terça-feira, 19 de maio de 2020

Ceará recebe mais de R$ 41 milhões para obras hídricas na Região Metropolitana de Fortaleza

Verba liberada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional será essencial para conclusão do primeiro trecho do Cinturão das Águas do Ceará (CAC)

Divulgação

O ministério do Desenvolvimento Regional liberou mais R$ 41 milhões para as obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), projeto que está em andamento desde 2013 e tem como objetivo levar as águas do Rio São Francisco para diversas bacias hidrográficas do estado, um dos que mais sofrem no país com a falta de água.
O recurso liberado é destinado à conclusão do primeiro trecho do Cinturão, com previsão de entrega no segundo semestre deste ano, o que já vai proporcionar o crescimento da oferta hídrica e ajudar na economia do interior de algumas regiões.
No projeto inicial, o cinturão teria mais de mil quilômetros para levar água a praticamente todas as cabeceiras das bacias hidrográficas do Ceará, alimentando quase todos os grandes açudes do estado. Agora, ele terá um trecho principal que será entregue em 2022 e alimentará uma rede que se espalhará pelo Ceará, chamada de Malha D’Água, infraestrutura que promete fazer a interligação de 34 bacias em todas as regiões, já alimentadas com as águas do São Francisco.
Segundo Yuri Castro, superintendente da Sohidra, vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará, a adução das águas do Rio São Francisco será direcionada a uma barragem no município de Jati para, então, cair no cinturão e resolver um dos maiores problemas da região.
“O estado do Ceará é deficiente em água. Cerca de 85% do nosso território é semiárido, que tem deficiência natural hídrica. Então, a vasão do São Francisco, essa água, vai dar uma garantia ao abastecimento humano de praticamente 70% da população do estado.”
O primeiro trecho de obras do cinturão tem aproximadamente 145 quilômetros de extensão e está orçado em R$ 2,08 bilhões. A obra deve levar a água até a Bacia do Rio Jaguaribe, integrada à região metropolitana de Fortaleza, e, posteriormente, ao Açude Castanhão.

Lotes
 
O primeiro trecho do cinturão já recebeu repasses de R$ 1,1 bilhão e foi dividido em cinco lotes. O repasse de R$ 41 milhões vai ajudar a finalizar os dois primeiros, que têm as obras 95% concluídas, e dar continuidade aos lotes 3 e 4. A conclusão dos dois primeiros, referentes a 53 quilômetros de extensão, o que deve ocorrer ainda este ano, já vai permitir aduzir a água do São Francisco ao Riacho Seco, que está interligado ao Jaguaribe por meio de mais dois afluentes. 
Além da água para as regiões, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, destacou a importância das obras para a economia neste tempo de pandemia.
“O Cinturão das Águas do Ceará é um empreendimento vital à segurança hídrica para a população de Fortaleza e de cidades próximas. Além disso, estamos fomentando a manutenção de empregos e contribuindo com a economia local, sobretudo nesse momento de pandemia causada pela Covid-19. É o compromisso do Governo Federal com o povo do Nordeste”, destaca o ministro.
Yuri Castro conta que a obra já teve mais de 1200 empregados diretamente quando os cinco lotes do primeiro trecho estavam em obra, mas a continuidade do projeto deve oferecer, pelo menos, metade desse número em vagas.
“Esperamos poder empregar 650 a 700 profissionais na região, ainda este ano. Como é um local carente de obras, é um bom número de empregos”, lembra o superintendente.


Diversas finalidades
 
Fernando Lopes, doutor em engenharia agrícola e professor da Universidade Federal do Ceará, é filho de agricultores no interior do Ceará e cresceu observando as dificuldades da falta de água. Para ele, as obras do Cinturão de Águas do Ceará e da Malha D’Água não vão resolver todos os problemas, mas vão ajudar a sanar dificuldades de vários setores como o industrial, o agropecuário e o de uso doméstico.
“Essa oferta de água que vamos ter é importante porque na medida em que a gente tem mais água destinada para o uso doméstico, uma maior quantidade vai ficar disponível para os demais usos, tanto para consumo animal como também para a indústria e produção de alimento, que é uma questão extremamente importante”, destacou o professor.
Segundo Fernando, a ideia dos dois projetos é alcançar as 12 regiões hidrográficas do estado. O cinturão rodearia o Ceará, por isso o nome, com um canal de mais de mil quilômetros, mas estudos de viabilidade recente mudaram os planos e observaram no projeto Malha D’Água a solução. Serão mais de 600 quilômetros de dutos subterrâneos ligados ao trecho 1 do CAC, que vão abastecer satisfatoriamente as 34 maiores estações de tratamento de água do Ceará. Depois que tudo estiver pronto, os municípios não precisarão depender apenas dessas estações, mas sim da adutora principal, que receberá uma vasão de 30 metros cúbicos por segundo de água do Rio São Francisco.


Luciano Marques

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