PL 1917/15, em análise na Câmara dos Deputados, pretende aumentar a concorrência no setor e baixar os preços da conta de luz
A
portabilidade no setor de telefonia, em 2007, deu ao consumidor o
direito de escolher sua operadora de telefone. A mudança abriu o
mercado, trouxe preços mais competitivos e, no fim da linha, o
consumidor aprendeu a mudar de empresa para pagar mais barato. A mesma
ideia é discutida na Câmara dos Deputados, mas com o foco voltado para o
setor da energia elétrica. O PL 1917/15 sugere a abertura do mercado de
energia no país, com o objetivo de reduzir as tarifas para os
brasileiros.
Segundo o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), o assunto precisa ser
encarado com seriedade. O parlamentar afirmou que o mercado da energia
elétrica no país é “um problema e se tornou uma bomba-relógio.”
“Precisamos trabalhar com energia alternativa, com outras fontes e abrir
o mercado, assim como estamos abrindo o do gás e do petróleo”, opina.
Kim Kataguiri, deputado pelo DEM de São Paulo, afirmou que também é
favorável ao projeto, no entanto, ele ressalta que é preciso definir em
que velocidade e em qual magnitude serão feitas as mudanças, para que
não haja prejuízo para o consumidor do chamado “mercado cativo”. “É
justamente a maior preocupação. Vamos estudar em que medida conseguimos
abrir o mercado e para que tipo de consumidor conseguimos abri-lo, sem
penalizar na tarifa aquele que não tem condições de entrar no mercado”,
justificou.
O consumidor cativo citado por Kataguiri é aquele que compra a
energia das concessionárias de distribuição às quais estão ligados. Cada
unidade consumidora paga apenas uma fatura de energia por mês,
incluindo o serviço de distribuição e a geração da energia.
Transição
O projeto propõe a abertura total do mercado de energia elétrica a
partir de 2022. Outro ponto de destaque se refere ao aprimoramento do
processo de formação do preço da energia elétrica, para que se tenha
maior transparência, estabilidade e previsibilidade, elementos que
diminuiria os riscos inerentes à comercialização de energia elétrica.
Para o deputado Enéias Reis (PSL-MG), o país não pode mais esperar
para ampliar o mercado de energia, já que a medida tem impacto direto no
bolso do consumidor. “Vai totalmente ao encontro daquilo que o governo
federal prometeu, de proporcionar um mercado totalmente liberal para a
população brasileira. Eu acho mais do que justo alguém que consome
qualquer tipo de produto poder escolher de onde ele quer comprar e fazer
o uso da melhor maneira”, defendeu.
A liberdade de escolha do fornecedor de energia elétrica foi apresentada ao Brasil em 1995, mas restrita aos grandes consumidores, com carga igual ou superior a 3.000 kW e atendimento em tensão igual ou superior a 69 kV.
A liberdade de escolha do fornecedor de energia elétrica foi apresentada ao Brasil em 1995, mas restrita aos grandes consumidores, com carga igual ou superior a 3.000 kW e atendimento em tensão igual ou superior a 69 kV.
Segundo a advogada especialista em mercado de energia elétrica
Juliana Raffo, o projeto abre a chance de o consumidor comum também ter o
poder de escolha. “Um aspecto muito positivo nesse cenário permitir que
as distribuidoras não precisem investir tanto na compra. Vão investir
naquilo que é a distribuição mesmo”, avalia.
Ainda segundo Juliana, a maioria da população está insatisfeita com o
valor cobrado nas tarifas de energia. Hoje, compete apenas à Agência
Nacional de Energia Elétrica - ANEEL definir as tarifas de uso dos
sistemas de transmissão e distribuição. “Ao todo, 80% da população
entende que paga valor alto e gostaria de ter acesso a outras opções.
Com essa alteração, o mercado livre da energia trará maior
competitividade ao setor. Esse movimento visa a valorização do
consumidor”, destaca.
O projeto de lei está em discussão em comissão especial da Câmara dos
Deputados aguardando parecer da relatoria, nas mãos do deputado Edio
Lopes do PL de Roraima.

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