terça-feira, 19 de maio de 2020

PE: Empresários do setor têxtil tentam amenizar prejuízos com fabricação de EPIs

Segundo presidente regional da FIEPE, segmento enfrenta dificuldades no estado por conta do fechamento do comércio e de feiras populares

Foto: Cristiane Bonfanti/Divulgação CNI

As consequências econômicas geradas pela pandemia de covid-19 têm afetado os pernambucanos que dependem do próprio negócio para sobreviver. Prova disso é a queda drástica no Índice de Confiança do Empresário da Indústria (ICEI) no estado, que foi de 58,9 pontos, em março, para 36,7 pontos, em abril. O índice varia de 0 a 100 e é medido pela Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE). 
O número – terceiro pior da séria histórica - preocupa o presidente regional da FIEPE, Anderson Porto. Em sua avaliação, a interrupção do fluxo financeiro do comércio, principalmente de micro e pequenas empresas, é o principal fator para o resultado negativo. É o que ocorre, segundo ele, com as companhias do setor de confecções. 
“Essas empresas têm mais dificuldades de se autofinanciar. Isso gera dificuldades como, por exemplo, cumprir com a folha de pagamento. Soma-se a essa dificuldade a dependência do modelo comercial adotado, ligado às feiras semanais. Essas feiras demandam grandes fluxos de pessoas, que vêm de outros estados, o que, neste momento, está totalmente inviabilizado”, analisa.
Porto revela que a solução encontrada por essas empresas foi direcionar a linha de fabricação para atender a demanda por equipamentos de proteção individuais (EPIs), como máscaras faciais e aventais. “É uma forma de se retomar a produção e o fluxo financeiro”, aponta.



Quem seguiu por esse caminho foi o empresário Marcílio Sales, dono de uma fábrica de peças íntimas em Caruaru. Integrante do Polo de Confecção do Agreste, sua empresa ajustou equipamentos e hoje opera com capacidade de produção que chega a 15 mil máscaras por dia. Em um mês, mais de 200 mil unidades foram feitas.
“Tivemos que parar com as nossas atividades por conta do distanciamento social e do fechamento do comércio. No início de abril, começamos a produzir máscaras descartáveis, produzidas em TNT. O mercado tem uma necessidade muito grande dessas máscaras e nós precisamos trabalhar. Então, com o trabalho de alguns funcionários, estamos fabricando essas máscaras”, explica Sales. 
“As máscaras deixaram de ser uma questão de apenas manter o funcionamento da empresa. Realmente, hoje, temos um lucro com isso. Agora estamos começando a produzir a de tecido, que é lavável. Nós temos outras sete empresas terceirizadas que estão nos ajudando na produção desse material. Isso está gerando emprego para mais 20 ou 30 pessoas”, celebra o empresário.

Doação de máscaras 

Para garantir que os profissionais de saúde estejam protegidos enquanto trabalham na luta contra o coronavírus, a FIEPE doou, no fim de abril, 6,5 mil protetores faciais do tipo face shield a hospitais públicos e privados sem fins lucrativos do Recife. 
As máscaras, consideradas essenciais para médicos e enfermeiros que atendem pacientes com covid-19, foram produzidas pelo SENAI, com a participação de empresas e a utilização de recursos arrecadados por meio da campanha “Pelos Heróis da Saúde”. A primeira remessa foi destinada ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) (2,5 mil), Hospital Agamenon Magalhães (2,5 mil), Hospital de Câncer de Pernambuco (1 mil) e Hospital da Restauração (500).



Marquezan Araújo

Marquezan é formado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), atuou como âncora de jornal radiofônico e locutor de programa musical. Passou por estágios na Agência Brasil e na Rádio Nacional, da EBC. Repórter da Agência do Rádio desde 2016, acompanha as movimentações do Legislativo no Congresso Nacional.

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