A execução orçamentária da União para ações de enfrentamento à
pandemia ocasionada pelo novo coronavírus já soma mais de R$ 404 bilhões
em 2020. Para um melhor acompanhamento de todos os recursos, os
destinos e a disponibilização dos mesmos, a Câmara dos Deputados criou
uma página na internet para pesquisar e elaborar relatórios. A pesquisa
pode ser feita de quatro formas: Despesas Sintéticas, Despesas Gerais,
Despesas Gerais por Órgão, Despesas de Medidas Provisórias. Até o
momento, da verba autorizada mais de R$ 135 bilhões já foram pagos.
O maior montante até o momento foi direcionado ao Auxílio Emergencial
de R$ 600 reais aos trabalhadores informais. Segundo o levantamento da
Câmara dos Deputados, as Medidas Provisórias 937, 956 e 970 geraram uma
dotação de R$ 152,6 bilhões, dos quais já foram pagos R$ 77 bilhões.
Diante da pandemia e do distanciamento social, muitos perderam seus
meios de conseguir o sustento, assim, o Auxílio Emergencial foi criado
para ajudar famílias de baixa renda cadastradas no Bolsa Família e no
Cadastro Único, além dos desempregados (sem seguro-desemprego) e dos
trabalhadores informais, como microempreendedores individuais (MEIs) e
contribuintes individuais da Previdência Social.
Os relatórios do raio-x criado pela Câmara dos Deputados são
dinâmicos, ou seja, refletem a evolução das informações orçamentárias
atualizadas nas bases de dados da Casa, conforme as liberações dos
recursos. Na última atualização, feita dia 5 de junho, por exemplo, o
auxílio financeiro a estados e municípios dotava em R$ 60,2 bilhões para
enfrentamento à Covid-19. São quatro parcelas, mas nenhuma foi paga
ainda.
William Baghdassarian, professor de Finanças do Ibmec Brasília,
explica que as medidas do Governo Federal são obrigatórias neste momento
de crise momentânea, uma vez que a pandemia poderia desorganizar toda a
economia e causar estragos mais duradouros. William compara a economia a
uma bicicleta, ou seja, uma engrenagem que precisa estar sempre rodando
para não cair. Uma loja, por exemplo, precisa vender um mínimo de
produtos para manter os empregos. Se ela vende mais, acaba contratando
outros funcionários e a economia cresce com isso, já que os novos
funcionários vão receber seus salários e injetar esses recursos no
mercado. O que o governo está fazendo é garantir que essa roda continue
girando para que a bicicleta não caia.
“O governo entendeu com a crise, houve uma interrupção da bicicleta.
As pessoas pararam de pedalar, porque as empresas tiveram suas
atividades interrompidas, muita gente ficou desempregada, aquele
profissional liberal que não tinha outra ocupação parou também e a
bicicleta perdeu impulso. O governo entendeu, então, que essa crise é
tão fora do normal que não adianta simplesmente dar auxílios mais
simples, como baixar juros ou estimular um setor ou outro. A crise é de
uma magnitude tão grande que o governo tem de ajudar a bicicleta a pegar
impulso. E ele fez isso com uma série de medidas, entre elas o auxílio
emergencial.”
Manutenção de Emprego e Renda
Desde o começo da pandemia da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro
editou 20 medidas provisórias que abrem crédito extraordinário ao
Orçamento Geral da União. Outra ação expressiva autorizada pelo Governo
Federal é o pagamento de um Benefício Emergencial para a Manutenção do
Emprego e da Renda, BEm (MP 935/2020). De acordo com o levantamento da
Câmara, dos R$ 51,64 bilhões prometidos, R$ 9,8 bilhões foram
efetivamente pagos.
O BEm é destinado a trabalhadores que formalizaram acordo com os seus
empregadores, durante o período da pandemia, para suspensão do contrato
de trabalho ou redução proporcional de jornada de trabalho e de
salário. Os acordos são firmados entre empregador e empregado e são
informados ao Ministério da Economia, que avalia as condições de
elegibilidade e encaminha os pagamentos para serem processados na CAIXA
ou no Banco do Brasil.
Linha de Crédito para Folha Salarial
Uma importante medida provisória para mitigar os efeitos econômicos
da pandemia e preservar empregos foi a 943. Ela abriu uma linha de
crédito de R$ 34 bilhões para o pagamento da folha salarial de empresas,
que durante o distanciamento social perderam renda e fluxo de caixa, o
que poderia render em demissões em massa. O Poder Executivo desembolsou a
metade disso até o momento: R$ 17 bilhões.
Emergência de Saúde Pública
Segundo o levantamento, 15 medidas provisórias este ano (921, 924,
929, 940, 941, 942, 947, 953, 957, 962, 965, 967, 969, 970 e 976)
destinaram recursos para ações específicas de enfrentamento da
emergência de saúde pública decretada. O dinheiro é direcionado a compra
de insumos hospitalares, equipamentos de proteção individual, testes de
detecção do novo coronavírus, capacitação de agentes de saúde e oferta
de leitos de unidade de terapia intensiva.
Até o dia 5 de junho, dos R$ 44.8 bilhões autorizados para esse fim, foram gastos R$ 12,3 bilhões.
Até o dia 5 de junho, dos R$ 44.8 bilhões autorizados para esse fim, foram gastos R$ 12,3 bilhões.
Perda de estados e municípios
O Governo Federal também tomou medidas para mitigar as perdas de
estados, o Distrito Federal e estados. A Medida Provisória 939 permite
transferências aos entes no montante de R$ 16 bilhões para compensar a
queda nos valores repassados pelos fundos de participação, formados por
parte da arrecadação federal (IR e IPI).
Embora os repasses dos respectivos Fundos de Participação estejam previstos na casa dos R$ 16 bilhões, apenas pouco menos de R$ 2 bilhões foi pago, o equivalente a 12,3%. Para cobrir as despesas decorrentes dessa iniciativa, a Secretaria de Orçamento Federal reforçou as fontes de recursos com mais recursos oriundos do superávit financeiro do Banco Central e de operações oficiais de crédito de médio e longo prazo. O superávit financeiro integra o caixa único do Tesouro e em geral é usado para quitar dívida.
Embora os repasses dos respectivos Fundos de Participação estejam previstos na casa dos R$ 16 bilhões, apenas pouco menos de R$ 2 bilhões foi pago, o equivalente a 12,3%. Para cobrir as despesas decorrentes dessa iniciativa, a Secretaria de Orçamento Federal reforçou as fontes de recursos com mais recursos oriundos do superávit financeiro do Banco Central e de operações oficiais de crédito de médio e longo prazo. O superávit financeiro integra o caixa único do Tesouro e em geral é usado para quitar dívida.
Apoio às micro, pequenas e médias empresas
Além da linha de crédito de R$ 34 bilhões para o pagamento da folha
salarial de empresas durante o distanciamento social, o Ministério da
Economia anunciou medidas para que micro, pequenas e médias empresas
pudessem garantir fluxo de caixa. A primeira destinou aporte de recursos
do Tesouro Nacional, no valor de R$ 15,9 bilhões, concedido por meio do
Fundo Garantidor de Operações (FGO), para viabilizar o acesso a crédito
para as micro e pequenas empresas por meio do Pronampe.
A medida provisória mais recente foi a 977. Assim, a União está
autorizada a aumentar em até R$ 20 bilhões, em quatro parcelas de R$ 5
bilhões, sua participação no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI),
administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Neste caso, a iniciativa é destinada a negócios com faturamento
anual entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões em 2019. Ao contrário do
Pronampe, nada deste valor ainda foi pago.
Segundo o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, os quase R$ 35
bilhões destinados a ajudar quem mais emprega no Brasil é apenas o
primeiro passo para mitigar a crise imposta pela pandemia. Segundo ele,
os setores continuarão sendo ajudados à medida que o Governo Federal
continuar promovendo ações de enfrentamento à Covid-19.
“Acreditamos que com esse alívio de caixa das empresas na ordem de R$
35 bilhões, estaremos dando um primeiro passo importante no apoio à
crise. Todos os setores que estão na carteira de crédito do BNDES estão
sendo beneficiados, seja turismo, bares e restaurantes, saúde,
construção, estão todos sendo beneficiados”, ressaltou.
Ajuda ao turismo
Um dos setores que mais sofreram perdas com o distanciamento social
em todo o mundo, por conta da pandemia da Covid-19, foi o turismo. Para
assegurar os empregos na área, o Poder Executivo abriu uma linha de
crédito de R$ 5 bilhões para beneficiar empresas do setor com a Medida
Provisória 963.
De acordo com o levantamento da execução orçamentária da União feita
pela Câmara dos Deputados, no entanto, apenas R$ 300 milhões foram pagos
da linha de crédito destinada ao turismo nacional.
A ferramenta de transparência pode ser acessada no Site de Execução Orçamentária, onde é possível fazer pesquisa livre. Também é possível acessar um Quadro Sintético com
um raio-x das ações, que mostra, entre outros dados, os valores
destinados de cada auxílio para o enfrentamento da emergência de saúde
pública.
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