O infectologista do Instituto Emílio Ribas, de São Paulo, Francisco Ivanildo, é o entrevistado desta edição do Agência Entrevista. Ele desmistifica notícias falsas, as Fake News, que circulam nas redes sociais
A
cada semana, enquanto o Ministério da Saúde atualiza o números de casos
confirmados de infecção por coronavirus no Brasil, as redes sociais e
os grupos de conversas dos smartphones, como WhatsApp e Telegram, são
tomados por informações falsas que estão gerando desinformação entre a
população sobre as formas de contágio e prevenção ao COVID-19. Em busca
de esclarecimentos, o Agência Entrevista conversou com o infectologista
do Instituto Emílio Ribas, de São Paulo, Dr. Francisco Ivanildo. Ele
explicou as formas de contágio e deu dicas de prevenção ao coronavírus,
além de desmistificar as informações falsas que circulam na internet.
Confira.
Doutor Francisco, muito obrigado
por nos atender. E, para começar, eu gostaria de saber o que é o
coronavírus: e como ele pode nos afetar?
“O coronavírus, na verdade, não é um
vírus novo. A gente já conhece essa família de vírus já há mais de 50
anos. E, antes do aparecimento desse novo coronavírus, que começou a
circular a partir do final do ano passado, a gente já tinha conhecimento
de pelo menos seis outros tipos de coronavírus que, em algum momento,
já tinham causado doenças em humanos. Quatro desses tipos são
coronavírus que habitualmente causam doenças bastante leves, como o
resfriado comum, e que circulam no mundo inteiro, de uma forma que a
gente chama de sazonal. E dois outros, que em anos anteriores, já tinham
provocado epidemias: o coronavírus que causou a SARS, que é a sigla em
inglês para a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que aconteceu entre
2003 e 2004; e o coronavírus responsável pela MERS, que é a Síndrome
Respiratória do Oriente Médio”.
Dr. Francisco, você mencionou as
epidemias da SARS e da MERS, de 2003 e 2012, e eu queria perguntar como
essas outras experiências, com o alastramento de doenças decorrentes de
coronavírus, prepararam as autoridades para enfrentar o COVID-19?
“Todos nós aprendemos muito com as
epidemias anteriores do coronavírus [a SARS e a MERS], mas existem
algumas diferenças bastante marcantes entre esse vírus atual e os vírus
que causou essas epidemias anteriores. Nas epidemias anteriores, o vírus
tinha a capacidade de transmissão menor do que a desse coronavírus
atual. Quer dizer, esse coronavírus é mais contagioso, é mais facilmente
transmitido de uma pessoa para outra. Porém, ele é muito menos
agressivo, causa uma mortalidade muito menor”.
Doutor, dentro desse assunto, o
senhor comentou que a grande maioria dos casos não são graves. A gente
também viu, segundo alguns dados da OMS, que a gripe comum tem mais
casos graves do que o coronavírus, até então. Dá pra dizer que esse
alarme seria porque é um vírus novo?
“Em alguns grupos específicos, essa
mortalidade pode ser mais alta. Principalmente nos pacientes mais idosos
e, especificamente, nos pacientes acima dos 80 anos de idade. Quando a
gente considera o conjunto das pessoas atingidas, o risco de
hospitalização e a gravidade da doença não são muito diferentes da
influenza [gripe comum]”.
Um dos vídeos que tem circulado
nas redes sociais é de um homem que se intitula autodidata no estudo da
química, e ele afirma, categoricamente, que o álcool em gel não previne
contra o coronavírus – que não mata germes, bactérias e vírus – como é
pior ainda do que se você não usasse? Isso é verdade?
“É um vídeo que tá disseminado de
norte a sul do Brasil, mas é absolutamente falso. Ele deve ser
absolutamente desconsiderado. Existem evidências, mais do que
comprovadas e unânimes, da eficácia dos produtos à base de álcool para a
higienização das mãos e sua efetividade, não só contra o coronavírus,
mas contra outros vírus e bactérias. A própria Organização Mundial da
Saúde (OMS) já, há muitos anos, recomenda a utilização dos produtos à
base de álcool para a higiene das mãos dos profissionais de saúde. Essa
pessoa faz uma série de afirmações falsas nesse vídeo em relação à
concentração do álcool, em relação à composição do produto... Então, o
que a gente recomenda, em relação à higienização das mãos, é: lavagem
das mãos com água e sabão ou higienização com álcool em gel, caso não
exista disponibilidade no local da água e o sabão”.
Em caso de dúvidas sobre as formas de contágio e prevenção ao coronavírus acesse saúde.gov.br/coronavirus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário