeias para evitar a
disseminação do vírus. 12 documentos foram elaborados pelo Ministério da
Saúde, destinados aos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas que
atendem quase 800 mil indígenas no Brasil. Neles, constam recomendações
de isolamento em caso de diagnóstico de covid-19 e cuidados adicionais
na higienização e manejo de equipamentos no momento de colher amostras,
por exemplo.
Segundo a SESAI, até essa segunda-feira (4), 139 indígenas tiveram
casos confirmados de covid-19, com oito mortes causadas pela doença. A
maioria delas ocorreu no Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio
Solimões (DSEI ARS), onde vivem cerca de 70 mil pessoas. Para levar
informação às aldeias, agentes indígenas de saúde e de saneamento vão
ajudar na conscientização das comunidades sobre métodos e práticas
preventivas e de controle da doença.

Segundo o médico pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública
Sérgio Arouca da Fiocruz, Andrey Moreira Cardoso, essa medida pode
contribuir para a identificação precoce de sintomas de Síndrome
Respiratória Aguda Grave entre os indígenas.
“Uma coisa muito importante para pensar é que, quanto mais pessoas
doentes, mais idosos vão ficar doentes e, assim, teremos mais casos
graves precisando de atendimento hospitalar. Por isso, é muito
importante prevenir que a doença entre nas aldeias e chegue aos mais
velhos”, pondera Cardoso.
O Ministério da Saúde criou, ainda, um documento com recomendações à
FUNAI, como medidas restritivas à entrada de pessoas nos territórios
indígenas, devido à vulnerabilidade dessa população. Outra orientação é
ampliar as restrições de acesso a territórios habitados por povos
isolados ou de recente contato, incluindo a necessidade de quarentena
para profissionais de saúde e membros da entidade antes do acesso a
essas comunidades.
Para mais informações sobre a Covid-19, acesse coronavirus.saude.gov.br.

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