Senador Chico Rodrigues defende menos tributos; deputada Joenia Wapichana sugere repasse extra de verba a cidades que mais preservem o meio ambiente
Por
conta do coronavírus, a comissão mista especial que analisa a reforma
tributária no Congresso Nacional paralisou, por tempo indeterminado, as
discussões do texto que atualizará o modelo de cobrança de impostos no
Brasil. A informação foi confirmada pela assessoria da liderança da
Maioria da Câmara dos Deputados.
Na avaliação do vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues
(DEM-RR), o debate sobre o tema deve ser restabelecido assim que a
pandemia estiver sob controle e não houver riscos à saúde de
parlamentares e funcionários do Legislativo. Para o parlamentar, o
sistema tributário deve ser simplificado a ponto de deixar claro à
população o que cada um paga de imposto.
“A reforma tributária vai ser votada ainda este ano e vai ter a
compreensão dos congressistas. Essa reforma vai enxugar e desidratar
essa quantidade enorme de impostos que só atrapalha a vida do cidadão,
além de dificultar a arrecadação de tributos no Brasil”, afirma.

Membro da comissão mista que analisa a reforma tributária, a deputada
federal Joenia Wapichana (REDE-RR) entende que o Parlamento precisar
atender a “necessidades específicas” das regiões com menor capacidade de
receber investimentos e preservar os instrumentos de desenvolvimento
regional.
Além disso, a parlamentar sugere, por meio de uma emenda à PEC
45/2019, o repasse de 0,5% do recurso total arrecadado com o Imposto
sobre Bens e Serviços, tributo que será criado a partir da reforma
tributária, aos municípios que tenham “unidades de conservação, terras
indígenas, investimento em serviço de esgotamento sanitário e de coleta e
reciclagem de resíduos sólidos e tenham implementado medidas para
redução da emissão de carbono”.
Segundo Wapichana, o objetivo da medida, batizada de IBS sustentável,
é premiar financeiramente as cidades que garantam o desenvolvimento
sustentável.
“Nós fizemos várias propostas em relação à sustentabilidade e também da própria Zona Franca de Manaus, não retirando [benefícios] da região Norte, da Amazônia. Isso tudo é para darmos uma resposta para os que aguardam um equilíbrio nessa reforma”, defende.
“Nós fizemos várias propostas em relação à sustentabilidade e também da própria Zona Franca de Manaus, não retirando [benefícios] da região Norte, da Amazônia. Isso tudo é para darmos uma resposta para os que aguardam um equilíbrio nessa reforma”, defende.
Unificação de impostos
A principal medida comum dos textos de reforma tributária é a
unificação da cobrança de impostos sobre bens e serviços nos estados,
municípios e governo federal, e, em contrapartida, a criação do IBS e do
Imposto Seletivo (IS).
As propostas modernizam ainda o sistema de arrecadação tributária com
a adoção de procedimentos digitais e reformulam a dinâmica dos impostos
cumulativos que, atualmente, são cobrados durante as etapas de produção
das mercadorias. Esse formato é o principal alvo de críticas do setor
produtivo.
A fórmula de arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) também deve ser revista pelos parlamentares da comissão
mista da reforma tributária. A princípio, a ideia de deputados e
senadores é agregar essa tributação ao IBS, com alíquota padronizada em
todos os entes da federação, com parte do valor flexível e sob
competência dos estados, como prevê o texto da PEC 45/2019.
Além disso, a cobrança do imposto estadual deve ter a dinâmica
invertida. No modelo atual, o ICMS é cobrado no estado onde o produto é
fabricado. Com a criação do IBS, o tributo passa a ser retido no destino
da mercadoria. A tática pode contribuir para diminuir a “guerra fiscal”
e tornar a concorrência mais justa entre as unidades da Federação.
“A matéria está madura. Existe uma compreensão dos entes federados
sobre a necessidade de reformar o sistema tributário que, da forma que
está, é caro para o país”, afirmou o relator da reforma tributária,
deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
A expectativa inicial do relator era de que o parecer fosse
apresentado na comissão no fim de abril, mas isso deve ser protelado
diante da paralisação parcial das atividades no Congresso.
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